Brizola Neto
Coloco aí em cima o programa de ontem à noite de Dilma, para quem não pôde assistir. Bom, muito melhor que o primeiro, entrando diretamente no assunto da comparação entre os governos Lula/Dilma e FHC/Serra. Ressalto, para que, se alguém da campanha estiver lendo, uma frase usada na primeira apresentação: “futuro incerto”, algo que representa uma linha de comunicação a ser trabalhada com atenção, porque tem um significado muito forte para todos aqueles que viveram a incerteza das crises após crises que marcaram, especialmente, o segundo mandato de Fernando Henrique.Um reparo, apenas, lembrando Joãosinho Trinta: cuidado com os tremos “rico” e “pobre”. Até porque não descrevem bem, porque a classe média – cada vez maior – não se sente “pobre”. É muito melhor usar “povo” e “elite”, conceitua muito mais adequadamente e inclui a classse média ao lado do povão.
Mas , se o programa foi bom, a meu ver, ainda não tocou nos dois pontos essenciais, talvez por persistirem os pudores do “politicamente correto”.
O primeiro é ser muito claro quanto aos riscos de venderem, de novo, tudo o que o país construiu e conquistou. Se privatizarem a Caixa, tchau habitação popular, adeus financiamento para baixa e média renda…Se retormarem a política do Governo FHC, a do Brasil de “roda-presa”, adeus empregos, adeus aumentos do salário mínimo, adeus segurança do trabalhador de poder investir no futuro.
Isso é claro e convincente, porque é verdadeiro. As pessoas sabem que tucano só promete emprego e salário em véspera de eleição, porque o governo deles foi desemprego e arrocho nos salários dos trabalhadores e servidores públicos e nos proventos dos aposentados.
Falta deixar claro que Serra é privatizador, e que há interesses poderosíssimos de olho no tesouro do pré-sal, que vai ser retalhado e vendido em postas para os grandes grupos. Como com Alckmin, não cola eles jurarem de pés juntos que não vão vender, porque todo o seu passado é de vendilhões, de entreguistas, de privatizadores e, nele, Serra teve papel de destaque como um dos mentores e executores, como Ministro do Planejamento – é, ele não foi só da Saúde, não – de Fernando Henrique na fase mais aguda das privatizações.
Mas falta, sinceramente, no programa, algo essencial. É Lula, direto, incisivo, claro. Não como entrevistador, mas como interlocutor direto da população. É ele, mais que ninguém, que detém a credibilidade popular e tem condições de dizer ao povo brasileiro:
- Se você acha que a gente melhorou o Brasil, se a vida hoje tem mais esperança, se a sua família está podendo ganhar um pouco mais, comer um pouco mais e sonhar muito, muito mais, então tem de votar na Dilma. A Dilma eu garanto a vocês, é quem vi continuar este caminho. Agora, se você votar no Serra, está votando na volta ao passado, ao Brasil sem emprego, sem crédito, sem progresso e que vendia tudo o que tinha para pagar os agiotas da especulação, para mandar toda a nossa riqueza para fora.
Simples, direto e verdadeiro assim, que é como o nosso povo entende e gosta de ouvir seus líderes falarem.
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