O texto abaixo de Marcos Coimbra é uma bofetada na cara de jornalistas tucanos, intelectuais tucanos e políticos tucanos. É um texto claro, objetivo e direto. Não se utiliza das entrelinhas para apresentar uma questão fundamental: não há ninguém tão dependente da opinião do jornalista tucano quanto o político tucano.
Já se dizia entre outras fontes aqui da blogosfera de que o PSDB é um partido com mídia e eu acrescento: Organizações Globo, Folha, Veja, Estadão são próceres da mídia com partido.
A verdade, é que neste embate político-partidário a cegueira toma conta da alma. E a mídia brasileira, neste momento, está contaminada até a alma pelo embate político, principalmente pelo desespero da derrota. E não vai ser uma derrota qualquer, vai ser uma derrota grande e vergonhosa.
Certamente, as eleições de 2010, com baixarias e jogos sujos, principalmente da Rede Globo, Folha, Veja, servirão de estudos de casos, no entanto tenho pouco esperança que os futuros jornalistas possam aprender com estes fatos do presente, porque aqui parece que alguns jornalistas perderam a vergonha e dignidade, se é que tiveram um dia.
Você não percebe na cara dos jornalistas tucanos nem um pouco de vergonha, ou de escrúpulos. Tudo vale e é vale tudo para derrotar o lulo-petismo.
Veja a bofetada que dá Marcos Coimbra nos jornalistas tucanos que estão presos aos seus dógmas e aos seus senhores feudais. Feudais, por representam estruturas políticas de idéias carcomidas. O PT e o próprio Lula, a despeito dos erros, mudaram, aprenderam que o importante é melhorar a vida do povo.
Penso que não existe melhor marketing, propaganda eleitoral, do que a satisfação das pessoas. E neste momento, o povo brasileiro, em sua maioria, irá votar na Dilma porque seu país está melhor e suas vidas melhroram. E com Dilma sabem que vai melhorar mais ainda. O voto não é só do presente, é um voto apostando no Brasil e na continuidade das políticas públicas do governo Lula que deram certas.
Os jornalistas tucanos
por Marcos Coimbra - Carta Capital
Quando, no futuro, for escrita a crônica das eleições de 2010, procurando entender o desfecho que hoje parece mais provável, um capítulo terá de ser dedicado ao papel que nelas tiveram os jornalistas tucanos.
Foram muitas as causas que concorreram para provocar o resultado destas eleições. Algumas são internas aos partidos oposicionistas, suas lideranças, seu estilo de fazer política. É bem possível que se saíssem melhor se tivessem se renovado, mudado de comportamento. Se tivessem permitido que novos quadros assumissem o lugar dos antigos.
Por motivos difíceis de entender, as oposições aceitaram que sua velha elite determinasse o caminho que seguiriam na sucessão de Lula. Ao fazê-lo, concordaram em continuar com a cara que tinham em 2002, mostrando-se ao País como algo que permanecera no mesmo lugar, enquanto tudo mudara. A sociedade era outra, a economia tinha ficado diferente, o mundo estava modificado. Lula e o PT haviam se transformado. Só o que se mantinha intocada era a oposição brasileira: as mesmas pessoas, o mesmo discurso, o mesmo ar perplexo de quem não entende por que não está no poder.
Em nenhum momento isso ficou tão claro quanto na opção de conceder a José Serra uma espécie de direito natural à candidatura presidencial (e todo o tempo do mundo para que confirmasse se a desejava). Depois, para que resolvesse quando começaria a fazer campanha. Não se discutiu o que era melhor para os partidos, seus militantes, as pessoas que concordam com eles na sociedade. Deram-lhe um cheque em branco e deixaram a decisão em suas mãos, tornando-a uma questão de foro íntimo: ser ou não ser (candidato)?
Mas, por mais que as oposições tivessem sido capazes de se renovar, por mais que houvessem conseguido se libertar de lideranças ultrapassadas, a principal causa do resultado que devemos ter é externa. Seu adversário se mostrou tão superior que lhes deu um passeio.
Olhando-a da perspectiva de hoje, a habilidade de Lula na montagem do quadro eleitoral de 2010 só pode ser admirada. Fez tudo certo de seu lado e conseguiu antecipar com competência o que seus oponentes fariam. Ele se parece com um personagem de histórias infantis: construiu uma armadilha e conduziu os ingênuos carneirinhos (que continuavam a se achar muito espertos) a cair nela.
Se tivesse feito, nos últimos anos, um governo apenas sofrível, sua destreza já seria suficiente para colocá-lo em vantagem. Com o respaldo de um governo quase unanimemente aprovado, com indicadores de performance muito superiores aos de seus antecessores, a chance de que fizesse sua sucessora sempre foi altíssima, ainda que as oposições viessem com o que tinham de melhor.
Entre os erros que elas cometeram e os acertos de Lula, muito se explica do que vamos ter em 3 de outubro. Mas há uma parte da explicação que merece destaque: o quanto os jornalistas tucanos contribuíram para que isso ocorresse.
Foram eles que mais estimularam a noção de que Serra era o verdadeiro nome das oposições para disputar com Dilma Rousseff. Não apenas os jornalistas profissionais, mas também os intelectuais que os jornais recrutam para dar mais “amplitude” às suas análises e cobertura.
Não há ninguém tão dependente da opinião do jornalista tucano quanto o político tucano. Parece que acorda de manhã ansioso para saber o que colunistas e comentaristas tucanos (ou que, simplesmente, não gostam de Lula e do governo) escreveram. Sabe-se lá o motivo, os tucanos da política acham que os tucanos da imprensa são ótimos analistas. São, provavelmente, os únicos que acham isso.
Enquanto os bons políticos tucanos (especialmente os mais jovens) viam com clareza o abismo se abrir à sua frente, essa turma empurrava as oposições ladeira abaixo. Do alto de sua incapacidade de entender o eleitor, ela supunha que Serra estava fadado à vitória.
Quem acompanhou a cobertura que a “grande imprensa” fez destas eleições viu, do fim de 2009 até agora, uma sucessão de análises erradas, hipóteses furadas, teses sem pé nem cabeça. Todas inventadas para justificar o “favoritismo” de Serra, que só existia no desejo de quem as elaborava.
Se não fossem tão ineptas, essas pessoas poderiam, talvez, ter impulsionado as oposições na direção de projetos menos equivocados. Se não fossem tão arrogantes, teriam, quem sabe, poupado seus amigos políticos do fracasso quase inevitável que os espera.
Marcos Coimbra
Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense
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