A palavra de ordem da greve dos jornalistas de São Paulo em 1979 - "não compre jornais, minta você mesmo" - nunca foi tão atual, como revelam os ataques virulentos da mídia patronal contra o presidente Lula, seu partido - o PT - e a candidata das forças de esquerda à Presidência da República, Dilma Rousseff.
O último ato desse confronto ocorreu ontem (dia 22) num local que é uma importante referência da memória democrática paulistana, o Largo de São Francisco. Foi ali que a mídia patronal e a intelectualidade tucana, ex-ministros de Fernando Henrique Cardoso e políticos do PSDB ou que gravitam em torno desta agremiação, encenaram um chamado "Se liga, Brasil", onde foi lido um "Manifesto em Defesa da Democracia", que o jornal O Estado de S. Paulo teve o mau gosto de comparar à "Carta aos Brasileiros", lida no mesmo local, em 1977, pelo jurista Gofredo da Silva Teles e que foi peça fundamental na luta contra a ditadura de 1964.
Pela participação (o evento mobilizou a escassa massa "perfumada" sensível aos disparates da mídia e dos tucanos) e pelo teor do documento lido, o encontro realizado no Largo de São Francisco está mais para comício tucano do que para um ato público da importância histórica daquele capitaneado, há 33 anos, por Gofredo da Silva Teles.
Seu caráter político eleitoral ficou ainda mais nítido depois que o ombudsman do Diretório Acadêmico da Faculdade de São Paulo, Renato Ribeiro, declarou que o evento não teve o "apoio de alunos, nem de outros grupos” e pediu uma “ampla reflexão sobre quem são os protagonistas desse debate", que "não foi um ato legítimo da sociedade", disse.
Há uma articulação direitista em curso e o alvo é a candidata Dilma Rousseff. Essa articulação transparece na sequência de atos que se realizam sob a bandeira da tropega "democracia" das elites, reunindo conservadores de todos os matizes para acalentar o sonho do golpe contra a democracia. Este filme é quase tão velho quanto a República brasileira; já foi exibido inúmeras vezes e volta agora nesta eleição em que a direita claudica. Os mesmos "democratas" do Se liga, Brasil, reuniram-se (dia 23) no Rio de Janeiro, num local de escassa memória democrática e abundantes recordações golpistas - o Clube Militar - para brandir a mesma bandeira puída da "democracia ameaçada".
Não há ameaça à democracia, à Constituição ou a qualquer direito democrático, entre eles a liberdade de expressão, no Brasil do presidente Lula. A direita não confessa, mas esconde, que a ameaça real que existe é contra seu arcaico monopólio do poder e contra a manutenção de carcomidos privilégios que, em três eleições consecutivas (2002, 2006 e agora, 2010) o povo derrotou, avançando no rumo da consolidação de uma democracia que tenha no protagonismo popular seu principal pilar.
Há dois projetos políticos em confronto no país desde o final da ditadura militar. Um deles pretende apenas uma democracia formal, conservadora, de direitos restritos, que preserve o mesmo núcleo do poder que sempre mandou no país desde o início da República e cujo eixo hoje é constituído pela aliança conservadora entre PSDB, DEM e PPS e as agremiações ligadas a ele. O outro quer aprofundar a democracia e o protagonismo das massas; assegurar emprego, renda e condições dignas de vida para todo o povo; afirmar a soberania nacional; garantir a liberdade de expressão para o conjunto da sociedade e suas organizações, e não apenas para um restrito grupo de monopolistas da mídia.
Esta luta tornou-se aguda quando Lula conquistou a Presidência da República em 2002. E se aprofundou na medida em que o projeto democrático que ele representa ganhou a adesão das massas, que – nestes oito anos – deram um passo gigantesco em seu aprendizado político e democrático, sacudindo as cangas históricas que a oligarquia lhe impunha e começando a tomar decisões a partir de juízos próprios, e não postiços.
Daí a ira da mídia patronal e da direita quando Lula recorda que não precisamos de formadores de opinião “porque a opinião pública somos nós”. Esta é a "falta de compostura" que a direita aponta no presidente: lembrar ao povo que deve pensar com sua própria cabeça, fugindo a orientações interesseiras da direita e de seus porta-vozes!
A concepção restrita da democracia característica da direita fica chocada quando um presidente de origem popular, como Lula, rompe com a tradicional e elitista liturgia majestática de seu cargo e comporta-se como o que ele é, um dos mais notáveis líderes políticos do período republicano, só comparável em prestígio popular e expressão do sentimento nacional a Getúlio Vargas e Luiz Carlos Prestes.
A direita não perdoa a informalidade do presidente e clama pelo "decoro do cargo" ao ver rompida a tradicional barreira que mantinha o povo longe e bestializado e protegia justamente o monopólio do poder pelos mandões tradicionais. A elite não percebe, não pode perceber, que este comportamento faz parte justamente do aprendizado democrático mais legítimo, aquele que coloca o mandatário como um servidor do povo, e não como um semi-deus sacralizado e distante que merece veneração e obediência.
A ira conservadora cresce ainda mais quando, fugindo à hipócrita neutralidade do cargo (que, na verdade, os conservadores nunca exerceram quando estiveram na Presidência da República) o presidente comporta-se como cidadão, militante e dirigente político das massas, e se envolve na campanha de sua candidata, vai para o combate político, manifesta ideias e preferências. A democracia de verdade exige o contato direto e franco com as massas, e não o refúgio dos gabinetes refrigerados e distantes. E é esta democracia que vai se consolidando no Brasil, queiram os conservadores ou não.
Mais do que o PSDB e seus decadentes satélites, o grande partido da direita brasileira é a mídia patronal. Sempre foi: esteve no centro das campanhas contra Floriano Peixoto, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart, Ulysses Guimarães (quem não se lembra da campanha vexatória contra o Cidadão Diretas no final da década de 1980?) e agora contra Lula e Dilma.
Um simples passar de olhos nos jornalões, revistas semanais ou no noticiário de tevê revela o panfleto conservador e vulgar em que a mídia se transformou, acentuado no período eleitoral. Agindo como um partido político - e não como o "neutro" meio de informação que alega ser - a mídia tem alguns objetivos. Um é forçar, a todo custo, um segundo turno na eleição presidencial para evitar o vexame de uma derrota logo no dia 3 de outubro. Outro é juntar acusações para, no futuro, havendo clima para isso, alegar a falta de legitimidade de uma quase certa presidenta Dilma e tentar ganhar no tapetão, afastando-a da presidência. Em qualquer lugar do mundo isso tem o mesmo nome: golpe.
Mas não vai prosperar. A democracia se consolida no Brasil, a experiência política das massas se aprofunda, as forças mais avançadas da nação estão empenhadas em construir um país rico, soberano e justo. O Brasil assiste hoje aos estertores de um sistema de poder secular e cuja superação é necessária para o avanço democrático. Num Brasil de democracia mais profunda não há lugar para a direita golpista que se disfarça sob a bandeira da "democracia ameaçada" para defender privilégios e prerrogativas que o tempo não autoriza mais. Editorial Vermelho.
O último ato desse confronto ocorreu ontem (dia 22) num local que é uma importante referência da memória democrática paulistana, o Largo de São Francisco. Foi ali que a mídia patronal e a intelectualidade tucana, ex-ministros de Fernando Henrique Cardoso e políticos do PSDB ou que gravitam em torno desta agremiação, encenaram um chamado "Se liga, Brasil", onde foi lido um "Manifesto em Defesa da Democracia", que o jornal O Estado de S. Paulo teve o mau gosto de comparar à "Carta aos Brasileiros", lida no mesmo local, em 1977, pelo jurista Gofredo da Silva Teles e que foi peça fundamental na luta contra a ditadura de 1964.
Pela participação (o evento mobilizou a escassa massa "perfumada" sensível aos disparates da mídia e dos tucanos) e pelo teor do documento lido, o encontro realizado no Largo de São Francisco está mais para comício tucano do que para um ato público da importância histórica daquele capitaneado, há 33 anos, por Gofredo da Silva Teles.
Seu caráter político eleitoral ficou ainda mais nítido depois que o ombudsman do Diretório Acadêmico da Faculdade de São Paulo, Renato Ribeiro, declarou que o evento não teve o "apoio de alunos, nem de outros grupos” e pediu uma “ampla reflexão sobre quem são os protagonistas desse debate", que "não foi um ato legítimo da sociedade", disse.
Há uma articulação direitista em curso e o alvo é a candidata Dilma Rousseff. Essa articulação transparece na sequência de atos que se realizam sob a bandeira da tropega "democracia" das elites, reunindo conservadores de todos os matizes para acalentar o sonho do golpe contra a democracia. Este filme é quase tão velho quanto a República brasileira; já foi exibido inúmeras vezes e volta agora nesta eleição em que a direita claudica. Os mesmos "democratas" do Se liga, Brasil, reuniram-se (dia 23) no Rio de Janeiro, num local de escassa memória democrática e abundantes recordações golpistas - o Clube Militar - para brandir a mesma bandeira puída da "democracia ameaçada".
Não há ameaça à democracia, à Constituição ou a qualquer direito democrático, entre eles a liberdade de expressão, no Brasil do presidente Lula. A direita não confessa, mas esconde, que a ameaça real que existe é contra seu arcaico monopólio do poder e contra a manutenção de carcomidos privilégios que, em três eleições consecutivas (2002, 2006 e agora, 2010) o povo derrotou, avançando no rumo da consolidação de uma democracia que tenha no protagonismo popular seu principal pilar.
Há dois projetos políticos em confronto no país desde o final da ditadura militar. Um deles pretende apenas uma democracia formal, conservadora, de direitos restritos, que preserve o mesmo núcleo do poder que sempre mandou no país desde o início da República e cujo eixo hoje é constituído pela aliança conservadora entre PSDB, DEM e PPS e as agremiações ligadas a ele. O outro quer aprofundar a democracia e o protagonismo das massas; assegurar emprego, renda e condições dignas de vida para todo o povo; afirmar a soberania nacional; garantir a liberdade de expressão para o conjunto da sociedade e suas organizações, e não apenas para um restrito grupo de monopolistas da mídia.
Esta luta tornou-se aguda quando Lula conquistou a Presidência da República em 2002. E se aprofundou na medida em que o projeto democrático que ele representa ganhou a adesão das massas, que – nestes oito anos – deram um passo gigantesco em seu aprendizado político e democrático, sacudindo as cangas históricas que a oligarquia lhe impunha e começando a tomar decisões a partir de juízos próprios, e não postiços.
Daí a ira da mídia patronal e da direita quando Lula recorda que não precisamos de formadores de opinião “porque a opinião pública somos nós”. Esta é a "falta de compostura" que a direita aponta no presidente: lembrar ao povo que deve pensar com sua própria cabeça, fugindo a orientações interesseiras da direita e de seus porta-vozes!
A concepção restrita da democracia característica da direita fica chocada quando um presidente de origem popular, como Lula, rompe com a tradicional e elitista liturgia majestática de seu cargo e comporta-se como o que ele é, um dos mais notáveis líderes políticos do período republicano, só comparável em prestígio popular e expressão do sentimento nacional a Getúlio Vargas e Luiz Carlos Prestes.
A direita não perdoa a informalidade do presidente e clama pelo "decoro do cargo" ao ver rompida a tradicional barreira que mantinha o povo longe e bestializado e protegia justamente o monopólio do poder pelos mandões tradicionais. A elite não percebe, não pode perceber, que este comportamento faz parte justamente do aprendizado democrático mais legítimo, aquele que coloca o mandatário como um servidor do povo, e não como um semi-deus sacralizado e distante que merece veneração e obediência.
A ira conservadora cresce ainda mais quando, fugindo à hipócrita neutralidade do cargo (que, na verdade, os conservadores nunca exerceram quando estiveram na Presidência da República) o presidente comporta-se como cidadão, militante e dirigente político das massas, e se envolve na campanha de sua candidata, vai para o combate político, manifesta ideias e preferências. A democracia de verdade exige o contato direto e franco com as massas, e não o refúgio dos gabinetes refrigerados e distantes. E é esta democracia que vai se consolidando no Brasil, queiram os conservadores ou não.
Mais do que o PSDB e seus decadentes satélites, o grande partido da direita brasileira é a mídia patronal. Sempre foi: esteve no centro das campanhas contra Floriano Peixoto, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart, Ulysses Guimarães (quem não se lembra da campanha vexatória contra o Cidadão Diretas no final da década de 1980?) e agora contra Lula e Dilma.
Um simples passar de olhos nos jornalões, revistas semanais ou no noticiário de tevê revela o panfleto conservador e vulgar em que a mídia se transformou, acentuado no período eleitoral. Agindo como um partido político - e não como o "neutro" meio de informação que alega ser - a mídia tem alguns objetivos. Um é forçar, a todo custo, um segundo turno na eleição presidencial para evitar o vexame de uma derrota logo no dia 3 de outubro. Outro é juntar acusações para, no futuro, havendo clima para isso, alegar a falta de legitimidade de uma quase certa presidenta Dilma e tentar ganhar no tapetão, afastando-a da presidência. Em qualquer lugar do mundo isso tem o mesmo nome: golpe.
Mas não vai prosperar. A democracia se consolida no Brasil, a experiência política das massas se aprofunda, as forças mais avançadas da nação estão empenhadas em construir um país rico, soberano e justo. O Brasil assiste hoje aos estertores de um sistema de poder secular e cuja superação é necessária para o avanço democrático. Num Brasil de democracia mais profunda não há lugar para a direita golpista que se disfarça sob a bandeira da "democracia ameaçada" para defender privilégios e prerrogativas que o tempo não autoriza mais. Editorial Vermelho.
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