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sábado, 6 de fevereiro de 2010

A direita mordeu a isca.

A doutrina zumbi

A “acusação” que José Serra e seus jornais, tevês, revistas, rádios e portais de internet estão difundindo contra a versão preliminar do programa de governo do PT a ser apresentado na próxima campanha eleitoral à Presidência da República deixa ver como o mundo mudou nos últimos anos, mas, sobretudo, do ano passado para cá.

Segundo nota do jornal do PSDB “O Estado de São Paulo” publicada na internet, “No documento intitulado ‘A grande transformação’ – a ser apresentado no 4.º Congresso do PT, de 18 a 20 deste mês, em Brasília – , o partido prega maior presença do Estado na economia e o fortalecimento das estatais e dos bancos públicos para fornecimento de crédito ao setor produtivo”.

Para que se possa dimensionar a amplitude do claro processo de mudança de paradigmas políticos e ideológicos que o mundo vive, basta lembrar o que aconteceu durante a campanha eleitoral de 2002, quando o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva teve que apresentar uma “carta ao povo brasileiro”, documento que continha virtual profissão de fé no neoliberalismo.

Seria impensável, àquela época, um partido ou um candidato pregarem “maior presença do Estado na economia”. Por mera suspeita do “Mercado” de que Lula pretenderia colocar o país nos trilhos do “comunismo”, houve fuga de capitais estrangeiros, o dólar foi a quatro reais e o risco-país subiu a mais de 2.400 pontos, sendo que hoje não chega dez por cento disso.

Não é de estranhar, porém, que o partido da pré-candidata Dilma Rousseff ouse tanto agora. Devido ao cataclismo econômico que eclodiu no fim de 2008, e devido ao sucesso do governo Lula na economia em meio a essa crise descomunal, agora todo mundo quer ser de esquerda.

O documento petista recém-divulgado serviu para desmascarar os porta-vozes do governador José Serra na mídia, que têm tentado vender a teoria maluca de que o tucano também seria “de esquerda”. Eles estão tendo um surto por conta desse documento, bem como a oposição tucano-pefelista.

Abaixo, algumas manifestações da direita sobre o pré-programa de governo do PT:

"O velho PT está tomando fôlego, está se rearticulando com todos os seus ranços e propostas"

João Almeida ( PSDB - BA)

"É um programa jurássico, que compromete o Brasil para o futuro. O que a Dilma propõe no Brasil nem na China existe"

Paulo Bornhausen (PSDB-SC)

Do ponto de vista eleitoral, esse programa do PT se parece com o da Venezuela"

Arthur Virgílio (PSDB-AM).

"Onde a presença do Estado é muito forte, o capital se inibe. O PT está na contramão do mundo desenvolvido"

José Agripino Maia (DEM-RN).

A direita mordeu a isca. Nos últimos tempos, o PSDB passou a alegar que ele próprio e Serra seriam mais de esquerda do que Lula, Dilma e o PT. De fato, atualmente ser de esquerda virou in, sobretudo depois que o neoliberalismo mostrou quanto mal é capaz de causar e depois que os países-sede dessa doutrina tiveram que chamar o Estado para consertar as burradas do mercado.

Finalmente, o Terceiro Mundo – onde um Estado forte é questão de sobrevivência para centenas de milhões de seres humanos – poderá adotar nova doutrina econômica, uma doutrina humanista, oposta à da direita, ao neoliberalismo, que aprofundou a miséria, a desigualdade e a injustiça sobretudo nos países mais pobres.

O PT demonstra que pretende marcar bem as diferenças entre a sua ideologia e a do PSDB, revelando assim à sociedade que a doutrina econômica da direita não passa de uma doutrina-zumbi, que, apesar de morta, recusa-se a ser enterrada, teimando em vagar por jornais decrépitos em busca de que a ressuscitem.

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