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sexta-feira, 13 de março de 2009

Plano B do PIG.

Caríssimos, a análise abaixo do Nassif é muito lúcida e nos mostra que a ficha deste grande jornalista que considerava Serra um grande gestor caiu. E caiu mais cedo que imaginava.
O Serra não tem luz própria, depende da Folha, da Globo, da Veja para atacar o governo de um lado, de outro apresentá-lo como o grande salvador da pátria. Na verdade ele é uma grande mentira.
Agora leitores, não se iludam, o plano B do PIG é Aécio e este pode aparecer nestas eleições da mesma forma como o Collor em 1989.
Se montar a chapa PMDB, DEM, PSDB E PPS e outros adesistas de última hora vai dar trabalho, mas ainda sim, creio que Dilma vença no primeiro turno.

Vamos a análise de Nassif que está abaixo.

Enquanto o Globo transforma desejos em fatos, os fatos conspiram contra os desejos da sua direção - e o jornal ignora.

No Estadão de hoje, duas notícias sobre a sucessão:
1. O PMDB de Minas Gerais aclamou Aécio Neves e quer que seja o candidato do partido a 2010.
2. O DEM, através de Rodrigo Maia, ameaça desembarcar da canoa de Serra.
Clique aqui.
Sem negar que já apoiou abertamente Serra, o presidente nacional do DEM, ˜deputado Rodrigo Maia (RJ), recuou. “A realidade que eu tinha naquele momento era uma, a que eu tenho hoje é outra. O governador Aécio Neves é de fato candidato a presidente da República”, afirmou, negando ter simplesmente mudado de ideia. “Não é que eu mudei de ideia, quem mudou de ideia foi o Aécio.”
Alguma surpresa? Só para quem analisa o jogo político como torcedor.
Assim como na economia, há uma defasagem entre os eventos políticos e as consequências. Assim como na economia, os movimentos de opinião pública são como ondas. Determinados candidatos sobem, atingem o seu pico, não tem consistência, seus fundamentos não são considerados sólidos, e entra-se na curva descendente. A arte da política - e do jornalismo - consiste em prever esses movimentos. Serra, que sempre teve muitas virtudes, sempre foi um amador para esse tipo de análise. E não existem partidos como melhor ˜feeling” para esses movimentos que o PMDB e, principalmente, o DEM.
Os erros fatais
Serra começou a cavar o buraco em que se meteu muito antes, quando emergiu das eleições para governador. Esperava-se que surgisse o estadista - que durante os anos 90 era apenas uma promessa - com visão desenvolvimentista, amplo trânsito em círculos de centro-esquerda de diversos partidos, movimentos sociais.
O que se viu foi um político sem rumo, quase um dependente emocional sendo conduzido pela mão pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Não faltaram alertas que FHC não representava mais nada, que era como um chupim que se agarra ao tronco da árvore. Não adiantou. Seja pela dependência emocional, seja pelo fato de FHC ter-lhe legado o apoio da mídia - especialmente da Editora Abril e O Globo (a Folha foi uma conquista pessoal de Serra e os Frias lhe serão eternamente gratos, como são até hoje ao ex-presidente Sarney) - o governador mudou. Tornou-se o alter ego de FHC.
Indecisões crônicas
À medida que não tinha mais o álibi de não ter vôo próprio - afinal, agora era o governador do maior estado brasileiro - tornaram-se mais explícitas duas características negativas.
A primeira, a da indecisão, do receio de entrar em divididas, de expor suas idéias e desagradar novos e antigos aliados. O intelectual corajoso, na política não passa de um formulador inibido. Não teve coragem de criticar o modelo econômico quando as coisas pareciam estar a favor do mercadismo. Era o momento de ter-se firmado corajosamente, para colher os frutos quando a crise chegasse. Amarelou, ficou com receio de tirar o discurso de seus aliados - Lucia Hipólito, Jabor, Mirian, Veja. Os bravos passam anos atacando qualquer ação próativa do Estado e, agora, o seu campeão resolve dizer o que pensa, que a ação de Estado não pode ser vista com esse dogmatismo superficial?
A segunda, da truculência. Enquanto Serra tentava passar a imagem do político equilibrado, pronto a colaborar com outros poderes, a tropa de choque de Serra expunha-se de maneira totalmente imprudente, jogando o governador no centro da maior roubada política dos últimos dez anos: a conspiração contra a Operação Satiagraha, conduzida pelo inspetor Roberto “Clouseau” Civita e seu exército de trapalhões.
Com isso, holofotes em cheio sobre Marcelo Itagyba, trazendo de volta as informações sobre suas ligações com Serra na época do Lunus e na montagem da operação - uma armação da Polícia Federal com a TV Globo de Ali Kamel.
Quem são os atores convocados para as tramas da Veja? Itagyba, Jungman, Jarbas, todos homens de Serra. Quem ataca os adversários de Serra com as baixarias mais expressivas da história da grande imprensa brasileira? Mauro Chaves, homem de confiança de Serra (um episódio baixo apenas). Reinaldo Azevedo, de confiança de Serra.
Intelectuais, pensadores, progressistas que poderiam estar junto com Serra só se manifestam quando provocados pelos jornais. Antes Serra tinha um exército pequeno e apaixonado por suas ideias. Sobrou o que? Um bando de iludidos que constatou que as tais idéias eram apenas para consumo interno e para tertúlias com as macarronadas de Gianotti.
Os conflitos
Some-se a isso o fato de não ter conseguido administrar conflitos básicos e fundamentais, como a greve da Polícia Civil e da USP. Além de ter confirmado as lendas que o cercavam, de permanentemente pedir cabeça de jornalistas.
Reforçou a marca política da truculência e não conseguiu definir uma marca como gestor. Pergunte a qualquer pessoa - do motorista de táxi ao intelectual - qual a marca do governo Serra e ninguém saberá.
Havia o Serra que defendia os recursos públicos com unhas e dentes. Foi substituído pelo Serra que despeja publicidade da Sabesp em rede nacional e inunda horários nobres, como os do Jornal Nacional, com propagandas de trens. Ou o Serra que celebra inúmeros contratos com a Editora Abril, em troca de apoio.
Próximos passos
O jogo está apenas começando. Quem tem intuição para perceber os rumos do vento já percebeu que, nos próximos meses, Serra desce aceleradamente; Aécio sobe. E agora? Um novo caso Lunus?
Se o movimento tornar-se muito forte, a mídia poderá embarcar na candidatura Aécio. O ponto central da grande mídia será apoiar um candidato que iniba, através de leis e regulamentos, a entrada de novos competidores em um mercado cartelizado. Quem é o homem de Aécio no PMDB? O homem da mídia: Hélio Costa.
Não se surpreenda se Aécio tornar-se a grande esperança branca da mídia e do DEM.
Será a disputa do desenvolvimentismo e da gestão.

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