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domingo, 1 de março de 2009

Mr. Gates e Mr. da Silva

Caríssimos, reproduzo abaixo para conhecimentos de todos o texto Mr. Gates e Mr. Da Silva. Um texto de 2002, mas muito atual pela questão da discussão sobre o uso do sofware livre. Só para ter uma idéia o Banco do Brasil fez uma economia de oito milhões trocando o Office pelo BrOffice.




E depois a mídia diz que o governo Lula é uma continuação do governo DEMO-TUCANO. Por que pagar pelo pacote Office se você tem um similar livre - BrOffice com custo zero? Loucura dos DEMOS-TUCANOS, ou porque eles gostam de fazer farrra e favores com o dinheiro público?
VAMOS À LEITURA DO TEXTO Mr. Gates e Mr. Da Silva
artigo publicado na lista Dicas-L da UNICAMP


"A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência mexeu com os nervos da empresa que está no cerne da revoulção tecnológica:a Microsoft. O Brasil é um dos maiores mercados sendo explorados pelacompanhia fundada por Bill Gates no final dos anos 70 mas, ao longo dosúltimos anos, o PT vem se comprometendo com um projeto de tecnologialigado ao software livre - antítese do que representa a Microsoft. Estaopção está marcada a tinta no programa do próximo governo federale vem sendo executada por quase todos os governos importantes do PT,incluindo-se aí o Rio Grande do Sul, Campinas, Belo Horizonte e, agora,São Paulo.O primeiro gesto público de aproximação veio ainda na última semana dacampanha de Lula, quando levados pelo senador petista eleito CristóvamBuarque, representantes de Gates fizeram ao então candidato um conviteformal para conhecê-lo. Esta reunião, que incluiria outros altosexecutivos de empresas de tecnologia como HP e Sun Microsystems, podeacontecer ainda antes da posse.O convite não ficou sem resposta. O grupo petista ligado ao software livreestá organizando uma reunião paralela. Se Lula encontrar Gates, deveráencontrar, também nos EUA, gente como Richard Stallmann, presidenteda Fundação do Software Livre e Linus Torvalds, criador do Linux. Aidéia é mostrar que Lula conversa com todos mas não tem compromisso comninguém em particular. Se este encontro for no Instituto de Tecnologia deMassachussets, onde Stallmann mantém seu escritório, estarão presentestambém meia dúzia de homens que podem colocar em seus currículos apaternidade da Internet. Serão pesos pesados de ambos os lados.Vai ser uma dura mudança para a Microsoft. A estatística que circulapelo Congresso Nacional é que, dado o volume da pirataria de softwareno Brasil, o governo representa 80% dos lucros da empresa no país. Vemsendo uma relação complicada e monopolista. A Microsoft permite aapenas uma empresa, a TBA de Brasília, as vendas para o governo,impedindo qualquer licitação por seus produtos. O software livre é,neste sentido, um competidor árduo, já que sai virtualmente de graça. Oque custa é o treinamento. A experiência dos últimos meses do Serpro,ligado ao Ministério da Fazenda, parece indicar que este treino, parao usuário típico, nem é tanto assim.Embora em seu discurso oficial a empresa que fabrica o Windows banquehorror à pirataria, na prática, desde sua fundação, a relação tem sidodiferente. Ela é discretamente estimulada. No início, usuários sãoincentivados a usar os produtos ao máximo até criar o hábito. Então,quando a base instalada ganha o vulto de milhões, como vem acontecendo noBrasil nos últimos anos, campanhas contra pirataria, que incluem pesadasmultas contra empresas que podem levá-las ao fechamento, são movidas. Oobjetivo é transformar o monopólio adquirido em lucro. Daí a distorçãoem ter no governo seu maior cliente.Virada estratégicaNo último mês, a Microsoft fez uma mudança radical de rumos em suaestratégia mundial. Colocou o Linux, e com ele todo o movimento dosoftware livre, como inimigo primordial. A mudança foi representada porum email enviado pessoalmente por Bill Gates a todos os funcionários daempresa - na última vez que isso aconteceu, em meados da década de 1990,Gates cobrava de todos como compromisso prioritário com a Internet.Nesta nova mensagem, o presidente da Microsoft informou a todos que aempresa precisava lidar com a questão da segurança. Seus softwares nuncaforam seguros. Têm falhas mil no código que permitem a rápida infecção porvírus ou intrusão de hackers. Se isso, no entanto, nunca havia servidode obstáculo, nos últimos dois, três anos, após prejuízos monumentais,muitas empresas têm-se voltado para o padrão Linux.Segundo Gates, entre incluir uma novidade num software e corrigirum problema, passa-se a priorizar a solução do problema. É umamudança radical de cultura. Parte da estratégia da empresa foi sempreproduzir novas versões de seus programas, todas com muitas novidades,permitindo-lhe vender um Word novo para quem já comprou a toda hora. Isso,mesmo que nada das novidades viessem a ser usadas por muita gente.Em um ou dois anos, isso quer dizer que os softwares da Microsoftserão melhores - mas não resolve o problema de hoje, nem muitos dosoutros de amanhã. Aí entra a crescente diplomacia à qual a empresatem-se dedicado. Depois que no governo democrata de Bill Clinton viu-sequase condenada à cisão, por conta de práticas que, entendeu na época aJustiça norte-americana, violavam a legislação anti-truste daquele país,a empresa passou a investir nos relacionamentos com os governos.Por conta, seu presidente mundial, Steve Ballmer, vem visitando países eencontrando-se com governantes. Esteve com o presidente Fernando Henriqueem 2001. Além disto, em abril último convidou políticos proeminentes detodo o mundo para uma grande conferência de líderes mundiais em Seattlea fim de discutir o uso da tecnologia nos governos. Entre os agraciadoscom o convite estava Cristóvam.O uso na educação=================O ex-governador do Distrito Federal esteve a sós com Ballmerna época, quando conversaram a respeito do uso de tecnologia paraeducação. Cristóvam saiu bem impressionado do encontro. Ele, que é um dosmais importantes nomes do PT na área da educação, é pai do projeto BolsaEscola que foi encampado pelo governo FH. Seu nome, junto com o do físicocarioca Luiz Pinguelli Rosa, é um dos mais cotados para assumir o MEC.A relação de informática com educação vem sendo pesadamente questionadanas últimas semanas, após um estudo israelense indicar que o computadorna sala de aula às vezes até distrai o aluno do real ensino. Há que selevar em conta, no entanto, a crucial diferença entre Israel - e porconseqüência a Europa, onde o estudo está sendo levado a sério - como Brasil. Lá, as crianças têm computador em casa. Daí volta à tona umdos mais importantes projetos que se viram frustrados na administraçãodo ministro Paulo Renato: o do FUST, que pretende levar computadores atodas as escolas públicas do país.Na época, no segundo semestre de 2001, o MEC decidiu que os computadoresdeveriam rodar, todos, o Windows da Microsoft. O projeto terminou alvo deuma investigação por parte do Ministério Público, dado que se as máquinasrodassem Linux, poderiam ser compradas em dobro. Os deputados federaisWalter Pinheiro (PT-BA) e Sergio Miranda (PCdoB-MG) terminaram poraprovar uma emenda que forçava, também e no mínimo, a instalação do Linux.Independentemente da óbvia vantagem do preço, a bancada do software livreno Congresso, que tem em seus líderes Pinheiro e Miranda, apresenta umargumento sólido mas de difícil compreensão: o código aberto. Quandoescrito, um programa é literalmente redigido numa linguagem e só nofim deste processo é que ele é transformado num executável, algo que amáquina compreenda. Esta primeira versão, compreensível por pessoas, nocaso dos softwares livres, é igualmente pública. No caso da Microsoft,não, ela é considerada informação privilegiada de domínio privado.Numa análise geral, isso quer dizer que um técnico nunca sabe exatamenteo que um programa da Microsoft faz. Ele pode - e o caso é real - enviarinformação a respeito do usuário para os computadores da empresa, nos EUA,sem que o mesmo usuário jamais desconfie. Um perigo quando se pensa numamáquina que lida com informações secretas do governo - e um dos motivosalegados por governos nos quatro cantos do mundo para adotar o Linux.Mas há uma questão mais sutil. Quando Bill Gates ainda era um meninomaravilhado com tecnologia, no início dos anos 1970, ele aprendeu a fazerseus pequenos milagres digitais usando um computador cedido gentilmentepor uma universidade. Neste computador, ele tinha acesso não apenas aosprogramas prontos, mas também aos esqueletos deles. Lendo o código escritopor outros para os computadores é que entendeu seus processos. JovensBill Gates aparecem em todas as classes sociais - dependem, apenas, de tera mesma oportunidade: acesso a computadores e ao código de seus programas.A alegação do MEC era, e continua sendo, que os sistemas da Microsoftsão o padrão do mercado. Alunos educados com seus sistemas, no entanto,aprendem no máximo a ser operadores de Excell ou PowerPoint - não têmmuito como fuçar as entranhas e descobrir seus segredos, quanto maiscondições de sonhar com vôos altos. O Brasil já cometeu este erro uma vez.Veja-se o exemplo da Índia. Enquanto aqui o país jogou no alto os impostosdos computadores, nos anos 80, para estimular a produção interna demáquinas, a Índia jogou para baixo. Taxou caro apenas o software. Oresultado foi uma legião de meninos brilhantes que hoje ocupam cargosentre os altos executivos de, sem exceção, todas as grandes empresas detecnologia. Incluindo a própria Microsoft.O encontro com Bill Gates=========================Não serão poucas as pressões que o presidente-eleito Lula vai enfrentarpara lidar com a chaga da exclusão digital, que ameaça, a cada turmaformada, mais uma geração de brasileiros. Aprende-se a lidar profundamentecom computador ainda criança, não depois. O Brasil precisará de todosos parceiros com os quais pode contar. E Bill Gates, não apenas atravésda Microsoft, mas também de sua Fundação, é um parceiro precioso.Lula confirma, apenas, sua viagem à Argentina. Mas dentro do PT já se lidaabertamente com a possibilidade de uma viagem aos EUA anterior à posse,para o encontro com o presidente George W. Bush. Além de um gesto de boavizinhança, é uma maneira discreta de reiterar que ele não é um ditadorcomo Fidel Castrou ou, a seu modo, Hugo Chávez.Aproveitar a passagem para visitar Gates e os outros líderes da indústriadigital, na análise do PT, produzirá boas fotos para o consumo interno deWall Street - distanciando-o da maneira como Castro, por exemplo, lida comInternet. O outro encontro, com os principais líderes do software livre,também não fará nada feio. Ambos formam um compromisso com tecnologiae reiteram o interesse do Brasil.E, se Cristóvam está ligado à Microsoft, Pinguelli comandou no governo deBenedita da Silva, no Rio, o início da mudança para o software livre. Omercado de capitais pode estar de olho em quem ocupará a Fazenda e oBC. O de tecnologia está louco para saber quem ficará com o MEC."

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