Filha dele representaria empreiteiras quando seu pai era diretor da Dersa no governo Serra
Tatiana Farah – O Globo
SÃO PAULO. Alvo do último debate, quando a candidata do PT, Dilma Rousseff, o acusou de ficar com R$ 4 milhões da campanha tucana, o engenheiro Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, é acusado agora pelo PT de tráfico de influência em sua gestão no governo de São Paulo, quando o governador era o candidato José Serra (PSDB). A bancada do PT na Assembleia Legislativa acusou a filha de Paulo Souza, a advogada Priscilla Arana de Souza Zahan, de representar empreiteiras que tinham negócios com a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário SA) quando seu pai era diretor da empresa pública, entre 2006 e este ano. Entre os negócios está o Rodoanel, uma das vitrines da campanha tucana.
Segundo documentos do TCU, Priscila é uma das advogadas constituídas no processo 011.868/2007-6, que analisou as contas da construção do Trecho Sul do Rodoanel. Feita em parceria com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), a obra da Dersa foi denunciada pela auditoria da Fiscobras 2007 de diversas irregularidades, entre elas sobrepreço e repasse de R$ 32 milhões do Ministério dos Transportes além do contrato inicial.
Priscila é advogada do escritório Edgar Leite Advogados Associados desde 2006, segundo a denúncia feita ontem. Paulo Souza foi diretor de dois setores na Dersa. Primeiro, assumiu a área de Relações Institucionais e, em 2007, foi nomeado diretor de Engenharia, sendo responsável pelo pagamento às construtoras e fiscalização das obras.
Ele deixou o governo seis dias depois da saída de José Serra para concorrer à Presidência.
Com cerca de 500 páginas de documentos, entre contratos e publicações do Diário Oficial e dos jornais, a bancada petista pede a abertura de um processo de improbidade administrativa contra Paulo Souza e Serra.
Paulo Souza, por meio de seu advogado, José Luiz de Oliveira Lima, negou que Priscila tenha trabalhado para a Dersa, mas não respondeu sobre a acusação de que ela trabalhe para as empreiteiras contratadas.
Para o advogado, não haveria “impedimento legal” para que a advogada atuasse em contratos com o governo.
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