Houve nas últimas semanas um duplo movimento, aparentemente contraditório, na disputa eleitoral que se trava no Brasil.
De um lado, nos Estados, a onda lulista só cresceu:
- na eleição para o Senado, a oposição deve sofrer uma derrota estrondosa (Cesar Maia, Artur Virgilio, Heráclito Fortes, Marco Maciel, Mão Santa e até Tasso Jereissati correm risco sério);
- o lulismo pode conquistar as duas vagas para o Senado no Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Piauí, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas… Enfim, uma vitória que mudará completamente a correlação de forças no Senado;
- a centro-esquerda pode eleger também quase 200 deputados para a Câmara – marca histórica; isso sem contar o PMDB;
- nas disputas pelos governos estaduais, também devem obter bons resultados os candidatos apoiados por Lula (incluindo uma possível virada de Osmar Dias no Paraná, uma provável vitória em primeiro turno de Tarso no Rio Grande do Sul e quem sabe a surpresa de Mercadante chegar ao segundo turno em São Paulo).
De outro lado, entretanto, Dilma recua nas pesquisas. Pelo tracking do Vox Populi, Dilma (que já chegou a ter 56%) recuou para 47% dos votos totais. Segundo o instituto, Dilma venceria a eleição em primeiro turno com 53% dos válidos contra 47% dos outros candidatos.
DataFolha e Ibope trazem números ainda menos favoráveis a Dilma – indicando probabilidade maior de segundo turno. Quem não briga com os fatos sabe que cresceu a possibilidade de um segundo turno.
Não adianta apenas dizer que o DataFolha é suspeito (e, realmente, trouxe resultados estranhos em mais de um momento ao longo da campanha). Dilma, de fato, recuou nas pesquisas (mesmo no Vox Populi) – apesarde ainda ter chance de liquidar a fatura nesse domingo.
O que explica que, diante da avalanche lulista nos Estados, Dilma tenha caído?
Na minha modesta opinião, a estratégia de desconstruir o PT (tentada pela mídia) não deu certo. O povão é PT, é Lula, e não abre! Até pelos resultados concretos na economia. Essa estratégia deu certo apenas em certos setores da classe média.
No entanto, uma outra estratégia parece ter sido eficaz: lançar dúvidas não sobre o PT, ou sobre o lulismo, mas sobre a candidata. Será que ela é confiável, será que é a favor do aborto, será que é contra a religião?
Como venho dizendo aqui, a bala de prata não foi uma só. Foram várias, e sua ação não foi imediata. No caso do terrorismo moral e religioso, a ação foi lenta e quase imperceptível. Mas é isso que explica a lenta queda de Dilma, enquanto o lulismo só prosperou.
Apesar de tudo isso, Dilma chega ao dia 3 com boa chance de liquidar logo a fatura.
Mas, se a eleição for a segundo turno, a tarefa imediata do lulismo será conter o sangramento causado por essa bala de prata “moral” – sabendo que outras virão, muitas outras.
A tênue trégua conseguida com a mídia (há informação segura de que um alto dirgente petista reuniu-se na terça-feira, no Rio, com a família Marinho, e acertou essa trégua pra última semana de campanha; reparem como o tom do noticiário mudou mesmo) pode se romper num eventual segundo turno.
A campanha voltará a ficar suja e sangrenta.
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