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domingo, 5 de abril de 2009
Os sistemas políticos e as políticas empresariais
Entre céticos e globalistas na discussão, o que é importante existir um projeto desenvolvimento de nação.
O final do século XX e início do século XXI apresentou grandes transformações do ponto de vista tecnológico, econômico e social que mexeu profundamente a sociedade nos mais diversos segmentos da sociedade mundial.
Destas transformações uma nova estrutura dominante emergiu a sociedade em rede que se comunica, que transmite informações velozmente, que faz negócios e num piscar de olhos transferem capitais transacionais para especular em países com taxas de juros elevadíssimas como o Brasil, que de certa forma segue o receituário do neoliberalismo com sua política de juros altos para captar investimentos estrangeiros.
É imperativo também destacar que esta sociedade em rede possibilita pelo avanço da tecnologia da informação e as telecomunicações criaram uma nova economia, a economia informacional global (globalização) e uma nova cultura da virtualidade real. Temos agora o comércio eletrônico e o impacto destas tecnologias transformaram as estruturas organizacionais e a forma de gerir as organizações. Neste contexto, surgiu o pensamento de organização que aprende em face desta economia global informacional.
Uma questão importante a se destacar é que a globalização tornou as organizações mais dependentes de informação. No entanto, os poderosos sistemas de informações não foram capazes de abastecer os administradores sobre a compra de títulos podres (hipotecas dos americanos) pelo sistema financeiro americano e internacional. Como isso foi possível em um mundo globalizado pela economia informacional?
Nesta linha de pensamento, nas organizações modernas os tomadores de decisão trabalham com dados, estes transformados em informação, esta que manipulada e resignificada para o processo decisório se transforma em conhecimento. E o conhecimento gera o poder de decisão, ou seja, o conhecimento possibilita ao administrador e às organizações definirem o papel de atuação no mercado, quando investir, quando recuar dentro da análise do macro ambiente de oportunidades e ameaças. No entanto, o conhecimento está preso em valores e em paradigmas e fatores psicológicos. Por exemplo, as montadoras não perceberam as oportunidades de um amplo mercado consumidor de automóveis no Brasil, mesmo diante da crise.
O que fizeram? Diminuíram a produção, deram férias coletivas e agora há uma fila de espera de sessenta dias para compra de carros, segundo o blog político-econômico de Luis Nassif. Prejuízo para o Brasil e para as subsidiárias. Isso demonstra que as organizações ainda não estão preparadas para atuar neste mundo globalizado, volátil, mutante e imprevisível, demando de administradores um maior poder de pensamento global, mas sem se esquecer das particularidades da economia local, isso porque enquanto as matrizes das montadoras americanas estão em situação pré-falimentar, suas marcas (subsidiárias) em países como o Brasil estão altas em vendas.
Voltando-se à analise da globalização, percebe-se pelas leituras que não há uma definição exata do que seja este processo de integração de mercado, mesmo porque é importante perceber o que está sendo globalizado. Entre tantas definições pode-se entender globalização como as transformações de ordem social, econômica e tecnológica possibilitaram, através das tecnologias da informação, a integração de mercados, criou-se o que alguns pensadores chamaram de Aldeia Global.
Nesta discussão sobre o que é globalização chama atenção as suas diversas facetas de atuação no mundo e nas sociedades, sejam desenvolvidas ou emergentes. O texto em análise – a globalização - não dá uma conceituação definitiva e que satisfaça plenamente o leitor, mas apresenta a discussão sobre as linhas de entendimento e atuação da globalização.
De um lado, os globalistas entendendo a globalização como um fenômeno de nosso tempo e muito significativo porque é um resultado dos avanços tecnológicos. De outro, não vou chamar de céticos, mas de críticos que percebem o viés ideológico e o pensamento hegemônico na globalização, calcado principalmente na derrocada do socialismo, o fortalecimento dos grandes conglomerados financeiros e principalmente no arrefecimento das idéias liberais (o neoliberalismo) que tomando uma nova roupagem e com sentimento de imperialismo, faz uma receita de bolo para que os países endividados seguissem a risca.
Aí nasce o Estado mínimo e o Brasil, como de resto dos países latinos americanos é orientado para ajustes fiscais rígidos, privatizações a toque de caixa, redução das políticas públicas. Além do mais, a atuação do capital especulativo, dançando ao sabor das crises que sacudiram os anos 90, levou à falência as economias de países como o México, Argentina e Brasil, para não citar outros, isso consubstanciado com outras idéias deste pensamento neoliberal, hegemônico e globalizado.
Importante então, entender que a globalização criou oportunidades para as empresas transnacionais se deslocarem para o mundo na busca de incentivos fiscais de governos (contraditório porque o Estado atua em benefícios destas empresas) e principalmente pela farta mão de obra barata e dessa forma puderam oferecer produtos de qualidades em qualquer parte do mundo.
O que é importante dizer e perceber é que a globalização é moeda de duas faces. O que é e o que não é globalizado? Quais os interesses nos mercados transnacionais, se por um lado as políticas protecionistas de americanos e europeus, com subsídios agrícolas, ferem os princípios de mercados livres? Querem mercados livres, mas são protecionistas e a linha cética (crítica) tem razão em apontar as ideologias deste pensamento, posto que são duas faces violentas de uma mesma moeda.
Enquanto as redes das tecnologias da informação derrubaram os muros do controle da informação e do conhecimento e a integração de mercados, os americanos constroem muros em suas fronteiras e criam uma política, até certo ponto odiosa, de migração. Os europeus vão na mesma cantilena e devolvem brasileiros ao Brasil sem nenhuma explicação.
Então, o que é globalização? Não têm razão os céticos quando fazem suas críticas sobre este processo integrador por um lado, mas desintegrador por outro? Os globalistas não têm razão, quando apelam para a valorização dos problemas ambientais locais como problemas globais, levando, também, em consideração a complexidade da vida social moderna?
Nesta perspectiva reflexiva concordo com o autor do texto em análise citando Held e McGrew (2001, p.80) que a globalização é um processo indeterminado, pão podendo sofrer avanços e retrocessos, dentro e em diferentes campos de atividades (comerciais), trazendo consigo tensões, como a cooperação e conflito, a integração e fragmentação, exclusão, convergência e divergência, ordem e desordem. No entanto, é forçoso reconhecer que as crises cíclicas do capitalismo, como neste momento da historia, reverberam-se mais catastróficas para os países mais pobres, porque estes têm menos recursos para oferecer e competir neste mundo globalizado.
Nesta linha de pensamento, não poderia deixar de concordar com o autor do texto em análise, embora as reflexões já estejam serpenteando cada parágrafo deste texto, de que existem profundas transformações no mundo e bem significativas, que afetam nossas vidas. Além do mais, é forçoso entender como o americano não pagou a hipoteca de sua escola (milhões de americanos fizeram a mesma coisa), tenha levado o mundo ao colapso financeiro, inclusive derrubando a produção industrial brasileira. Isso alterou o planejamento estratégico das organizações em curso e principalmente da vida das pessoas.
Não obstante, globalizaram o lucro fácil através do capital especulativo, das fábricas que se utilizam mão de obra infantil em alguns países do sudeste asiático, a desregulamentação da atuação do Estado nas economias de países pobres e dependentes por um lado. De outro, globalizaram apenas nos países periféricos um rastro de pobreza e miséria, levando-os a uma convulsão social como aconteceu na Argentina, por exemplo. Nesta ótica de pensamento, a globalização é etnocêntrica e hegemônica porque a cultura dos países desenvolvidos altera o modo de ser de povos, sua música e seus costumes, além inculcar nas pessoas que outra realidade não é possível de se construir. O mundo é este e assim deve ser.
Portanto, a despeito das discussões entre globalistas e céticos (críticos) vejo que cada país deve ter o seu projeto de desenvolvimento e de Nação, um projeto de desenvolvimento nacional que contemple os interesses de seu povo. A interdependência econômica não pode ser uma forma de dominação econômica sobre as nações menos desenvolvidas como de fato isso é realizado através do risco país, obrigando-as a aumentar a taxa de juros para o capital transnacional especulativo encher suas arcas insaciáveis. No entanto, a crise atual levou à falência os bancos americanos que faziam o cálculo do risco país para a banca do capital transnacional, o que não deixa de ser cômico para não ser trágico.
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