Carta Capital.
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira 1, em São Paulo, a candidata do PV, Marina Silva reiterou sua expectativa de avançar para o segundo turno nas eleições presidenciais. Ela destacou seu crescimento em algumas das capitais, sobretudo Rio de Janeiro e Brasília, e criticou seus dois principais concorrentes. Marina conclama abertamente por “um segundo turno entre duas mulheres”.
Porém uma pergunta impertinente está no ar: se houver segundo turno e Serra aparecer como adversário de Dilma, qual seria a posição do PV?
Marina e seus companheiros de viagem sempre se negaram a responder a esta pergunta, mas o presidente do PV, José Luiz Penna, caiu ontem em uma armadilha do repórter da Folha de S.Paulo e declarou diante da questão : “O que está em jogo é a nossa capacidade de influenciar o próximo governo. O PV não ficará neutro. A neutralidade seria uma forma de dar as costas ao processo democrático”. Ou seja, já adiantou que o PV deve apoiar um dos dois eventuais candidatos.
Essa posição – pelo menos antes das eleições – deve ter contrariado Marina, que reafirma sua confiança de estar no segundo turno e se recusa a fazer conjecturas a respeito de uma “onda verde” que leve Serra para o embate final. Seguramente, ela e a direção do PV já dormem há algum tempo com a possibilidade de enfrentar este dilema, mas “cada dia a sua agonia”, responder a ele não é tarefa do momento para os verdes.
A Folha de S.Paulo, porém, já tirou sua conclusão da afirmação de Penna, ao estampar como título da matéria de hoje: “Sem Marina, PV deve anunciar apoio a Serra”. Realidade ou desejo do editor do jornal?
Sou obrigado a responder que podem ser as duas coisas. A maioria da direção do PV é mais próxima do PSDB do que do PT. Além disso, é pública a participação do partido nos governos tucanos de São Paulo e Minas, a coligação de Gabeira no Rio, a “dobradinha” explícita de Fábio Feldmann com Geraldo Alckmin nos debates para o governo paulista. Para acrescentar, diz o Datafolha, 51% dos atuais eleitores de Marina afirmaram que votariam em Serra num eventual segundo turno e apenas 31% declararam preferir Dilma.
Mas seria essa a melhor saída para o PV? Já encontrei eleitores dos verdes a afirmar que prefeririam comemorar o bom resultado nas urnas e manter-se neutro neste embate. Um deles me disse: se o PV construiu sua campanha pregando uma “terceira via” porque as outras duas são iguais em suas virtudes e defeitos, como optar num confronto resumido a Serra e Dilma? O que um tem melhor que ou outro?
Já uma terceira hipótese, apoiar Dilma, não vi ainda quem ache possível.
O que pensa nosso leitor?
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