Conversei há pouco com o ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha sobre os rumos da campanha no segundo turno.
Ele está bastante tranqüilo com o resultado divulgado pelo Datafolha e acha que a partir do debate da Band de hoje a campanha entra em outra fase.
Lembra, aliás, que foi isso que aconteceu na eleição entre Lula e Alckmin em 2006.
“Naquele debate, Lula disse que a marca do governo dele era social, social, social e a do Alckmin privatizar, privatizar, privatizar.”
Ele considera que foi aquilo deu o tom da campanha no segundo turno.
Leia, na sequência, alguns trechos da entrevista com Padilha.
Qual a avaliação da campanha neste segundo turno?
A Dilma superou as expectativas dos vários atores políticos atingindo o mesmo patamar histórico de Lula em 2006, em torno de 47%. Com uma situação muito positiva, superando um preconceito de que o povo brasileiro não votaria em mulher. A maior parte do povo brasileiro votou em candidatas mulheres.
Também tivemos as várias vitórias no Senado e aumentamos nossa representação no Congresso como um todo. Ainda conseguimos reeleger muitos governadores e fomos para o segundo turno em muitos estados importantes, como Pará e Brasília.
É bom ter o segundo turno porque ele permite o debate sobre os dois projetos para o país. O segundo turno vai permitir o debate real sobre o Brasil. E é nesse momento que as coisas ficam claras. E a Dilma representa um lado. Neste segundo turno a Dilma representa todos os setores que querem um país mais justo. O nosso esforço no segundo turno é reunir todos os setores que são movidos por um país menos desigual. E isso que estamos fazendo e estamos atingindo nossos objetivos.
A militância da Dilma na internet está muito preocupada com o fato de os apoiadores do Serra terem conseguido pautar a campanha com esse debate de terrorismo e de aborto, o que está sendo feito pra mudar essa agenda?
Estou absolutamente convencido de que o centro da pauta vai ser qual deve ser o modelo de desenvolvimento do país. Porque na questão religiosa e do aborto, as posições do Serra é da Dilma são muito parecidas.
Esse é o momento da virada da campanha, que foi igual ao momento da campanha passada.
A mudança da pauta aconteceu no primeiro debate, quando o Lula falou que a marca do governo dele era social, social, social e a do Alckmin privatizar, privatizar, privatizar.
O candidato adversário do governo Lula não vai poder se desvencilhar de discutir o Brasil. E nós estamos mobilizando todos os aliados que se elegeram e os aliados do movimento social.
A sociedade civil que teve um diálogo permanente com o nosso governo vai ser um grande ator e vai construir um grande resultado para a Dilma nessas eleições.
O debate não vai ser monotemático, como querem nossos adversários. Temos posições diferentes. Ele fez uma forte defesa do modelo de privatização do governo FHC logo na sua primeira entrevista no segundo turno. E nós precisamos mostrar o que isso significa. O FHC aumentou a carga tributária, dobrou a dívida pública e vendeu patrimônio público.
Os assessores do Serra também defenderam outro modelo de partilha do Pré-Sal. É isso que queremos discutir.
Como também queremos debater a agenda ambiental. Nosso governo não tem vergonha de debater essa agenda. Implementamos um plano de desmatamento da Amazônia. Em 2010, um ano de crescimento da economia, reduzimos o desmatamento. Isso vai ter de ser debatido.
Quanto a Minas Gerais, qual a estratégia? Afinal em Minas mesmo a Dilma tendo vencido no primeiro turno, os partidos aliados sofreram uma grande derrota no plano estadual.
A Dilma é a possibilidade de Minas Gerais assumir a presidência da República. Isso também está em jogo, a Dilma é mineira. Mas a grande diferença da Dilma é que ela vocaliza o interesse nacional. Ela não fala só por um estado, não fala só de um estado.
Ela é expressão de realidades regionais de todo o Brasil.
Ela não pensa o Brasil a partir de um estado. Ela pensa o Brasil de forma total.
E a pesquisa Datafolha…
Pesquisa não se comenta. É uma foto de um momento. Acho que não é hora de a gente nem comentar pesquisas e nem de ficar se preocupando muito com elas. É hora de discutir o Brasil e fazer campanha. Até porque daqui a pouco as pesquisas vão ter outros números.
Eu quero dizer que acho o segundo turno uma oportunidade para a gente sair mais fortalecido neste processo. Acho que é isso que vai acontecer com a Dilma. Foi isso que ocorreu com o Lula.
Foi o debate do segundo turno que permitiu que o segundo governo de Lula fosse melhor do que o primeiro.
Qual o seu recado para a militância, ministro?
Não vamos deixar os nossos sonhos guardados dentro do quarto. O segundo turno é a oportunidade que a população deu pra sociedade civil, pra todos nós, de discutir o país e defender as nossas posições e as nossas bandeiras de um Brasil mais justo. Temos que ir às ruas.
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