Do blog Luis Nassif tire as suas conclusões.
Estou para ver episódio mais surreal do que esse super-factóide criado pela mídia em torno da ex-Secretária da Receita, Lina Vieira - que afirmou ter mantido um encontro reservado com a Ministra Dilma Rousseff, onde lhe teria sido solicitado apressar o inquérito sobre o filho do senador José Sarney.
A Casa Civil é o órgão mais importante de qualquer governo, porque é por lá que passam todos os projetos de lei, portarias, medidas administrativas, para que sejam avaliadas sua legalidade, sua relevância para o governo etc.
A primeira coisa que Lina fez, quando indicada Secretária, foi providenciar uma visita à Casa Civil, não para uma audiência com Dilma, mas com secretarias de lá, com as quais teria que conviver. Por aí pode-se entender o peso de qualquer pedido emanado da Casa Civil.
O episódio do suposto encontro entre ela e Dilma foi tão insólito, que desenvolveram-se duas versões sobre o caso.
A primeira, dos que achavam que qualquer pedido de informação da Casa Civil - mesmo não sendo uma interferência no processo (como a própria Lina admitiu), configuraria alguma espécie de irregularidade.
A segunda, dos que acham que é tão normal a Casa Civil pedir informações sobre processos internos que Dilma Rousseff deveria admitir que o encontro ocorreu e que seu procedimento foi absolutamente normal e legal.
Só tem um pequeno detalhe: e se o encontro não ocorreu? Dilma deveria endossar metade da mentira para desqualificar a segunda metade, a de que teria feito pedidos indevidos à ex-Secretária?
É a pátria de macunaíma.
Quais são os elementos que permitem sustentar que o encontro não ocorreu?
Quando Dilma desafiou Lina a indicar dia e hora, encerrou a questão. É como se fosse um jogo de poker em que um dos jogadores - Dilma - colocou todas as suas fichas na mesa, abriu suas cartas e desafiou o outro lado a mostrar as suas. E o outro lado recolheu suas fichas e não bancou a aposta, porque, com as cartas abertas, não podia mais blefar.
Se o encontro tivesse ocorrido, e a mídia acreditasse mesmo no que escreve, estaria feito sarna atrás de Lina para que mostrasse das seguintes cartas na manga:
1. Indicar dia e hora do encontro.
2. Indicar o nome do funcionário a quem ela pediu que levantasse os dados supostamente solicitados por Dilma.
3. Indicar o nome do motorista e o carro que a levou até o Palácio. Todo carro público tem um mapa com as viagens feitas.
4. Indicar nomes de pessoas que souberam, à época, da tal reunião.
No depoimento ela disse que não pediu para nenhum funcionário levantar as informações, não deu retorno a Dilma, não informou sequer seu marido dessa reunião absolutamente insólita.
Nenhum jornalista sério - e mesmo aqueles que faziam jogadas com Gilberto Miranda - deixaria de ir atrás dessas pistas se tivesse a mínima convicção de que a história é verdadeira.
Eles sabem que mentem. E mentem persistentemente, na frente de uma multidão cada vez maior de leitores que recorrem à Internet para confirmar se o que lêem nos jornais é mentira ou verdade.
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