Com golpe, velhos tempos estão de volta, diz jornalista alemão
“As elites tradicionais voltaram ao poder. E elas fazem o que querem”, afirmou correspondente do "Die Zeit" no Brasil
Postado por Agência PT, em 15 de maio de 2016 às 14:30:04
O correspondente do jornal “Die Zeit” no Brasil, Thomas Fischermann, fez duras críticas ao processo que culminou com a saída da presidenta eleita, Dilma Rousseff, do cargo. Em análise veiculada neste sábado (15) pela emissora pública alemã Deustchlandfunk, ele diz que a composição do ministério de forma desigual revela que os velhos tempos estão de volta ao país. “As elites tradicionais voltaram ao poder. E elas fazem o que querem”, afirmou.
Para ele, o governo Michel Temer
escolheu um primeiro escalão sem mulheres e negros, motivado por
“estupidez ou desespero”. “Nenhum negro faz parte dele [do ministério] –
e isso neste colorido país de tantas culturas”, disse. “E também
nenhuma mulher. O Ministério das Mulheres [e da Igualdade Racial, da
Juventude e dos Direitos Humanos] foi até extinto.”
O semanário “Die Zeit” já havia se
manifestado com críticas ao golpe, afirmando que o afastamento de Dilma é
“a declaração de falência do Brasil”. Para o jornalista Michael Stürzenhofecker,
o país queria se apresentar como uma nação moderna com os Jogos
Olímpicos, mas o processo de afastamento de Dilma é um “recuo nos velhos
tempos” e também os 31º Jogos não serão realizados numa “democracia sem
máculas”.
O “Die Zeit” não foi o único veículo
alemão a se posicionar sobre o assunto. Grande parte do noticiário local
é dedicado ao golpe no Brasil, com tom de preocupação.
O site do “Deutsche Welle (DW)”
traz texto intitulado “Um país perde”, em que afirma que “o grande e
orgulhoso Brasil terá que se resignar a, no futuro, ser citado por
historiadores” junto das nações que tiveram seus presidentes “afastados
de forma questionável do cargo”.
No “Süddeutsche Zeitung”,
a análise “Estes homens derrubaram a presidente” apresenta uma relação
de todos os envolvidos no processo. “Na opinião de muitos juristas, as
acusações são tênues, muitos chefes de Estado antes de Rousseff agiram
de forma semelhante e não foram afastados do cargo. A queda de
presidente é muito mais o resultado de intrigas políticas, costuradas
pelos adversários de Rousseff”, avalia a publicação.
Da Redação da Agência PT de Notícias
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