Viomundo
Adail Carneiro: Traidor em série, deputado cearense subiu em palanque contra o golpe e votou pelo golpe; veja os discursos
Não haverá golpe, porque o povo brasileiro irá cobrar nas ruas daqueles que querem golpear o Brasil, que querem golpear o PT, o PT que tanto promoveu o bem-estar ao povo brasileiro. Adail Carneiro, 02.04.2016, sobre o palanque, em Fortaleza, em ato contra o golpe com a presença de Lula
Eu gostaria, inicialmente, de pedir licença a todos os
Parlamentares desta Casa, ao Sr. Presidente, para reconhecer o trabalho
belíssimo que o ex-Presidente Lula fez pelo nosso Brasil, dando
oportunidade às pessoas mais pobres, que nada tinham durante governos
anteriores. Quero pedir desculpas a ele; ao ex-Governador Cid
Gomes, que também fez muito pelo nosso povo cearense; à Presidenta
Dilma; ao Governador Camilo Santana, mas eu não posso deixar de atender
aos pedidos que chegam a mim, pelas redes sociais (palmas), para que nós
demos uma nova oportunidade ao povo brasileiro, tão necessária, diante
dessa crise política que levou a uma economia desastrada, desenfreada,
desandada.
Hoje, por fazer parte do PP, o que muito me orgulha, e por
este partido ter fechado questão, eu não poderia emitir meu voto de
forma diferente. Meu voto é “sim”. (Palmas) Adail Carneiro, 17.04.2016, no Congresso, votando pelo golpe
Ué, esse cara não passou a tarde toda aqui com a gente e foi lá e votou contra? Dilma Rousseff reagindo ao voto de Adail, que almoçou no Palácio da Alvorada no dia 17.04.2016
Pra ser muito franco, eu eximo a responsabilidade que foi
colocada como motivo para cassação, para a instalação do processo de
impeachment, para cassação da presidente Dilma. Eu discordo do parecer
do relator Jovair Arantes, do deputado. Parte do que eu li é que me
levou à impressão de que não houve crime fiscal praticado pela
presidente Dilma. Se todos os políticos que têm a oportunidade de falar
com o povo expressasse o seu verdadeiro sentimento, a nossa política não
estava tão descredibilizada quanto está hoje. Adail Carneiro, depois de votar pelo golpe, em entrevista à rádio O Povo-CBN de Fortaleza, 18.04.2016
Com o governador Camilo e Lula, usando colante contra o golpe; com Dilma no Planalto, celebrando conquista; no palanque com Lula
por Luiz Carlos Azenha
As vagas na Galeria dos Hipócritas são limitadas.
Não nos importa se o deputado federal ou senador votou ou vai votar sim ou não.
Nossa cadeiras são reservadas àqueles casos em que houver descompasso
entre o dito e o praticado, especialmente na hora da votação.
O cearense Adail Carneiro merece a vaga por vários motivos.
1. Ao votar, ele culpou a crise política por uma
economia desastrada, mas não se reconheceu parte dela. Comecemos pelo
PP, o partido ao qual Adail aderiu recentemente e do qual ele “muito se
orgulha”.
O partido lidera o ranking investigados na Operação Lava Jato. Quando
o STF abriu os inquéritos, eram 21 dos 45 parlamentares do PP, ou seja,
46% das bancadas!
Senadores: Benedito de Lira (AL), Ciro Nogueira (PI) e Gladson Cameli (AC). Deputados: Aguinaldo
Ribeiro (PB), Afonso Hamm (RS), Arthur Lira (AL), Dilceu Sperafico
(PR), Eduardo da Fonte (PE), Jeronimo Goergen (RS), José Otávio Germano
(RS), Lázaro Botelho (TO), Luis Carlos Heinze (RS), Luiz Fernando Faria
(MG), Missionário José Olímpio (SP), Nelson Meurer (PR), Renato Molling
(RS), Roberto Balestra (GO), Roberto Britto (BA), Sandes Júnior
(GO), Simão Sessim (RJ) e Waldir Maranhão (MA).
Portanto, o partido ao qual Adail aderiu com tanto orgulho, pela
lógica dele, é parte importante da crise, da “economia desastrada” que o
levou a votar sim.
2. Por colocar seus interesses pessoais sempre acima
dos interesses dos eleitores aos quais deveria servir, o deputado Adail
encarna a “política descredibilizada” da qual ele reclamou em
entrevista.
A crise de representatividade, afinal, é um dos motivos subjacentes aos problemas que o Brasil enfrenta atualmente.
Adail entrou na política há apenas dez anos, está em seu primeiro
mandato de deputado federal e já trafegou por três partidos. Começou no
PDT, de onde se transferiu para o Partido Humanista da Solidariedade
(eleito em 2014 com 113.885 votos) e agora foi para o PP.
3. Adail Carneiro ajuda a explicar o desastre administrativo do
Brasil, outro dos motivos subjacentes à nossa crise política e
econômica. Ele usa o poder derivado do mandato que recebeu para fazer
barganhas políticas.
Em 16 de novembro de 2015 foi nomeado
assessor especial do governador petista Camilo Santana, do Ceará, para
supostamente trabalhar em Brasília.
Com isso, abriu vaga para outro
deputado do PP na Câmara, Paulo Henrique Lustosa. O acerto tinha relação
com as eleições municipais de 2014 em Fortaleza.
Inicialmente, o prefeito Roberto
Cláudio (PDT), candidato à reeleição, ofereceu a Adail um cargo
municipal: primeiro, a Secretaria Executiva Regional I e depois a
Secretaria das Relações Institucionais, que seria criada exclusivamente
para atendê-lo.
Adail preferiu ser aspone do
governador em Brasília, cargo que deixou para votar na sessão que
decidiu pela abertura do processo de impeachment.
4. Adail abraçou Lula nos bastidores de um comício
em Fortaleza, usou colante contra o golpe, deu entrevista no palanque
denunciando o impeachment e almoçou com Dilma no dia 17 de abril, em
Brasília.
Horas depois, pediu desculpas e votou pelo golpe que denunciara publicamente, com suas próprias palavras.
O mistério é o que aconteceu entre a saída dele do Palácio do
Alvorada e o momento da votação. No dia seguinte, Adail assumiu a
presidência do PP no Ceará, o que causou revolta de colegas.
O deputado estadual Fernando Hugo, do PP, fez a denúncia na tribuna da Assembleia Legislativa:
O político Adail Carneiro fez um ato de canalhice e não tem vocabulário a mais que defina o que foi feito. Não é assim que se cresce. Padre Zé Linhares [que perdeu o cargo para Adail], é honrado, ético e humilde. Não merecia isso. Não é ato de um homem. Foi uma grande inconsequência e maltrata a todos os filiados. Está nos jornais as fotos de Adail Carneiro abraçando a presidente. Esse tipo de canalhice nem no IPPS [Instituto Penal Paulo Sarasate] se encontra. É uma indignidade comportamental.
No Planalto, sorridente, filou bóia da Presidência da República de gravata vermelha. Fez a digestão traindo, de gravata roxa
5. Depois de votar, o deputado cearense admitiu que
não vê base jurídica no relatório de Jovair Arantes (PTB-GO) e que não
vê crime fiscal de Dilma Rousseff que justifique o impeachment (ver a
gravação completa no topo).
O detalhe “irrelevante” é que o voto sim de Adail Carneiro endossou o relatório do qual ele publicamente discorda.
6. Apesar de todo este imbroglio, Adail Carneiro disse ao Diário do Nordeste:
“Esse voto a favor do impeachment não significa dizer que haja um
rompimento do deputado Adail Carneiro para com o governo estadual, para
com o governo municipal”.
O deputado também entra nesta galeiria por falar de si próprio em terceira pessoa.
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