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sábado, 31 de outubro de 2009

Um exemplo da essencialidade humana

A ESPERANÇA DE UM MUNDO NOVO...

O artigo de um juiz, recentemente publicado em jornal de grande circulação, transcrevendo uma sentença judicial, é de causar emoção nas almas mais insensíveis.

Seu artigo diz o seguinte:

"Indaga-me, jovem amigo, se as sentenças podem ter alma e paixão. O esquema legal da sentença não proíbe que tenha alma, que nela pulsem vida e emoção, conforme o caso.

Na minha própria vida de juiz senti muitas vezes que era preciso dar sangue e alma às sentenças.

Como devolver, por exemplo, a liberdade a uma mulher grávida, presa porque trazia consigo algumas gramas de maconha, sem penetrar na sua sensibilidade, na sua condição de pessoa humana?

Foi o que tentei fazer ao libertar Edna, uma pobre mulher que estava presa há oito meses, prestes a dar à luz, com o despacho que a seguir transcrevo:

A acusada é multiplicadamente marginalizada:

-Por ser mulher, numa sociedade machista...

-Por ser pobre, cujo latifúndio são os sete palmos de terra dos versos imortais do poeta.

-Por ser prostituta, desconsiderada pelos homens, mas amada por um Nazareno que certa vez passou por este mundo.

-Por não ter saúde.

-Por estar grávida, santificada pelo feto que tem dentro de si.

“Mulher diante da qual este juiz deveria se ajoelhar numa homenagem à maternidade, porém que, na nossa estrutura social, em vez de estar recebendo cuidados pré-natais, espera pelo filho na cadeia.”

É uma dupla liberdade a que concedo neste despacho: liberdade para Edna e liberdade para o filho de Edna que, se do ventre da mãe puder ouvir o som da palavra humana, sinta o calor e o amor da palavra que lhe dirijo, para que venha a este mundo, com forças para lutar, sofrer e sobreviver.

Quando tanta gente foge da maternidade...

Quando pílulas anticoncepcionais, pagas por instituições estrangeiras, são distribuídas de graça e sem qualquer critério ao povo brasileiro...

Quando milhares de brasileiras, mesmo jovens e sem discernimento, são esterilizadas...

Quando se deve afirmar ao mundo que os seres têm direito à vida, que é preciso distribuir melhor os bens da terra e não reduzir os comensais...

Quando, por motivo de conforto ou até mesmo por motivos fúteis, mulheres se privam de gerar, Edna engrandece hoje este Fórum, com o feto que traz dentro de si.

Este juiz renegaria todo o seu credo, rasgaria todos os seus princípios, trairia a memória de sua mãe, se permitisse sair Edna deste Fórum sob prisão.

Saia livre, saia abençoada por Deus... Saia com seu filho, traga seu filho à luz... porque a cada choro de uma criança que nasce é a esperança de um mundo novo, mais fraterno, mais puro, e algum dia cristão...

O despacho vem assinado pelo Meritíssimo Juiz João Batista Herkenhoff, livre-docente da Universidade Federal do Espírito Santo.

Expeça-se incontinenti

O Alvará de Soltura !!!

Ao ouvir o despacho desse magistrado, a esperança de um mundo novo e justo se desdobra à nossa frente.

Esperança de um dia as leis humanas se tornarem educativas e não punitivas.

Esperança de ver as sanções proporcionais às faltas cometidas.

Esperança de, num julgamento, ser levado em conta o passado de cada ser, sua infância, as possibilidades que teve de educação, de saúde, de carinho, de afeto. Enfim, esperança de que a humanidade atente para as leis de Deus e nelas baseie as suas.

Comentários de Olhos do Sertão: há urgência sobre a educação do ser. Para ser cidadão, ser humano com alma e coração em todos os atos de nossa existência. A finalidade humana é a essência de nossa existência neste mundo.

CARTA DO CHEFE INDÍGENA SEATLE




"O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro: o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro (...).

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem deve tratar os animais desta terra como seus irmãos (...)

O que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.

Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a Terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a Terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à Terra, acontecerá aos filhos da Terra. Se os homens cospem no solo estão cuspindo em si mesmos.

Isto sabemos: a Terra não pertence ao homem; o homem pertence à Terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas, como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.

O que ocorre com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu o tecido da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos ( e o homem branco poderá vir a descobrir um dia): nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que o possuem, como desejam possuir nossa terra, mas não é possível. Ela é o Deus do homem e sua compaixão é igual para o homem branco e para o homem vermelho. A terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar o seu Criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam. Onde está a árvore? Desapareceu. Onde está a água? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante deum pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira, cada inseto a zumbir é sagrado na memória e experiência domeu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo aslembranças do homem vermelho (...).

Essa água brilhante que corre nos rios não é apenas água, mas a idéia nos parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira, cada inseto a zumbir é sagrado na memória e experiência domeu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho (...).

Essa água brilhante que corre nos rios não é apenas água, mas o sangue denossos antepassados. Se vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, devem ensinar às crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais.

Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga e, quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa (...). Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei. Nossos costumes são diferentes dos seus.

A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.

Não há lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater de asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece apenas insultar os ouvidos. E o que resta da vida de um homem, se não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo.

O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros."

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Umaporção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga e, quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa

(...). Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto."

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Por trás da Vênus Platinada

Todo cuidado é pouco com as caneladas do homem de "nervos de aço".


Carta Maior escreve:

"coalizão demotucana desiste da CPI contra a Petrobrás; desiste de bloquear a Venezuela no Mercosul; desiste de combater a soberania no pré-sal; desiste de atacar ação brasileira em Honduras; desiste do discurso da crise econômica e uma parte já desiste, também, de Serra... (Carta Maior e a razão pela qual a mídia demotucana aposta agora no tráfico carioca, novo aliado da campanha contra Dilma e Lula rumo a 2010; 29-10)

Comentários de Olhos do Sertão: devemos ficar de olho bem aberto porque o Serrapedágio trabalha no submundo dos arranjos políticos. Eu sinceramente não entraria nesta dividida com o governo Lula de altíssima popularidade. O momento agora é de retroceder e se armar com todas os intrumentos possíveis e é o que este caneludo está fazendo agora. Sua meta principal é tirar o tempo do PMDB da candidatura DILMA.

E isso é crucial par quem ainda ver um chance de vitória. Por quê? Vejamos, temos dois casos a analisar. As reeleições do prefeito da capital paulista e da prefeita da capital cearense. 

Vamos começar com a vitória da prefeita de Fortaleza. Sua situação não era das melhores antes do horário gratuito na televisão, para não dizer de extrema dificuldade. A meta era chegar ao segundo turno, no entanto a prefeita conseguiu montar uma alinaça com tempo "monstrengo" para o horário politico na televisão.  Resultado, vitória no primeiro turno .

E o Kassab? Quem era? Alguém sabia que ele era prefeito de São Paulo?  Aliás, até hoje  isso é uma coisa mal resolvida e ninguém sabe quem manda de fato o prefeito ou o Josépedágio.

Mas quem era Kassab mesmo? Que projetos tinha na prefeitura além de expulsar um cidadão com gritos e berros em uma determinada situação?

No entanto, entra o Josépedágio na jogada para testar as suas teses para as eleições de 2010.  O que ele fez? Se aliou ao inimigo político Quércia que quebrou o Banespa para eleger o Fleurý que não se reelegeu deputado nas últimas eleições.

E o que queria o Serrapedágio? O tempo de televisão do PMDB no horário gratuito e o Kassab deitou e rotou com o seu boneco  e tudo mais.  E o pior? A Marta entrou na jogada da mídia demotuca como a Folha e do Serrapedágio.

Aliás, como Mercadante a Marta fez uma campanha mediócre, incompetente e sem sentimentos e deu recibos para a imparcialiade da Folha, quando esta já senhora da vitória do seu candidato, fez algumas matérias negativas do Kassab para aliviar a sua barra. Falo de dá recibo quando a Marta mostrou em sua propaganda matérias da Folha criticando Kassab (final da campanha eleitoral). A vitória do demotucano já estava sacramentada antes do segundo turno.

Pois bem, devemos ter muito cuidado com o Serrapedágio que parece mais rato de porão com a sua angústia para se transformar presidente e deixar de ser governador e prefeito de São Paulo, caso único no mundo e no Brasil.

Eu sou vou acreditar que o PMDB terá vice de Dilma depois das convenções porque até lá o Serrapedágio estará chutando nas canelas de todo mundo, isso do pescoço para baixo e o PT deve colocar as barbas de molho porque este caneludo disse hoje que tem nervos de aço. Para um bom entendedor esta declaração basta. Ele não não só tem nervos de aço como canela de aço, que o diga Paulo Henrique Amorim e outros jornalistas que receberam caneladas entre as pernas.

Portanto, todo o cuidado é pouco com este caneludo que se diz "nervos de aço". O jogo está sendo jogado eu, estrategicamente, não estaria na linha de frente agora, mas fazendo algumas trincheiras.

domingo, 18 de outubro de 2009

O Lula, segundo o olhar de uma professora do SERTÃO.


Em foto de Ricardo Stuckert, Lula abraça Joana Camandaroba depois de receber o livro "Barra, um retrato do Brasil"

Bob Fernandes
De Barra (BA)
Joana Camandaroba tem, segundo suas próprias palavras no instante desta conversa, "noventa e cinco anos, três meses, vinte dias e vinte horas". Ela é a matriarca da Barra, cidade fundada em 1752. O presidente da República visitou Barra em seu giro de três dias pelas obras de Transposição e Revitalização do Rio São Francisco, expedição esta, a da "Coluna Lula", que se encerra nesta sexta-feira.

Lula arrastou consigo quatro ministros, três presidenciáveis, oito governadores, numa viagem que mobilizou dois aviões da FAB, três helicópteros e mais de 150 funcionários federais

A história do encontro de Joana e Lula é exemplar sobre os meandros da política à brasileira. Do começo ao fim. Dos silêncios às badaladas do sino da igreja da matriz em Barra.

João Leão, do PP, é secretário de Infraestrutura do governo da Bahia. Artur da Silva, o prefeito de Barra, também do PP. Adversário do PT na cidade, aliado no estado e no governo Lula.

Leão tenta fazer Joana Camandaroba passar pela segurança presidencial. Mas, junto, tenta enfiar o motorista, um amigo, e mais alguns. Joana é barrada. Jonas Paulo, presidente do PT, ex-diretor nacional e superintendente regional da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco. Jonas, também da vizinha Ibotirama, entra em cena.

Jonas e Joana estancam diante da segurança:

-... Ela quer entregar um livro escrito por ela para o presidente Lula...
- Mas por que pessoalmente?
- Ela foi professora da cidade inteira, já recebeu em sua casa candidatos a governador, a presidente da República... Joana Camandaroba é a matriarca da Barra.
- Então pode entrar.

Joana Camandaroba abraça Lula, a ele entrega o livro, "Barra, um retrato do Brasil", escrito por ela e pelo padre Arlindo Itacir Battistel. Barra, a diocese onde é bispo Dom Luiz Cappio, o religioso que chegou à greve de fome contra a Transposição do rio São Francisco. O que Joana Camandaroba e Lula conversaram, o que ela viu e ouviu, o que se passou em Barra nesta tarde de 39 graus, ela conta a seguir.

Terra Magazine - Que idade tem a senhora?
Joana Camandaroba - Tenho noventa e cinco anos, três meses, vinte dias e, neste momento, vinte horas, meu filho.

Que livro a senhora entregou ao presidente Lula?
Um dos quatro que escrevi, este com o padre Arlindo Itacir Batistel, é o "Barra, um retrato do Brasil".

Sobre o que é o livro?
Sobre a língua falada pelo Brasil, a língua do povo da Barra, a antropologia do povo, dos brejos, usos e costumes da região...

A senhora é escritora?
Fui professora por 40 anos. Parei de ensinar aos 80 e aí me deu um vazio. Preenchi com a literatura.

A senhora foi professora do quê?
De português, história... de quase tudo.

Aqui em Barra?
Ô meu filho, na Barra, em Formosa, em Santa Rita de Cásia, em Pilão Arcado, em Barreiras...

A senhora sabe quanto alunos teve?
Sei.

Quantos?
Todos da cidade, quase todos da região. Ensinei a todos. Ensinei tanto que não tive tempo para o amor, para namorar.

O que a senhora disse para o presidente Lula?
Pedi a ele que lesse a página 105.

Por quê?
Porque tem um texto belíssimo sobre a língua portuguesa, o português do povo. Língua que a gente esquece, a família e o povo esquecem.

E por que esse livro e para o Lula?
Porque ele é amigo do povo, se sente do povo e o povo se vê nele. Ouvi o discurso do presente, estava lá, senti isso nele, nos olhos dele, e nos olhos do povo.

O que a senhora ouviu no discurso dele?
Ouvir o discurso dele foi ouvir o discurso do povo. É a mesma coisa.

A senhora foi professora por 40 anos e defende o uso correto da língua. Ainda que se possa discutir essa questão da "correção", o próprio presidente cansa de se referir publicamente a erros que cometia e ainda comete ao falar...
Não é responsabilidade dele...

Por que não?
Aquilo que se escreve na alma de uma criança nunca mais se apaga.

E...?
...o Lula presidente ainda fala como escreveram na alma dele quando criança e por isso mesmo muito ainda não se apagou...

E que língua do povo é essa?
A língua de todos os tempos, a dos vaqueiros, a dos brejos, a das periferias das grandes e pequenas cidades, a língua dos brasileiros, do povo. O meu livro fala disso, fala disso, fala até do transporte de padiola.

Como?
Meu filho, até os carros chegarem aqui os doentes eram transportados em padiolas. Eram quinze, vinte léguas a pé até as cidades. Escrevi o livro com padre que é lá do sul, é filho de italianos e por isso não domina, mas ama, nossa língua. Escrevemos juntos.

E fala sobre mais o quê?
Dos nossos costumes, tradições, transportes, princípios, casamentos, homens, mulheres...

O que o presidente disse para a senhora?
Que eu sou a noiva dele que tem cem anos...

A senhora tem filhos?
Não fui casada, meu filho. Não tive tempo para o amor, para namorar. Passei minha vida, 40 anos dela, a ensinar as pessoas. Isso também é amar, embora de outra forma. Dediquei minha vida à educação e, depois que terminou, minha vida ficou vazia. Aí veio a literatura, escrever prencheu esse vazio.

E qual o outro livro?
É o "caminho do Cristianismo". Desde Roma, das catacumbas, sobre todos os papas, o Concílio Vaticano II e João XXIII, João Paulo II, tem até um pouquinho sobre esse Papa de agora. E tem também a história de Dom Luiz Cappio, o nosso bispo.

Como e quando começa essa história?
Dom Luiz chegou aqui no dia 20 de setembro de 1974. Ele e mais três frades. Veio da Vila Guilherme, lá em São Paulo, e quando chegou nós até pensamos que ele fosse Lamarca, que mataram aqui perto. Tinha gente que até pensava que era o Lamarca vivo de novo, e vestido de frade.

E vocês sabiam quem era Lamarca?
Ô meu fillho, eu sabia! Mas o povo hoje também sabe que ele foi um mártir, foi morto pelo exército no mato, homem de grande coragem. Lamarca foi um mártir do povo e por isso estará no santuário que Dom Luiz Cappio vai fazer.

Que santuário é esse?
Um santuário com os mártires do povo. Lamarca, um José de tal que morreu lá em Barreiras.

Sim, mas e o capítulo do livro sobre Dom Luiz Cappio?
A irmã dele, de São Paulo, me deu muito sobre a história dele. Quando chegou aqui ele dormia no chão. A mãe mandava roupas que comprava na Itália e ele dava tudo para o povo. O bispo é um homem muito firme. Quando ele decide uma coisa não tem mãe, pai, Cardeal, nem o Papa consegue fazer ele desistir. Eu sou muito amiga do bispo, ele é um homem de grande valor, muito próximo do povo.

Noto aí uma contradição. A senhora escreveu sobre o bispo, é amiga e admiradora dele, mas foi à recepção ao presidente Lula, abraçou-o, deu a ele um livro....
Fui, e ainda fui muito bem arrumada.

Foi? Como?
De vestido amarelo, com muita jóia. Brincos de ouro, anel de brilhante, uma pulseira de ouro branco, um medalhão com uma efígie de um dos reis da Inglaterra, coisa muito antiga, comprei em uma viagem a Portugal. Tenho e coleciono coisas antigas, vou doar para que se faça um museu na Barra.

A senhora tem muita coisa boa?
Muita história. Tenho duas arcas, cheias, que pertenceram às irmãs de João Maurício Vanderlei, o Barão de Cotegipe, a segunda figura do Segundo Império. Ele foi a favor das Leis do Ventre Livre, do Sexagenário, mas foi contra a Lei Áurea...

Por qual razão?
Ele disse à Princesa Isabel: "O Brasil não tem condições econômicas de suportar o fim da escravidão, a senhora libertará uma raça, mas perderá um trono". E a princesa respondeu: "Quantos tronos eu tivesse para dar pela liberdade humana eu daria".

Onde a senhora aprendeu isso?
Não aprendi, eu ensinei, por 40 anos. Está na história, nos livros.

A senhora se considera de que raça?
Eu sou mulata não, eu sou negra.

Dona Joana, o Bispo chegou à greve de fome contra a Transposição do São Francisco. Então, como é que senhora foi lá receber a comitiva? E o bispo, onde estava?
Fui, e muito arrumada, porque Lula merece. Já recebi muitos candidatos a governador em minha casa, até a presidente da República, mas Lula é o primeiro presidente, o primeiro Chefe de Estado que vem a Barra. E olha que Barra é muito antiga...

Quem foi o candidato a presidente que esteve em sua casa?
Jânio Quadros. Se hospedou aqui em casa. Meu irmão, que é médico, aposentado, trabalhou e dirigiu coisas importantes por muitos anos no Hospital das Clínicas, tinha um uísque muito bom. Jânio bebeu quase tudo...

E aí, o que aconteceu?
Saiu zonzo daqui de casa dizendo "Até o Planalto". E ele foi para o Planalto mesmo, mas depois fez aquela bagunça lá e nos deixou a todos na mão...

Deve ter tomado umas garrafas...
Olha, meu filho, acho que foi isso mesmo.

ACM esteve aqui?
Esteve. Ele era inimigo, adversário, mas ficou amigo depois que trouxe pra ele um remédio.

Que remédio?
Golbery, o general Golbery, me deu um remédio e pediu que eu mandasse pra Antônio Carlos quando chegase à Bahia. Fiz isso...

Remédio pra quê? E onde a senhora encontrou Golbery?
Pra uma dor que ele tinha na garganta e não sarava. Acho que foi de tanto gritar quando ele foi nomeado. Fui a Brasília pedir dinheiro para que as escolas não fechassem, fui ao Congresso, e depois encontrei Golbery que me pediu para entregar o remédio. Antônio Carlos tinha seus defeitos, nós sabemos, mas tinha uma grande qualidade, a gratidão.

Então a senhora foi ter com Lula porque gosta dele e...
Eu gosto e o povo gosta.

E Dom Luiz Cappio?
Não sei, pergunte a ele. Mas sei que ele me disse que agora não é mais Lula, é Luiz Inácio. Mas acho que ele ainda deve gostar.

Estão dizendo que tiraram a rádio comunitária da igreja do ar para que não se fizesse críticas ao presidente...
Não é isso não, é o contrário. E antes deixa eu te dizer uma coisa: Dom Benjamim Capelli tem oitenta e tantos anos. É um homem muito bom, quase um santo. Cuida da saúde do povo, cuidou sempre dos leprosos, já nem tem mais leprosos aqui na Barra. E ele foi ao aeroporto receber Lula, abraçou Lula, de quem ele gosta muito.

E como foi no aeroporto? Não estávamos lá.
Tinha duas, três mil pessoas, Lula quebrou o protocolo, falou e abraçou um bocado de gente do povo.

Mas e a história da rádio...?
Meu filho, o problema não é o Lula, que é amado pelo povo, nem o governador...

O Jaques Wagner?
Isso, ele é bem bonitão, sabe? É simpático, o povo gosta muito dele também. Acho que até porque sabe que ele também gosta de uma pingazinha, como o povo também gosta...

...se o problema não é Lula, se não é o Jaques Wagner, então qual é o problema?
O problema aqui, meu filho, é o Geddel.

O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima? Mas por que ele é o problema se as decisões sobre o rio são tomadas acima dele?
Sim, mas ele se dizia contra a Transposição... aí arranjou esse emprego bom e ficou a favor. Mas isso não foi o pior, não...

O que foi, então?
Ele foi muito deselegante com o bispo, e o povo gosta do bispo. Ele foi mal comportado, não é flor que se cheire. Ou, como diz o povo daqui, Geddel não é boa abelha, não!

Mas, apesar disso tudo, a senhora foi ao Lula, deu um livro de presente a ele, o bispo ficou em silêncio e a rádio da igreja também.
Quem foi que disse que o bispo ficou em silêncio?

Ninguém ouviu uma palavra dele, tiraram a rádio do ar, dizem que foi o governo, ele nem ficou na cidade, não protestou...
...(Gargalhadas) Meu filho, quem tirou a rádio do ar, rádio que é da igreja, foi o bispo mesmo, para não ter que falar da festa. E o bispo falou o dia inteiro, a cidade inteira ouviu, de tempos em tempos, o dia todo...

Mas falou onde?
Falou com os sinos da igreja...

Como?
Falou com os sinos, eles tocaram o dia todinho.

A senhora me explica melhor, por favor, Dona Joana?
Meu filho, os sinos tocaram, dobraram o dia inteiro...

Dobraram o quê?
(Gargalhadas) ...Dobraram a Finados. Teve festa pro Lula, pro governador, mas os sinos daqui da Barra dobraram a Finados o dia inteiro. Para o Geddel.


Comentários de Olhos do Sertão: a análise da professora do Sertão me tocou profundamente. Nunca vi com serenidade tão profunda reflexões sobre o Lula como a professora Joana. O autor Bob Fernandes a cada resposta da professora ficava meio desnorteado. Creio que foi um aprendizado tanto para o jornalista, um dos melhores do Brasil, como para pessoas como eu, professor do Sertão e tantas outras pessoas. A professora Joana fala com alma das pessoas santas do Sertão.  Estou com a alma mais próxima de Deus ao ler as reflexões, não do que ela faou para o Lula, mas suas reflexões e seus sentimentos que me tocaram bastante. Vou adquirir o seu livro.

domingo, 11 de outubro de 2009

As veias da América Latina continuam abertas"




As veias da América Latina continuam abertas"

"O que eu descrevia continua sendo certo. O sistema internacional de poder faz com que a riqueza siga sendo alimentada pela pobreza alheia. Sim, as veias da América Latina ainda seguem abertas", diz Eduardo Galeano em reportagem publicada no jornal espahol El País. O escritor uruguaio recebeu semana passada, em Madri, a Medalha de Ouro do Círculo de Belas Artes. Na reportagem, ele conta que seu mestre, Juan Carlos Onetti disse-lhe algo que não esqueceu: "As únicas palavras dignas de existir são aquelas melhores que o silêncio".

Javier Rodríguez Marcos (El País) - IHU Online

Com cabeça de senador romano e consciência de tribuno da plebe, Eduardo Galeano sempre tem presente uma frase de José Martí: "Todas as glórias do mundo cabem em um grão de milho". Ele diz isso porque, na semana passada, deram-lhe, em Madri, a Medalha de Ouro do Círculo de Belas Artes. "É uma alegria, claro. Não pratico falsa humildade, mas também não me esqueço de Martí e digo a mim mesmo: ei, tranquilo, devagar pelas pedras". No dia seguinte, além disso, recebeu um prêmio da ONG Save the Children.

A reportagem é de Javier Rodríguez Marcos, publicada no jornal espanhol El País, 06-10-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto, para o IHU (Instituto Humanitas Unisinos).

Aos 69 anos, o escritor uruguaio é uma pedra no sapato dos vencedores da história, uma espécie de best-seller furtivo da esquerda. No ano passado, durante o tour espanhol de apresentação de seu último livro, "Espelhos. Uma história quase universal" (L&PM Editores, 2008), ele lotou cada salão de atos em que pisou, chegando inclusive a transbordar o Auditório de Galícia, em Santiago de Compostela, com capacidade para mil pessoas. No próximo dia 14, ele encerrará esta nova visita à Espanha com uma leitura de sua obra no Auditório Marcelino Camacho de Comisiones Obreras, em Madri.

Galeano conseguiu levantar paixões com livros sem gênero preciso, mas escritos com um estilo fragmentário e seco que ele opõe à "tradição retórico do peito estufado. Aprendi a desfrutar dizendo mais com menos", diz, em seu hotel madrileno de sempre, a um passo da Puerta del Sol. Ali, ele conta que seu mestre, Juan Carlos Onetti, "que não dava conselhos", disse-lhe algo que não esqueceu: "Como ele era bastante mentiroso, para dar prestígio a suas palavras, ele costumava dizer que eram provérbios chineses. Um dia me soltou: 'As únicas palavras dignas de existir são aquelas melhores do que o silêncio".

O autor de "Dias e noites de amor e de guerra" (L&PM Editores, 2001), briga há anos contra o silêncio. Agora, luta também contra o medo. Mais do que as eleições presidenciais que ocorrem no Uruguai no dia 25 de outubro, interessam-lhe os dois plebiscitos que ocorrerão nesse dia. Um pretende derrogar a lei que impede o castigo contra os militares da ditadura: "O Estado não pode renunciar a fazer justiça porque a impunidade estimula o delito". Há 20 anos, foi realizado um referendo com o mesmo objetivo. E com um resultado ruim. "Lançaram toneladas de bombas de medo", conta o escritor. "Dizia-se que, se a lei fosse anulada, a violência voltaria, e as pessoas votaram assustadas".

Aquele primeiro plebiscito dos anos 80 foi promovido por uma comissão, na qual, junto com Galeano, estava Mario Benedetti. Desde a morte deste, em maio passado, seu amigo faz parte da fundação que herdou o legado do poeta para promover a literatura jovem: "Era um insólito caso de escritor generoso. O nosso grupo é uma agremiação egoísta que ocupa a jaula dos pavões reais. A cada um dói o êxito do outro. Ao Mario não". Com relação às reclamações do irmão de Benedetti, incomodado com o testamento, Galeano é diplomático: "Isso está superado. Ninguém se salva das confusões de herança".

O dinheiro misturado com as confusões leva inevitavelmente ao futebol, um assunto ao qual o escritor dedicou centenas de páginas, dentre elas as que formam um clássico da literatura desportiva: "Futebol ao sol e à sombra" (L&PM Editores, 2004). É obsceno pagar milhões de euros por um jogador? "O futebol profissional é a indústria de entretenimento mais importante do mundo. Além do mais, é um esporte que parece religião: a religião de todos os ateus. O que é preciso ter claro é que o Machado dizia: agora, qualquer ignorante confunde valor e preço".

Por outro lado, no anedotário diplomático internacional ficou gravado o fato de que Hugo Chávez presenteasse Obama com o livro mais popular (30 edições em inglês) do autor montevideano, "As veias abertas da América Latina" (Ed. Paz e Terra, 2007, na 46ª edição em português), um ensaio de 1971 que seu próprio autor descreve como "uma contra-história econômica e política com fins de divulgação de dados desconhecidos". E acrescenta: "O que eu descrevia continua sendo certo. O sistema internacional de poder faz com que a riqueza siga sendo alimentada pela pobreza alheia. Sim, as veias da América Latina ainda seguem abertas".

Galeano não acredita que presidente dos Estados Unidos tenha lido o livro. "Duvido. Foi só um gesto. Além disso, a edição era em espanhol". A eleição de Obama pareceu-lhe uma vitória contra o racismo, mas lhe decepcionou que ele aumentou o orçamento da Defesa: "Os políticos mais bem intencionados acabam presos a uma maquinaria que os devora". E o que lhe parece sua política para com a América Latina? "Ele tem boas intenções, mas há problema de treinamento. Os norte-americanos estão há um século e meio fabricando ditaduras, e, na hora de se entender com países democráticos, eles têm dificuldades. O desconcerto diante do que ocorreu em Honduras é uma amostra".

O segundo plebiscito que espera o escritor ao voltar para casa quer outorgar o voto aos uruguaios que não vivem ali, "uma quinta parte da população!". Ele mesmo teve que se exilar e sabe o que é sobreviver sem direitos: "Não tinha documentos, porque a ditadura os negava. Quando eu vivia em Barcelona, tinha que ir à polícia todos os meses. Faziam-me repetir os formulários e mudar cem vezes de guichê. No final, no campo da profissão, eu colocava: 'escritor'. E entre parênteses: 'de formulários'". Ninguém se deu conta.

Nordeste, a locomotiva da economia

Do Estadão
Nordeste cresceu quando o País parou
Puxada por PE,CE e BA, região viu seu PIB se expandir 2,2% no primeiro semestre; Brasil encolheu 1,46% no período

Eduardo Nunomura

O Nordeste saiu vitorioso da crise econômica e cresceu 2,2% no primeiro semestre. A estimativa surpreende em um Brasil que encolheu 1,46% no período. O Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco registrou alta de 3,8%; o de Ceará, 2,8%; e o da Bahia, 1,6%. Juntos eles respondem por dois terços da riqueza local. Segundo a Datamétrica Consultoria, que radiografou o bom momento da região a pedido do Estado, só em uma hipótese teria havido um crescimento nulo: se os outros seis Estados, que não calculam previsões de PIBs, tivessem sofrido uma retração três vezes maior que a da brasileira. Mas outros indicadores de suas economias apontam na direção oposta.

A Datamétrica, consultoria de Pernambuco especializada na economia nordestina, analisou os PIBs e variáveis de impostos estaduais e federais, comércio, produção industrial e movimentação bancária. Naquelas em que o Brasil cresceu, o Nordeste avançou mais. Nas outras em que houve retração, os nordestinos tiveram quedas menores. E são esses mesmos indicadores que mostram que Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão não fizeram feio. A arrecadação do ICMS desse grupo subiu 7,3% nos últimos sete meses, enquanto no Nordeste houve um acréscimo de 3,87% e no Brasil, de apenas 1,66%. No mesmo período, o comércio deles avançou 5,4%, do Nordeste, 5,6%, e em todo o País, 4,6%.

“De certa maneira, o Nordeste bancou a política anticrise de outras regiões brasileiras, já que a maioria das empresas dos setores em que houve redução do IPI fica no Sudeste e Sul”, analisa o presidente da Datamétrica, Alexandre Rands Barros. O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido provocou queda nacional de receitas. Já o aumento da produção beneficiou mais os Estados produtores das cadeias automobilística e linha branca (eletrodomésticos).

Três fatores foram vitais para fazer com que a região crescesse mais que o Brasil na crise, explica Rands, professor de economia da Universidade Federal de Pernambuco. Para começar, o Nordeste exporta pouco. O que os nordestinos chamam de “exportação” é a venda de seus produtos para Sul e Sudeste. Como o consumo das famílias no Brasil foi o salvador geral da pátria, as empresas “exportadoras” se saíram bem. Em segundo lugar, a crise gerou incertezas e perturbou o humor das indústrias, sobretudo as do setor de bens de capital. Mas como estas se concentram no eixo São Paulo-Rio-Minas, o impacto no Nordeste foi menor.

Essas duas realidades não afetaram a confiança do nordestino, o terceiro fator em favor da região. O consumidor continuou comprando e se endividando para comprar mais. Confiaram na promessa de marolinha do presidente conterrâneo, Luiz Inácio Lula da Silva. “O efeito político foi grande. Os índices de aprovação de Lula caíram menos porque o Nordeste sofreu menos com a crise”, interpreta Rands.

O PIB nordestino contribui com uma fatia ainda inferior a 15% do PIB nacional. Porém crescer mais que o Brasil em meio à crise diz respeito a um terço da população brasileira que vive no Nordeste. Desde 2003, início do governo Lula, a região tem registrado PIBs superiores ao do País. A exceção foi 2007, o ano de crescimento recorde em que houve problemas localizados em algumas indústrias nordestinas. Mas a diferença foi pequena: 5,7% do Brasil ante 5,1% do Nordeste.

“Em setembro do ano passado, sem ser profeta, eu já dava declarações de que a crise mundial traria desdobramentos positivos para o Nordeste”, lembra Cid Gomes (PSB), governador do Ceará. A primeira seria consequência da desvalorização do dólar frente ao real. O Brasil se tornou barato para os estrangeiros e o turismo saiu ganhando. Bahia e Ceará vêm se alternando nas primeiras posições de maiores vendedores de pacotes turísticos do País. Os governadores do Nordeste aproveitaram também o momento para investir em obras públicas e desoneraram setores industriais, sobretudo os de itens de consumo popular e os que faziam concorrência com outros Estados.

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), afirma que nem tudo foram flores e tem segurado a economia “na unha”. O Estado é o mais industrializado da região e setores como o de petroquímico, um dos carro-chefe da produção local, foram nocauteados pela crise. O fôlego foi possível, explica Wagner, pelos recursos de programas sociais estaduais e federais que não cessaram. “O nosso consumidor não está com a síndrome de guerra. Se ele vê que dá para consumir, vai para cima”, diz. Como houve mais impacto negativo da crise na Bahia, o governador baiano crê que a retomada neste segundo semestre será proporcionalmente maior. A indústria de celulose já retomou o volume de produção pré-crise, mas o faturamento continua inferior por causa do dólar barato e do preço mundial da mercadoria.

DIA DE FEIRA

Quem visita o Nordeste para além das capitais litorâneas percebe que o avanço das economias vem ocorrendo também no interior. O comércio dos pequenos municípios adquiriu outro status. Com dinheiro no bolso, o consumidor passou a atrair grandes empresas. Na década de 90 elas podiam se dar ao luxo de concentrar as atividades no Sul e Sudeste, mas agora elas correm atrás dos nordestinos. Em 2003, pouco mais da metade das famílias pobres possuía televisão a cores, hoje 88,7% delas têm. Telefone celular: saltou de 10,5% para 55%. Indústrias alimentícias que antes enviavam as mercadorias para as regiões Norte e Nordeste vêm montando bases locais e acabam comprando matéria-prima da própria região.

O governador Cid Gomes prefere associar uma imagem que retrata bem a atual realidade nordestina. Na terça-feira, despachando de Pedra Branca em seu governo itinerante, ele notou intensa atividade no comércio da cidade de 40 mil habitantes. Imaginou que era a feira, uma rotina secular dos municípios interioranos, quando a população se reúne numa praça para ofertar feijão de corda, carne de sol e macaxeira e levar para casa roupas, panelas e a comida que falta. “A feira de Pedra Branca era de sábado, mas me disseram que agora todo dia é dia de feira”, comemora.

Fonte: blog do Nassif

Com Dilma é Lula outra vez


Brasil da era Lula, o grande protagonista do século XXI

O Brasil tem mais peso nessa mesa

Como o dinheiro fala mais alto, o Brasil amplia seu poder nas decisões econômicas dos países ricos, pois agora ele é credor do FMI




MOMENTOS FINAIS Reunião do G-7 em Istambul reforça submissão ao G-20

...Isso significa que, nos próximos anos, a economia mundial também será dirigida conforme o que acontece em Pequim, Brasília, Nova Délhi e Moscou, e não apenas em Nova York, Londres, Berlim e Tóquio. Depois da crise atual, as políticas neoliberais, que davam mais voz aos mercados financeiros e tolhiam a atuação dos Estados na economia, deram lugar ao intervencionismo dos governos e a uma tendência de regulamentação e supervisão mais rígida dos bancos. O economista britânico John Maynard Keynes, que defendia uma ação mais forte do Estado e foi um dos fundadores do FMI, está mais vivo do que nunca...

Leia mais em IstoÉ

Comentários de Olhos do Sertão: caros leitores o Brasil passa por uma transformaçaõ em precedentes em sua história. Nós, brasileiro não não temos consciência da magnitude do momento que o nosso país está passando. Infelizmente, a voz geral da mídia demotuca é ainda negativa e tenta esmaecer de todas as formas possíveis a imagem que o nosso país tem no exterior e deste país que está emergindo como um dos grandes protagonistas do século XXI

Lula, o Filho do Brasil

Luz, câmera, ação e campanha
Como o filme "Lula, o Filho do Brasil", superprodução com roteiro carregado de emoção, torna-se uma poderosa arma eleitoral em 2010

Alan Rodrigues, Ivan Claudio e Yan Boechat



1979 O metalúrgico Luiz Inácio da Silva consolida-se como o mais importante líder sindical brasileiro
2009 O ator Rui Ricardo Diaz vive o personagem Lula, no filme mais caro já produzido no País

1979 Na última semana de março, o sindicalista Luiz Inácio da Silva é carregado nos ombros de dezenas de metalúrgicos do maior polo industrial brasileiro, que decidem, uma vez mais, entrar em greve para exigir melhores condições de trabalho. Poucas semanas antes, o torneiro mecânico estampara pela primeira vez a capa de uma revista semanal. Reportagem de ISTOÉ apresentava para todo o País aquele líder sindical barbudo, de voz rouca, conhecido como Lula, que em pleno regime militar insistia em enfrentar a poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e aglutinava milhares de trabalhadores em históricas assembleias no estádio da Vila Euclides e nas praças de São Bernardo do Campo.


2009 Na terça-feira 27 de outubro, quando completar 64 anos de idade, Lula certamente não conterá as lágrimas ao assistir às cenas em que o ator Rui Ricardo Diaz é carregado nos ombros de dezenas de figurantes representando cenas das greves que ele próprio protagonizara há três décadas. Na festa de seu aniversário, o ex-líder sindical assistirá pela primeira vez a “Lula, o Filho do Brasil”, filme do produtor Luiz Carlos Barreto e dirigido por seu filho Fábio Barreto. A estreia nacional desta que é a mais cara produção do cinema brasileiro está marcada para 1º de janeiro do próximo ano e pode se tornar uma importante ferramenta eleitoral, quando o País estiver mergulhado na sucessão presidencial.

Nos 30 anos que separam a fotografia real da cena cinematográfica, o apelido Lula foi incorporado ao nome de Luiz Inácio. O líder sindical criou um partido político, correu o País de ponta a ponta em caravanas da cidadania, chegou à Presidência da República, ostenta a marca de presidente mais popular da história do Brasil e a cada dia consolida mais a imagem de um dos principais líderes mundiais da atualidade. Na última semana, ISTOÉ teve acesso a uma boa parte do filme orçado em R$ 16 milhões. A obra de Barreto retrata a trajetória do menino e da família nascida abaixo da linha da pobreza, que deixou o Nordeste em um pau-de-arara em busca de dias melhores. Retrata os amores e os dramas pessoais de Lula e de seus quatro irmãos e três irmãs. Termina com a morte de dona Lindu, a mãe e porto seguro de Lula, que é interpretada por Glória Pires. Os bastidores das greves, as divergências sindicais, a fundação do PT e outros temas politicamente polêmicos não são abordados. “Não é um filme político. É um filme emocionante. É emoção pura”, afirma o jornalista Zuenir Ventura, um dos poucos a assistir na íntegra uma versão ainda não finalizada do filme.

Fonte: IstoÉ

A reação ao poder midiático


A reação ao poder midiático

por Luiz Carlos Azenha

Vou citar o ex-presidente da Bolívia Carlos Mesa, ex-empresário midiático naquele país, que fez críticas aos meios de comunicação em uma conferência em Caracas. Em entrevista à Folha de S. Paulo, ele disse:

FOLHA - O sr. criticou meios de comunicação que teriam passado a cumprir o papel de partidos políticos. Quais os riscos dessa tendência?

MESA - É urgente a construção de um sistema de médio prazo que não passa por ganhar eleições nem derrotar o governo de turno. É essa armadilha na qual caíram alguns partidos na Venezuela, na Bolívia e no Equador. Não há projeto, não há estrutura, não há nada. Isso é uma luta de reconstrução de longo prazo, que deve ser combinada com os meios de comunicação para que estes transfiram o espaço de atividade política aos políticos.

Como já escrevi neste blog anteriormente, entre o "senador" Ali Kamel e o senador José Sarney, fico com o senador Sarney. O senador Sarney foi eleito. O "senador" Kamel usa uma concessão pública para fazer política como se tivesse sido eleito.

Tenho participado de conferências preparatórias à Conferência Nacional de Comunicação, que acontece em dezembro.

Nelas, sempre defendo "mais mídia", nunca menos. Sou contra qualquer tipo de restrição à liberdade de imprensa e mesmo à liberdade de empresa dos donos de meios de comunicação. Luto pela democratização do acesso aos meios.

É preciso distinguir claramente entre jornais e revistas, de um lado, e emissoras de rádio e TV, de outro. Aos primeiros, liberdade absoluta. Mas, como qualquer concessionária de serviço público, a emissora de rádio ou TV deve obedecer a normas, assim como as concessionárias de outros serviços públicos, como distribuição de gás, de energia, etc.

Por que haveria de ser diferente com concessionárias de rádio e TV?

Essas normas devem ser determinadas pela sociedade. É assim nos Estados Unidos, é assim na Suécia, é assim no Reino Unido. No Brasil, não. Por que?

Porque os empresários do ramo, muitos dos quais são congressistas, defendem o latifúndio midiático com unhas e dentes. É preciso romper essa aliança entre poder político e poder midiático, pelo bem da democracia brasileira.

Como?

Exigindo regras claras para a concessão e a renovação de licenças para operar emissoras de rádio e de TV. Exigindo um papel institucional da sociedade civil na definição e no cumprimento das regras. Estabelecendo regras para a propriedade cruzada.

Também defendo que o dispêndio de dinheiro público em todas as esferas, com publicidade e propaganda, seja feito com transparência, controle social e obedecendo a critérios que estimulem a diversidade, o conteúdo local e regional e os novos produtores de conteúdo. Os critérios "de mercado", que vigem no Brasil, acabam apenas reforçando o controle de poucos sobre a grande maioria das verbas.

A prefeitura de São Paulo deve gastar toda a sua verba na Folha e na Globo ou deve gastar uma fatia estimulando as rádios, os jornais e os sites comunitários? Se houver critérios transparentes e controle social, prefiro a segunda opção.

Finalmente, é preciso estimular o campo público da comunicação, as rádios e TVs comunitárias e o acesso à internet. Essas três medidas contribuem com a diversidade informativa em uma sociedade complexa como a brasileira. E é disso que se trata: de ter uma mídia que contribua com a crítica, o debate e a informação necessárias ao país. Não uma mídia que interdite os debates que não interessam a ela, que criminalize os movimentos sociais ou que se coloque como instrumento de campanhas.

Novas leis regulamentando a atuação da mídia já foram aprovadas na Venezuela, Equador, Bolívia, Uruguai e Argentina. Cada uma delas foi resultado de uma conjuntura política distinta. O que há em comum entre esses países? Não, não é o bolivarianismo, esse demônio que pretendem transformar na versão ressuscitada do comunismo. Nesses países a mídia passou a fazer o papel de partido político, como reconheceu o próprio Carlos Mesa em entrevista à Folha.

No Brasil a mídia passou a pautar o Congresso. A derrubar presidentes e congressistas. A assassinar reputações impunemente. A julgar, condenar e executar. É nesse quadro de ativismo midiático e usurpação de poderes que as sociedades acima citadas reagiram: para colocar a mídia em seu lugar. Seria muito bom se a autoregulamentação bastasse. Caso contrário, a própria escolha do Congresso poderá ser influenciada pelo desejo da sociedade de "cassar" o mandato dos senadores biônicos, que exercem seu poder nos aquários das redações brasileiras.

Lula, o presidente mais popular da história do Brasil


Presidente no topo da popularidade no Brasil

Especialistas analisam que conquistas, carisma e origem de Lula criaram o ‘Lulismo’, que pode superar celebridades políticas como Getúlio Vargas e JK. Até sósia pega carona na fama

POR RICARDO VILLA VERDE, RIO DE JANEIRO

Rio - Misture o sucesso dos programas Bolsa-Família e Prouni com as descobertas das megarreservas de petróleo do Pré-Sal; acrescente a passagem do País pela crise mundial sem grandes turbulências e as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); junte a conquista da Copa do Mundo de 2014 e complemente com a sonhada Olimpíada de 2016 no Rio. O resultado não poderia ser diferente. A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está cada vez mais em alta, consolidando o que no meio político já vem sendo chamado de ‘Lulismo’.

Foto: Alexandre Vieira / Agência O DIA



Lula do Cachambi quer aproveitar a popularidade do presidente para a divulgação de seu botequim

Que o diga Belarmino Abrahão, 57 anos, dono do Botequim do Lula, no Cachambi, na Zona Norte do Rio. Há 20 anos, o empresário abriu mão do nome de batismo e passou a ser chamado de Lula, por causa da semelhança com o petista. Ao abrir o botequim, há dois meses, sentiu os efeitos da popularidade presidencial. Ele chega a imitar o jeito de falar do presidente para agradar aos clientes. “As crianças dizem que já me viram na televisão”, conta o comerciante, que já tirou fotos até com políticos. “Alguns clientes expõem como se eu fosse o Lula”, afirma o dono do bar. Ele, porém, não pensa em entrar para a política. “Um Lula só para o Brasil já está de bom tamanho”, afirma. O Lula do Cachambi vai aproveitar a fama cada vez maior do presidente para fazer uma campanha de seu botequim com o tema Olimpíadas 2016.

FÁBRICA FAZ APOSTA

Na fábrica de máscaras Condal, em São Gonçalo, a popularidade do presidente também vem ajudando os negócios. “Lula está na moda”, afirma a secretária Marli Torres. Segundo ela, a fábrica vai aumentar a produção das duas versões de máscaras de Lula (sindicalista e presidente), por causa da conquista do Rio como sede dos Jogos.

“As Olimpíadas vão aumentar a popularidade de Lula. Já havia a Copa. Isso vai ficar na história”, avalia o professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio (Uerj), Williams Gonçalves. O coordenador do programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUC do Rio Grande do Sul, Juremir Machado da Silva, concorda. Autor do livro ‘Getúlio’, sobre o ex-presidente Getúlio Vargas, o professsor diz que Lula está caminhando para se tornar mais popular do que Vargas e Juscelino Kubitschek.

“Lula é mais carismático do que Getúlio”, afirma Juremir. Na avaliação dos dois professores, o diferencial do petista sobre Vargas e Kubitschek é a origem. “Lula vem de uma classe baixa, ao contrário de Getúlio, que veio da elite gaúcha e Juscelino, da mineira”, explica. “Lula fala linguagem que o povo entende imediatamente”, completa o professor Gonçalves. Moradora de Nova Iguaçu, a esteticista Rosangela Façanha vê em Lula um bom exemplo. “Ele mostra que uma pessoa que veio de baixo pode chegar lá”.

Bom índice de aprovação até na Argentina

A conquista do Rio como sede das Olimpíadas de 2016 veio quando a popularidade do presidente Luis Inácio Lula da Silva voltava a crescer, depois de ter sofrido pequena queda no início do ano. Pesquisa CNI/Ibope, divulgada em setembro, mostrou que Lula é aprovado por 81% dos brasileiros.

E a performance do presidente não se resume só ao Brasil. Após ter sido chamado de “o cara” pelo presidente dos EUA, Barack Obama, o brasileiro está na moda em vários países da Europa e, especialmente, na Argentina. Pesquisa de empresa de consultoria de Buenos Aires mostrou que o petista seria eleito presidente do país vizinho, com 52% dos votos — a atual presidente argentina, Cristina Kirchner, foi eleita em 2007 com 45%.

Para o professor da Uerj Williams Gonçalves, esta situação é reflexo da atuação de Lula no exterior. “Ele demonstra sempre orgulho de ser brasileiro. Esse é um diferencial importante porque seus antecessores quase que pediam desculpas por serem brasileiros. Isso é reconhecido tanto no Brasil como no exterior”, avalia o professor.
Fonte: O Dia

O Brasil que a mídia demotuca tenta esconder.


Deputados do PT comparam os "olhares da imprensa" sobre o Brasil


Desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, a imprensa brasileira, em geral, tem procurado esconder os avanços sociais e econômicos do Brasil. Em contrapartida, nos Estados Unidos e na Europa, não se cansa de assinalar os êxitos do governo.
No exterior, dá-se ênfase ao novo papel do País no mundo, à redução da pobreza e a outras conquistas. Lula foi chamado pela revista americana Newsweek de "o político mais popular do mundo", mas o tratamento que recebe no Brasil é o oposto.

A diferença de abordagem tem sido denunciada na Câmara por deputados do PT. "A imprensa brasileira virou um partido político e tem relações preferenciais com a oposição a Lula", denuncia o deputado Emiliano José (PT-BA). Segundo ele, a realidade é falseada e manipulada. "Há uma verdadeira distorção política e ideológica com a pretensão de controlar e influenciar o comportamento da população", afirma.

"Enquanto Lula e seu governo são celebrados em todo o mundo, quem lê a imprensa brasileira vai achar que existem dois ‘brasis' diferentes", observa Emiliano. Até o ex-presidente de Portugal, Mário Soares, percebeu a existência de duas "realidades" bem distintas, a do Brasil real e a mostrada pelos grupos de comunicação. Dois "países" que não se comunicam e se estranham.

O fenômeno da partidarização da mídia ocorre há décadas e coincide com mandatos de governos de caráter popular como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart e, agora, Lula. "Hoje não se observam mais os manuais de redação que preconizam ouvir todas as partes envolvidas numa mesma matéria", sublinha Emiliano, que é jornalista e professor universitário aposentado de Comunicação Social.

Não falta má vontade. O deputado Fernando Ferro (PT-PE) lembra que, em junho, na Suíça, em evento na Organização Internacional do Trabalho, Lula foi aplaudido de pé, numa consagração reservada a poucos na história da entidade. No Brasil, porém, os jornais e emissoras de TV ignoraram o fato. "O Brasil e seu presidente estão ‘bombando', mas quem quiser se informar tem que procurar fontes externas de informação, com raras exceções", disse o parlamentar.

Outro caso é a superação, pelo Brasil, da turbulência econômica iniciada há um ano. O fato foi noticiado e comemorado por órgãos estrangeiros como o Le Monde, BBC, El País, Financial Times e The Economist, mas a mídia nacional relatou o fato tardiamente. "Sob o comando de Lula, ficamos praticamente blindados à crise, mas nossa imprensa tentou aterrorizar a população de que estaríamos no pior dos mundos", relembra Emiliano José.

Procura-se, sempre, criar notícias que levem ao pânico ou à distorção da imagem de um governo ligado aos interesses do povo, observa o deputado Pedro Wilson (PT-GO). "A imprensa brasileira é conservadora e, com sua abordagem distorcida, torna-se uma verdadeira ameaça à democracia. As oligarquias que detêm o controle dos meios de comunicação não toleram um governo popular", comenta.

O deputado Nilson Mourão (PT-AC) cita como exemplo de mau jornalismo brasileiro a cobertura sobre o abrigo dado pelo Itamaraty, na embaixada em Honduras, ao presidente deposto daquele país, Manuel Zelaya. "Enquanto o Brasil tinha a solidariedade da comunidade internacional, de instituições como a ONU e OEA e até do presidente dos EUA, Barack Obama, a mídia brasileira tratou a diplomacia do governo Lula como adepta de uma suposta atitude ilegal." diz.

Para os deputados do PT, as distorções atuais devem ser um dos eixos centrais da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, em dezembro. "A democratização do Brasil supõe a democratização da comunicação, com informações confiáveis e a superação da concentração da propriedade no setor", afirma Pedro Wilson.


Fonte: www.ptnacamara.org.br

Serra e governo de São Paulo, trabalhando por você


Serra e governo de São Paulo, trabalhando por você

USP cai em ranking de ensino superior

Instituição fica em 207º lugar; lista também cita Unicamp e UFRJ

Alexandre Gonçalves – O Estado SP
A Universidade de São Paulo (USP) não aparece mais entre as 200 melhores instituições de ensino superior do mundo no ranking elaborado pelo suplemento de educação do jornal britânico The Times, publicado anualmente desde 1971. No ano passado, a instituição estava em 196º lugar. Caiu para a 207º. Foi a segunda queda consecutiva. Em 2007, a USP atingiu sua melhor posição no ranking: 175. No cálculo do ranking, a variável com mais peso (40% da nota atribuída a cada instituição) é uma pesquisa de opinião com membros da academia pelo mundo. Foram entrevistadas 9.386 pessoas e são considerados os resultados dos últimos três anos. Nenhum pesquisador pode votar na universidade em que trabalha. Também contam fatores como a opinião do mercado de trabalho, número de alunos por docente, volume de citações de pesquisas realizadas pela instituição e quantidade de cientistas e estudantes de outros lugares do mundo que atuam na universidade. O professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Hamilton Luiz Corrêa, estuda avaliação global de empresas. Ele considera importante analisar com cuidado métodos que pretendem resumir em um número o desempenho de instituições. “Você pode valorizar um aspecto em detrimento de outro, igualmente importante.” Mesmo assim, considera inegável que alguns fatores prejudicam o desempenho de universidades brasileiras, entre elas, a USP. Ele cita um provável aumento na quantidade de artigos publicados nos últimos anos. “Mas não sabemos se houve um aumento proporcional na qualidade dos trabalhos”, aponta. O difícil diálogo com as empresas e a ausência de racionalidade administrativa nas instituições universitárias completariam o rol de obstáculos para a melhora do ensino superior no País. Procurada, a reitoria da USP não quis comentar. No ranking aparecem ainda a Unicamp (295º) e a UFRJ (383º).

quinta-feira, 8 de outubro de 2009





Paulo Henrique Amorim: Zepedágio boicota o ENEM nas universidades subordinadas ao governo de São Paulo


ENEM vazou em São Paulo.

Quem imprimiu as provas do ENEM foi a gráfica da Folha (*), a Plural.

As universidades de São Paulo subordinadas ao Governador do Estado, aqui conhecido como Zé Pedágio – clique para votar em trepidante enquete – decidiram não dar bola para o ENEM.

O novo prazo das provas do ENEM não atrapalha em absolutamente nada o programa escolar para o ano que vem.

Trata-se de uma forma de secessão.

Um Fort Sumter da Paulicéia – o início da Guerra da Secessão em que os estados escravocratas decidiram sair da União americana.

O Governo de São Paulo usa sempre um mesmo tipo de “tapetão” para boicotar políticas públicas do Governo Federal.

O Governo do Pedágio gosta é do dinheiro federal para inaugurar obras e dizer que são dele.

O “tapetão” funcionou na “gripe suína”.

Uma gripe de letalidade igual ou menor do que a gripe de inverno, de todos os anos, Zé Pedágio, a Folha (*) e a Globo transformaram numa hecatombe universal.

Zé Pedágio, célere, para desmoralizar o Ministério da Saúde, fechou as portas das escolas de São Paulo e não cancelou os jogos do Brasileirão da Globo, onde o risco de contágio era muito maior.

Agora, no “tapetão”, por coincidência, escolas subordinadas ao Zé Pedágio – USP e Unicamp – ignoram o ENEM.

O ENEM do Ministro Fernando Haddad é muito melhor, mais amplo e mede melhor conhecimento do aluno do que o do Paulo Renato, que tentou privatizar os elevadores do Ministério da Educação, no tempo do Fernando Henrique.

O dedo dele deve estar na canhoneira de Fort Sumter.

Ele foi o primeiro a dizer que culpa do vazamento era do Lula.

Como diz o sábio Fernando Lyra, São Paulo não pensa o Brasil.

Ou como diz esse modesto Conversa Afiada, a elite branca de São Paulo – de que Zé Pedágio é a barriga de aluguel – é separatista.

A prova ?

Vá ver, amigo navegante, como Zé Pedágio trata os nordestinos das favelas de São Paulo.

Paulo Henrique Amorim

Leia também

(*) Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele acha da investigação, da “ditabranda”, do câncer do Fidel, da ficha falsa da Dilma, de Aécio vice de Serra, e que nos anos militares emprestava os carros de reportagem aos torturadores.

O Legado Lula I - Um Colchão de Segurança




O Legado Lula I - Um Colchão de Segurança

Artigo de Stephen Kanitz
Blog 'O Brasil que dá certo' - Publiquei em 2004 na Veja, o artigo 'Faça um Colchão de Segurança', onde colocava uma preocupação com o baixo nível de reservas internacionais do Brasil na época, e que diante da crise que viria em 2008 foi presciente.

"Volatilidade faz parte da vida - e sempre fará. O correto é conviver com ela, e não tentar impedi-la. Governos anteriores acreditavam que saberiam intervir inteligentemente no câmbio ou nos juros, a cada nova crise, e portanto acumular reservas seria desnecessário e custoso. Nunca criamos reservas internacionais suficientes para enfrentar crises. Hoje (2004) temos somente 18 bilhões de dólares, dez dias de nosso PIB.

Reservas financeiras substanciais compram tranqüilidade e tempo, já que nenhuma crise dura para sempre. TODAS as crises foram nefastas para o Brasil porque nossas reservas sempre terminaram antes. Criar reservas nunca foi nossa prioridade. A China vive uma fase de prosperidade porque possui nada menos que 420 bilhões de dólares, o suficiente para enfrentar a pior crise que se possa imaginar.

Ninguém sabe como será o amanhã, exceto que teremos muitas crises pela frente. Se você tiver zero de reservas familiares, a crise o afetará 100%. Quanto mais reservas você tiver, menos ela o afetará. Quem enfrenta uma crise sem ter reservas acaba contraindo mais dívidas, como sempre acontece com o Brasil.”

Gostaria de dizer que Lula leu este artigo na Veja e mandou o Banco Central começar a acumular os 200 bilhões de reservas um ano depois, reservas que acababaram nos protegendo da crise de 2008. Certamente foi incentivado por Henrique Meirelles, primeiro administrador financeiro guinado ao Banco Central, que adota os mesmos princípios do artigo, como todo administrador. Reservas internacionais será um legado do governo Lula, que nenhum sucessor terá coragem de desmontar.


Dizer que Lula surfou a onda dos 18 bilhões de reservas deixadas pelo Plano Real é uma bobagem monumental. 18 bilhões não seguram crise alguma, desaparecem em duas semanas, como desapareceram em 1998 no final do Primeiro Mandato de FHC. Lula ao criar estas reservas de 200 bilhões lutou contra dezenas de especialistas, inclusive economistas de seu próprio partido, que achavam que 200 bilhões de reservas deveriam ser gastos em "saúde e educação".

Estas reservas, apesar de óbvias, eram politicamente complicadas devido ao seu custo elevadíssimo. O governo tinha que financiá-las a um juro interno de 16% ao ano, e só recebia 4% de juros quando aplicadas em títulos estrangeiros.

A crise americana de 2008 foi até uma benção, ao provar a tese de que reservas são necessárias, sempre. Nunca mais teremos que recorrer ao FMI, ou à amizade de um Bill Clinton. Estas reservas acumuladas por Lula serão um legado para sempre. Nos salvou da crise de 2008, bem diferente do desastre da crise de 1998 quando não tínhamos reservas suficientes.

Ter reservas suficientes será política de todo futuro governo, e precisamos ficar atentos e protestar se um futuro presidente decidir torrar as reservas, como algo custoso e desnecessário.

O que esse artigo do Stephen Kanitz relata é mais ou menos o que venho martelando nesse blog há algum tempo. A imprensa tenta vender para o país que o governo FHC foi 'uma mar de rosas' no campo fiscal. Enaltecem a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal como prova e seu governo parece que é sinônimo de responsabilidade fiscal. Balela.

Só que se esquecem de dizer que a LRF foi criada em 1999 justamente para ajudar a recuperar os 4 anos (95-98) de déficits primários que nos fizeram sair de pires nas mãos ao FMI. Não é a toa que o Brasil entrou nas crises asiáticas da forma como entrou, despreparado, frágil, sem recursos e tendo que pagar prêmios de risco na cada dos 1.700 pontos.

Como a crise financeira de 2008 mostrou ao Brasil, o problema não é a crise, mas a forma como nos preparamos para ela. Um desnutrido não enfrenta um resfriado da mesma forma como um bem alimentado. Nessa crise, o maior prêmio de risco que o Brasil pagou foi de 400 pontos e já estamos em 230 pontos. E estamos falando de instituições que sempre viraram a cara para o governo petista.

Nunca houve um mandato tão fiscalmente irresponsável quando FHC 1.0. Para mim FHC 2.0 é o principal herdeiro dessa herança maldita, que Lula ainda pegou de rebarba na crise cambial de 2002. Crise essa gerada pela nossa fragilidade fiscal e pelo terrorismo dessas mesmas agências de risco. Como um grande empresário que disse que sairia do Brasil caso Lula vencesse.

O Santander não captou hoje R$ 14,1 bilhões em seu IPO por conta dos belos olhos ou do choro do presidente Lula em Copenhagen, mas porque os investidores avaliam que o Brasil é hoje um país que lhe dá garantias. Garantias de ter contas públicas em ordem e um mercado interno aquecido.

Justamente o que não tínhamos em crise anteriores.

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