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terça-feira, 19 de agosto de 2025

Reforma Administrativa: modernização ou bomba contra o serviço público?

Reforma Administrativa: modernização ou bomba contra o serviço público?

Uma proposta de reforma administrativa, que será apresentada nesta semana pela Câmara dos Deputados, prevê alterações significativas no serviço público, incluindo a aplicação imediata de novas regras para servidores já em atividade.

O que muda

Entre as principais mudanças está o fim das férias de 60 dias por ano para juízes e promotores, que passarão a seguir a mesma regra dos demais trabalhadores: 30 dias anuais. A medida, que quebra um tabu da reforma anterior do governo Bolsonaro, visa reduzir privilégios e promover igualdade no setor público.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Resposta russa às ameaças nucleares ocidentais: uma escalada calculada, mas perigosa


Nos últimos meses, a Rússia deu sinais claros de que não pretende mais permanecer com restrições autoimpostas em seu arsenal nuclear. A justificativa oficial é a crescente ameaça percebida vinda da modernização e proximidade do poder militar dos Estados Unidos, além da hesitação europeia em conter essa escalada.

Em agosto de 2025, o fim da moratória sobre mísseis de curto e médio alcance marcou a retomada de uma postura mais agressiva: Moscou agora se reserva o direito de responder militarmente caso considere necessário.

Aposta Nuclear de Trump e a Resposta Russa: um jogo perigoso para a geopolítica global


Aposta Nuclear de Trump e a Resposta Russa: um jogo perigoso para a geopolítica global

O cenário internacional vive um momento de tensão máxima, marcado pela escalada retórica e estratégica entre os Estados Unidos, a Rússia e seus aliados. A recente “aposta nuclear” de Donald Trump — envolvendo o deslocamento de submarinos nucleares norte-americanos para áreas estratégicas — provocou reação imediata do Kremlin e intensificou a sensação de incerteza em torno da guerra na Ucrânia e da estabilidade global.

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Ceará: histórias de resistência, migração e memória

Ceará: histórias de resistência, migração e memória

No Ceará, muitas histórias permanecem apagadas, embora sejam fundamentais para compreendermos a formação do nosso povo. Sou filho de agricultores e cresci em um tempo em que meus pais aprenderam matemática e economia na escassez: dividindo, somando, multiplicando… talvez diminuir fosse o menos praticado em suas vidas.

Minha família guarda lembranças que atravessam o país. Tive avós que foram soldados da borracha na Amazônia e tios que desapareceram por lá. Recentemente, um parente padre, que mora na Alemanha, entrou em contato com meu irmão após realizar um teste genético. Meu irmão e minha mãe fizeram o exame e, ao acessar os registros, descobriram uma extensa família em Jaguaruana, nossa cidade de origem. A alegria maior veio ao constatar que nossa tradição católica permaneceu viva em padres, freiras e outros familiares, um legado que de alguma forma também seguiu o parente que realizou o teste.

quarta-feira, 13 de agosto de 2025



O “Colonialismo” dos Aliados: quando a Europa vira colônia

 O “Colonialismo” dos Aliados: quando a Europa vira colônia

Recentemente, uma declaração de um importante economista americano, comentada no programa da Fox News, deixou até o apresentador boquiaberto. Segundo Scott Bessent, a política econômica dos Estados Unidos passará a tratar a riqueza de seus próprios aliados — sim, seus parceiros da OTAN e do G7 — como se fosse um fundo soberano americano.

Em outras palavras, caberia ao presidente dos EUA decidir, “a seu critério”, como direcionar esse capital estrangeiro para construir fábricas e reindustrializar o país. O apresentador chamou isso de offshore appropriation, ou seja, apropriação de riqueza alheia além-mar. Um nome polido para o que, em termos mais diretos, poderíamos chamar de roubo institucionalizado.

O analista Arnaud Bertrand foi direto: isso é espólio colonial. A diferença é que, desta vez, o alvo não é o Sul Global — historicamente vítima das potências ocidentais —, mas os próprios aliados ocidentais, especialmente a Europa.

A lógica é simples (e perversa): incapaz de extrair riquezas ou vencer guerras de forma confortável contra um Sul Global mais assertivo e independente, Washington volta-se para dentro do seu círculo de aliados. Esses países, dependentes dos EUA para sua “proteção” militar, estão tão vulneráveis quanto as colônias do século XIX diante de seus “protetores”.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Beatriz: uma obra-prima de Chico Buarque e Edu Lobo

A canção Beatriz, fruto da parceria entre Chico Buarque e Edu Lobo, é uma verdadeira obra de arte. O acompanhamento de piano é magistral, com um arranjo magnífico, capaz de sustentar a delicadeza e a intensidade da composição.

A letra é fantástica, quase como uma história real, cheia de imagens e perguntas que nos colocam dentro da cena. Há um detalhe curioso e revelador da genialidade de Chico: a palavra céu é cantada na nota mais aguda, enquanto chão aparece na mais grave, algo que encantou e surpreendeu Edu Lobo pela coincidência expressiva.

Na voz de Milton Nascimento, a canção atinge um patamar ainda mais alto. Ele consegue transitar por modulações complexas sem ceder à tentação da desafinação, algo que, segundo o próprio Edu Lobo, é um desafio para grandes intérpretes pela dificuldade de execução.

O piano e o arranjo musical seguem impecáveis, mantendo o compasso e o tempo exatos imaginados por Edu, sem perder de vista a poesia da letra. Beatriz, que rima com atriz e com por um triz  evoca a sensação de se aproximar da vida de alguém e arriscar-se a entrar no seu mundo.

A introdução do piano é um convite à contemplação, como se preparasse o ouvinte para as perguntas de Milton: “Será que é moça? Será que é triste? Será que é o contrário? Será que é pintura o rosto da atriz? Será que dança no sétimo céu?” e assim seguimos, embalados pela imaginação, acreditando que possa existir “um outro país”.

Beatriz é, enfim, uma lição de imaginação e sensibilidade, capaz de nos conduzir para dentro de um universo íntimo e encantado, onde a música e a poesia se fundem em beleza.

Brasil envia generais para a China: um gesto inédito na diplomacia militar brasileira


Brasil envia generais para a China: um gesto inédito na diplomacia militar brasileira

A notícia divulgada pela Sputnik Brasil no dia 11 de agosto marca um movimento histórico na política externa brasileira: até o final deste ano, o Brasil enviará dois adidos militares com patente de general ou equivalente para a embaixada em Pequim. Até então, essa distinção só era concedida à embaixada brasileira em Washington, centro histórico da cooperação militar e diplomática com os Estados Unidos.

À beira do colapso: o mundo no fio da navalha



O planeta vive um tempo de instabilidade permanente. O chamado Relógio do Juízo Final, criado pelo Bulletin of the Atomic Scientists, avança impiedoso: 90 segundos para a meia-noite, a menor distância da história até o “fim simbólico” da civilização. As ameaças são múltiplas e interligadas — uma verdadeira policrise.

De um lado, a geopolítica incandescente. Conflitos abertos, como a guerra Rússia–Ucrânia, o Oriente Médio em chamas e a crescente tensão entre Estados Unidos e China, alimentam o espectro de um Armagedom nuclear. Ao mesmo tempo, sanções econômicas, disputas por tecnologia e a fragmentação das cadeias de suprimentos redesenham silenciosamente o mapa do poder mundial.

Do outro lado, a crise ambiental não dá trégua. Mudanças climáticas aceleram secas, tempestades, incêndios e inundações. Tsunamis e terremotos, fenômenos geológicos que sempre existiram, agora encontram populações mais vulneráveis e cidades construídas em áreas de risco. Florestas queimam, espécies desaparecem e ecossistemas inteiros entram em colapso.

A guerra econômica, a destruição ambiental e a instabilidade política formam um circuito fechado. Catástrofes naturais geram fome e migração em massa, alimentando conflitos e extremismos. Conflitos, por sua vez, destroem cooperação internacional e bloqueiam acordos climáticos, empurrando o planeta ainda mais para o abismo.

Vivemos em um mundo onde as crises não são mais eventos isolados, mas peças de um dominó global. Um mundo onde a linha entre o presente instável e o futuro irreversível se torna cada vez mais tênue. A pergunta que se impõe não é mais se conseguiremos evitar o pior, mas quando decidiremos agir como se o pior ainda pudesse ser evitado.

 


Do golpe de 2016 ao sequestro da Câmara: um fio que não se rompe

Do golpe de 2016 ao sequestro da Câmara: um fio que não se rompe

A história política recente do Brasil pode ser lida como uma linha contínua de eventos conectados por um mesmo objetivo: o controle da opinião pública e das instituições. Como observou o jornalista Janio de Freitas, o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, a operação Lava Jato, a prisão do ex-presidente Lula e a candidatura de Jair Bolsonaro formam um conjunto articulado. Essa articulação contou com o apoio e financiamento de institutos liberais, empresas e até do governo dos Estados Unidos, criando o terreno fértil para o avanço de uma agenda de retrocessos políticos, econômicos e sociais.

O golpe parlamentar de 2016 abriu caminho para a criminalização seletiva da política e para uma ofensiva judicial e midiática sem precedentes. A Lava Jato, hoje desmoralizada por suas ilegalidades, foi peça-chave nesse processo, ajudando a inviabilizar a candidatura de Lula em 2018 e facilitando a ascensão de Bolsonaro ao poder. Ao mesmo tempo, um trabalho persistente de manipulação da opinião pública, potencializado pelas redes sociais, consolidou uma base de extrema-direita disposta a desafiar o próprio Estado Democrático de Direito.

Os ecos dessa trajetória ressoam até hoje. No dia 8 de agosto de 2025, um grupo de 14 deputados federais sequestrou, simbolicamente, a Câmara dos Deputados. Ao impedir o presidente interino, Hugo Motta, de exercer suas funções e paralisar as votações, esses parlamentares buscavam pressionar pela anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A manobra, descrita por muitos como um “sequestro” do Congresso, revela o medo dessa ala radical de ver seus aliados julgados pelo Supremo Tribunal Federal.

O episódio não é um fato isolado: ele se insere numa cadeia de acontecimentos que, desde 2016, fragilizam as instituições e colocam em xeque o pacto democrático. O que começou como um ataque político-midiático contra um governo eleito se transformou numa disputa aberta pelo controle das regras do jogo e pela impunidade de quem tenta subverter a democracia.

Se o país não romper esse fio histórico, corre o risco de ver a democracia sendo corroída não apenas por golpes declarados, mas também por ações silenciosas, articuladas e repetidas, cada uma pavimentando o caminho para a próxima.

Por fim, Bob Fernandes traz um prontuário de cada deputado e deputada, o que interessante observar no vídeo. Incrível a ficha corrida de cada deputado e deputada no roubou das emendas secretas. Por isso, estes deputados (as) querem acabar com o foro privilegiado para que possam ser jugados na primeira instância de seus estados onde têm mais chances de "jogo". 

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

🌍 O Fim da Hegemonia Americana? Um Olhar Sertanejo sobre a Geopolítica Global

Por Olhos do Sertão

Vivemos um tempo em que as placas tectônicas da geopolítica mundial estão em movimento. E, como bem lembram o cientista político argentino Ezequiel Bistoletti e o pesquisador Pascal Lottaz, os ventos que antes sopravam unicamente de Washington agora enfrentam resistência.

Em uma conversa densa, mas reveladora, eles afirmam com todas as letras: a hegemonia dos Estados Unidos está ruindo  e o Sul Global começa a traçar seu próprio caminho.

De Berlim a Buenos Aires, do canal Demoliendo Mitos de la Política ao YouTube, a análise deles percorre o mundo com precisão cirúrgica: Argentina, México, Brasil, Rússia, China... Cada país com sua trajetória, cada nação buscando respirar fora do velho guarda-chuva norte-americano.

E aqui do sertão, o que essa conversa nos diz?

Diz que a força sem estratégia está com os dias contados. Os EUA, acostumados a impor vontades pelo poderio militar e econômico, agora enfrentam potências como Rússia e China, que agem com paciência, estratégia e diplomacia. O que antes era uma estrada de mão única, agora virou um cruzamento perigoso e promissor  para quem ousa mudar o rumo.

O Brasil, especialmente após se posicionar nos BRICS e encarar os desmandos de Washington, aparece como peça-chave nesse novo tabuleiro. Um país continental, com riquezas e diversidade, que começa a compreender que não precisa se curvar, que pode negociar de igual para igual — se tiver coragem, clareza e projeto de nação.

O mais impressionante é que, em meio a essa reconfiguração global, a desdolarização emerge como símbolo dessa transição. Vários países estão deixando de usar o dólar em suas transações internacionais. É como se o mundo dissesse:

“Podemos fazer diferente. Podemos fazer por nós mesmos.”

Reflexões dos Olhos do Sertão

Este cenário global nos convida a refletir:

Que lugar o povo do campo, o agricultor familiar, o jovem do interior ocupa nesse novo mundo?

Que papel a educação, a soberania alimentar, a cultura popular podem ter nesse processo?

A resposta talvez esteja em algo que o sertanejo conhece bem: resiliência com sabedoria.
Saber esperar o tempo da colheita. Resistir às estiagens. Plantar mesmo quando o céu parece fechado.

Porque o mundo está mudando  e o sertão também está acordando para seu papel nesse novo tempo.

O futuro não virá pronto de Washington nem de Pequim.

Mas pode brotar do chão onde pisamos, se formos capazes de pensar com os pés na terra e os olhos abertos para o mundo.

Resumo da conversa entre Bistoletti e Lottaz

A seguir, destaco os principais pontos discutidos no vídeo compartilhado, onde os pesquisadores analisam a transformação da ordem mundial e o surgimento de uma nova multipolaridade, liderada em parte pelo Sul Global e pelos BRICS:

Fim da Hegemonia Americana

Bistoletti argumenta que os EUA perderam sua capacidade de liderança global racional e estratégica.

O império norte-americano já não oferece uma narrativa ou projeto convincente para o mundo.

A política externa dos EUA hoje é baseada mais na força bruta do que em diplomacia ou planejamento.

Emergência do Sul Global

América Latina, África e Ásia estão reorganizando suas prioridades geopolíticas.

Países como Brasil, México, Argentina e Índia buscam alternativas que não dependam dos EUA ou da Europa Ocidental.

O Sul Global deixa de ser apenas “campo de batalha” e se torna agente ativo da nova ordem global.

Desdolarização

Um dos temas centrais da conversa é o processo de desdolarização.

Diversos países dos BRICS estão substituindo o dólar em transações internacionais.

Essa mudança enfraquece o poder dos EUA de impor sanções.

China e Rússia lideram o movimento, com o Brasil sinalizando apoio.

O Brasil no Tabuleiro Geopolítico

Sob a liderança de Lula, o Brasil busca retomar uma política externa soberana.

Sofre pressões dos EUA, especialmente dos setores alinhados à linha dura trumpista.

Tenta manter relações com o Ocidente, sem abrir mão de fortalecer sua posição nos BRICS.

EUA sem estratégia, Rússia e China com visão

Enquanto os EUA apostam em sanções, guerra e contenção, Rússia e China atuam com pragmatismo e visão estratégica.

A China amplia sua influência por meio da diplomacia econômica, investimentos e acordos comerciais, como a Nova Rota da Seda.

Conclusão

Os ventos da geopolítica estão mudando. E quem observa com atenção — até mesmo aqui, dos Olhos do Sertão - pode perceber que um novo mundo está nascendo.
Um mundo onde o centro do poder já não dita sozinho as regras.

Cabe a nós decidir: vamos ser espectadores ou protagonistas?

Talvez o futuro esteja menos em Washington ou Pequim, e mais no chão que cultivamos, no saber que preservamos e na coragem de reinventar nossos próprios caminhos.