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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Gibi da Abril e “o país dos metralhas”

Por Altamiro Borges

A Editora Abril envia às bancas nos próximos dias o gibi “O país dos metralhas”, reunindo 10 histórias dos famosos larápios de Wall Disney. O lançamento já agitou as redes sociais. Os que conhecem os truques sujos da famiglia Civita observam que o título da publicação é parecido com os dois livros do pitbull da Veja, Reinaldo Azevedo – “O país dos petralhas”. Também informam que o gibi traz uma tradução escrota do termo “nasty” (sórdido), impresso como “petralha”. Há, ainda, a cor vermelha nas camisetas dos metralhas.

Em seu blog, o pitbull da Veja já desqualificou os críticos. Ele garante que o seu patrão não teve motivação política. Mas confessa que gostou do título. “Todos sabem que a palavra ‘petralha’ foi inspirada na turma? Eu fiz eco aos bandidos do gibi, e o gibi faz eco aos livros ‘O País dos Petralhas’. Não! Não foi conspiração. Eu nem sabia... Eu curtia, quando moleque, a história dos larápios ingênuos que sempre se davam mal no fim. Os petralhas acham que já triunfaram. Tanto é assim que agora resolveram dar início à caça às bruxas”.

Já o tradutor João Lucas Gontijo Fraga, em texto postado no blog de Luis Nassif, criticou a tradução do termo “nasty”, mas aconselhou os internautas a evitarem polêmicas desnecessárias. Reproduzo seu texto na íntegra:

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Sou tradutor e fui o primeiro a me enfurecer quando a Abril traduziu ‘nasty’ (termo pejorativo geral) por ‘petralha’ (termo pejorativo específico). O que a Abril fez na ocasião foi prostituir a minha profissão. Não aceito isso e levo essa questão MUITO a sério.

Então tenho autoridade para dizer que:

1- Não era uma tradução, pelo visto, e sim uma escolha. Uma escolha com agenda política, óbvio, mas, pelo menos dessa vez, a Editora Abril não prostituiu minha profissão.

2- Em termos de efeito, mudar a cor da camisa dos Irmãos Metralha e fazer auto-referência a um livro de RA tem mais ou menos a mesma eficiência de cuspir em um míssil que vem na sua direção na esperança de mudar sua trajetória.

3- O PSDB foi quem ficou enchendo a paciência quando Dilma vestiu vermelho. Se queremos ser diferenciados deles, convém não mordermos a isca.

4- Eles dizem mentiras bem piores, de formas bem mais grotescas, o tempo todo. Foco nas coisas sérias, não nas trivialidades”.

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Seja qual for a intenção da famiglia Civita – que deixou os EUA nos anos 1950 e desembarcou no Brasil com um estranho contrato de exclusividade para a publicação das histórias em quadrinhos de Wall Disney –, o lançamento do novo gibi serve para algumas indagações. Afinal, quem são os verdadeiros bandidos no país? Carlinhos Cachoeira, o mafioso que mantinha íntimas ligações com o editor-chefe da Veja, Policarpo Júnior, encaixa-se neste perfil? E o senador cassado Demóstenes Torres, o “mosqueteiro da ética” da Veja?

Bob Civita, o chefão da Editora Abril, sempre esteve próximo dos poderosos. Tanto dos generais golpistas de 1964 como dos políticos fisiológicos que infernizam o país. Como os gatunos de rua, Civita nunca deu transparência às suas operações. Até hoje permanecem nebulosas as negociações com os governos tucanos para a compra de assinaturas das revistas da Abril e para a aquisição de milionários anúncios publicitários. Quem são os verdadeiros metralhas no Brasil – que não têm nada de ingênuos? 

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