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Violência explode em São Paulo e desafia Alckmin
Homicídios cresceram 96% em setembro, com mais de quatro ocorrências diárias, e estão relacionados com os confrontos entre policiais e organizações criminosas; Geraldo Alckmin afirma que “não vai retrogir”, mas especialistas pedem uma nova política de segurança
247 – Cento e trinta e cinco homicídios em setembro. Mais de
quatro por dia. Cinco policiais assassinados em setembro. Ao todo, a
onda de violência em São Paulo fez a taxa de homicídios crescer 135%,
ampliando a percepção de insegurança da população, em meio a confrontos
entre policiais e facções criminosas, como o Primeiro Comando da
Capital.
Não se trata de um dado apenas pontual, do mês de setembro, em que os
confrontos se intensificaram. No trimestre, os homicídios na capital
paulista cresceram 24,7%. No ano, os 919 homicídios ocorridos nos nove
primeiros meses ficaram 22,7% acima do total do mesmo período do ano
passado.
A polícia de São Paulo, no entanto, nega que a onda de violência
esteja relacionada aos confrontos entre PMs e bandidos, em ocorrências
conhecidas como “resistência seguida de morte”. "O principal aumento
nos casos de homicídios ocorreu entre pessoas que não têm propensão ao
crime, como homicidas passionais e aqueles que matam depois de brigar no
trânsito ou dentro de casa", disse o coronel Roberval Ferreira França,
comandante-geral da PM. “Não é possível atribuir o aumento dos
homicídios a um suposto embate entre policiais e facção, como a imprensa
tem afirmado “, disse.
Política de segurança questionada
Segundo o governador Geraldo Alckmin, a política de segurança do
estado não está equivocada. “O governo não vai retroagir um milímetro. É
ir para cima de criminoso. Polícia nas ruas e criminoso na cadeia”,
afirmou.
Alckmin, no entanto, tem sido criticado por declarações interpretadas
como carta branca para que a polícia mate indiscriminadamente, mesmo
quando não há necessidade, o que alimento os conflitos. É o que pensa a
coordenadora do Núcleo de Análise de Dados do Instituto Sou da Paz,
Ligia Rechenberg. “Precisamos de uma declaração que diga explicitamente
que não é matando que a polícia vai conter essa onda”, disse. “O que
vemos nos últimos meses é exatamente o contrário, são declarações
alimentando essa onda de violência. Dando carta branca”.
Theo Dias, professor de Direto Penal da Fundação Getúlio Vargas (FGV), diz que o Estado tem um discurso contraditório. “De um lado, tenta diminuir a importância do PCC (Primeiro Comando da Capital), mas de outro reforça a ideia de que estamos numa guerra”, afirmou ao jornal Estado de S. Paulo.
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