Barbara Gancia chuta o pau da barraca
Colunista da Folha diz que Lula venceu as eleições, que Veja distorce a realidade ao vender Joaquim Barbosa como novo herói nacional, que José Genoino não merece o que está vivendo e condena a análise maniqueísta dos que analisam o julgamento do mensalão com sangue nos olhos.
Colunista da Folha diz que Lula venceu as eleições, que Veja distorce a realidade ao vender Joaquim Barbosa como novo herói nacional, que José Genoino não merece o que está vivendo e condena a análise maniqueísta dos que analisam o julgamento do mensalão com sangue nos olhos.
247 – Colunista da Folha, Barbara Gancia se diz assustada com o “sangue nos olhos” dos que pregam punição exemplar aos réus da Ação Penal 470 e afirma que Lula foi o grande vencedor das eleições municipais de 2012.
Leia:
Bem x Mal
Barbara Gancia
Seria uma lição de democracia se do julgamento do STF constassem não só PT, mas Democratas, PSDB etc.
Está tudo muito bom, está tudo muito bem. E o "New York Times", o "Financial Times" e o "Times" de Londres podem estar certos de que o julgamento do mensalão representa um avanço brutal para a democracia tapuia, como bem notou o nosso monumental Clóvis Rossi em sua coluna de ontem, mas esta "bastian contraria" (a expressão é piemontesa) que vos fala veio posar na sua sopa para discordar.
É claro que quem tem culpa que pague o que deve. E eu também, como todo o resto do Ocidente (excluindo talvez o Suriname, Cuba e a Cristina Kirchner -que deve sentir coisas por ele), não vou com os cornos do Zé Dirceu.
O homem escondeu a própria identidade da mulher, vive de amassos com os Castro, não é exatamente exemplo de democrata e blá-blá-blá-blá-blá.
Acontece que não consigo dissociar a imagem de Joaquim Barbosa de Torquemada e o julgamento do mensalão da Inquisição. Estamos assistindo a um massacre e há muito ainda a considerar.
Diziam que o julgamento seria parcial porque Lula havia escolhido os juízes. Não aconteceu. Aliás, essa desconfiança preconceituosa me faz lembrar o terceiro mandato de Lula, que não houve.
Enunciavam também que o mensalão ia dar a vitória a Russomanno em primeiro turno.
Não aconteceu. Por sinal, a economia nem vai tão bem e Haddad lidera as pesquisas.
E Lula, ora, Lula foi o grande vencedor do primeiro turno (tadinha da Martoca) e vai levar São Paulo de enxurrada, né não? Fica claro também que a classe média alta que se diz informada, mas que raramente acaba obtendo colocação profissional fora do âmbito familiar, quer ver o PT ser varrido do mapa.
Essa é a turma que torce como nunca no Fla-Flu do julgamento do STF.
Nos últimos tempos, até a Dilma eles têm tratado com um desdém que antes não havia ali. Já para o zé povinho, tanto faz. Para a perifa, obviamente não só despida de preconceito contra o Lula como identificada com ele até a alma e beneficiada pelas mudanças sociais, escândalo de compra de votos da reeleição, anões do Congresso, Sivam, Zé Dirceu, Collor... é tudo a mesma lasanha.
Eu até concordo que a gente queira ver canalhas ricos o bastante para contratar advogados top na cadeia. Mas, vem cá: o Genoino, gente? Todo mundo conhece o Genoino, sabe que ele não vive no luxo. E não merece o que está acontecendo.
Nesta semana vi gente com sangue nos olhos dizendo que queria vê-lo atrás das grades. Isso não pode ser sede de justiça. É outra coisa. É preconceito puro.
E olha que o Muro de Berlim já caiu há mais de 20 anos!
É uma deturpação das mais danosas ao país colocar na capa da maior revista semanal tapuia uma criança negra e pobre que subiu na vida pelo próprio esforço como se ela fosse o novo Pelé.
É como se a classe dominante dissesse: "Os nossos pretos pobres são melhores do que os deles".
Os negros pobres do Lula precisam do Bolsa Família e de cotas para chegar lá. Joaquim Barbosa (que, note, se declara eleitor do PT) venceu sozinho, não precisou de "política assistencialista", não é mesmo? Pessoal ainda não entendeu que não é muleta, mas reparação por séculos de apartheid social.
Seria lição de democracia se do julgamento do STF constassem não só PT, mas PSDB, DEM etc. Julgar ignorando garantias, sem direito a recurso e partindo da certeza de que quanto menos provas, maior o poder do réu e, portanto, hipoteticamente, maior sua culpa, é inverter a lógica. Isso não pode ser coisa boa, viu, "Times" de Londres?
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