O mal por si se destrói "
Nenhum governo foi tão contestado, por tantos, em tão pouco tempo quanto este. Não só os que foram desalojados do poder e seus simpatizantes estão revoltados com o rumo que o presidente provisório Michel Temer está imprimindo, mas até mesmo aqueles que o apoiaram até anteontem não conseguem mais ficar calados ou indiferentes.
Nenhum governo foi tão contestado, por tantos, em tão pouco tempo quanto este. Não só os que foram desalojados do poder e seus simpatizantes estão revoltados com o rumo que o presidente provisório Michel Temer está imprimindo, mas até mesmo aqueles que o apoiaram até anteontem não conseguem mais ficar calados ou indiferentes.
O
primeiro erro de Temer foi ter se deslumbrado com os inesperados 55
votos de senadores pró-impeachment, o que lhe deu – e aos seus
correligionários – a ilusão de que já tinham os 2/3 que serão
necessários depois do julgamento do processo e acharam que podiam fazer o
que bem quisessem. No entanto, o primeiro erro foi justamente esse.
Em vez de se comportarem como governantes provisórios, os golpistas se
arrogaram em governantes definitivos, passando a desmontar a máquina do
estado de forma avassaladora, a pretexto de "economizar", mas, na
verdade, criando o caos ma máquina administrativa, com a eliminação de
ministérios sociais, fusão de dois ministérios incompatíveis cuja
consequência inevitável será enfraquecer ambos em mais de uma situação, o
que vai acarretar enormes prejuízos, pois esse governo, de acordo com a
constituição tem prazo de validade de seis meses e, se não tiver os
votos para continuar terá de abandonar o poder e o governo Dilma vai ter
que demolir essa configuração esdrúxula a custo muito maior do que a
suposta "economia" de transformar 37 ministérios em 22.
Apressado
come cru. A nova fase do "impeachment" – o julgamento – ainda nem
começou e um dos 55 votos está indo para o ralo, por obra e graça de
Cristóvão Buarque, o primeiro senador a se revoltar contra a formação do
ministério Frankenstein, sem minorias, sem mulheres e com uma plêiade
de envolvidos em ações penais no STF e na Lava Jato. Levando-se em conta
que ele preveniu, na comissão do Senado, que votaria a favor naquela
ocasião mas que esperaria o julgamento para decidir se manteria seu
voto, tudo leva a crer que o seu Temer tende a perder. Se perder apenas
mais um desaparece a sua maioria de dois terços.
Funcionários do
ministério da Cultura receberam o novo ministro com cartazes de
protesto; as ruas começam a ficar lotadas de manifestantes
inconformados; o chefe da Fiesp, pai do pato amarelo não sabe como vai
explicar a volta da CPMF, já acenada pelo novo ministro da Fazenda, pois
esse era o maior inimigo do pato amarelo e que também complica a vida
de Paulinho da Força, o mais fiel componente da tropa de choque de
Eduardo Cunha; a primeira entrevista de Temer ao portavoz oficial do
golpe, a Rede Globo foi recebida com panelaços, mas a crítica mais
contundente partiu daquele que deu credibilidade ao "impeachment",
daquele que era usado como escudo pelos golpistas, daquele de quem a
toda hora se dizia "o impeachment não partiu da oposição, mas de um
fundador do PT". Pois esse senhor, chamado Hélio Bicudo, que em outras
épocas desmascarou Adhemar de Barros, que assaltava o governo de São
Paulo quando não havia órgãos de controle nem imprensa vigilante, não se
furtou a reconhecer, na primeira hora, o teor do novo governo ao
classificá-lo de "cleptocracia", o mesmo que pode ser aplicado ao
ex-governador paulista.
Cleptocracia é um termo de origem grega,
que significa, literalmente, "governo de ladrões" , cujo objetivo é o
roubo de capital financeiro de um país e do seu bem-comum.
A
cleptocracia ocorre quando uma nação deixa de ser governada por um
Estado de Direito imparcial e passa a ser governada pelo poder
discricionário de pessoas que tomaram o poder político nos diversos
níveis e que conseguem transformar esse poder político em valor
econômico, por diversos modos[.
A fase "cleptocrática" do Estado
ocorre quando a maior parte de sistema público governamental é capturada
por pessoas que praticam corrupção política, institucionalizando a
corrupção e seus derivados como o nepotismo, o peculato, de forma que
estas ações delitivas ficam impunes, por todos os setores do poder
estarem corrompidos, desde a Justiça, os funcionários da lei e todo o
sistema político e económico.
O jornal britânico Financial Times
classificou Angola como uma cleptocracia e os seus dirigentes como elite
indiferente ao resto da população.
No início de 2004, a ONG
anti-corrupção com sede na Alemanha, Transparência Internacional,
divulgou uma lista do que acredita serem os 10 líderes mais cleptocratas
dos últimos anos. Em ordem de valor supostamente roubados (em dólar dos
Estados Unidos), foram : 1)Ex-presidente da Indonésia, Suharto ($ 15
bilhões - $ 35 bilhões entre 1967 e 1998); 2) Ex-presidente das
Filipinas, Ferdinand Marcos ($ 5 bilhões - $ 10 bilhões entre 1972 e
1986); 3) Ex-presidente do Zaire, Mobutu Sese Seko ($ 5 bilhões entre
1965 e 1997); 4) Ex-chefe de Estado da Nigéria, Sani Abacha ($ 2 bilhões
- $ 5 bilhões entre 1993 e 1998); 5) Ex-presidente da Iugoslávia e da
Sérvia, Slobodan Milošević ($ 1 bilhão entre 1989 e 2000); 6)
Ex-presidente do Haiti, Jean-Claude Duvalier ($ 300 milhões - $ 800
milhões entre 1971 e 1986); 7) Ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori
($ 600 milhões entre 1990 e 2000); 8) Ex-primeiro-ministro da Ucrânia,
Pavlo Lazarenko ($ 114 milhões - $ 200 milhões entre 1996 e 1997); 9)
Ex-presidente da Nicarágua, Arnoldo Alemán ($ 100 milhões entre 1997 e
2002); 10) Ex-presidente das Filipinas, Joseph Estrada ($ 78 milhões - $
80 milhões entre 1998 e 2001).
A continuar como está, o Brasil é
sério candidato a constar dessa lista nefanda, para vergonha e espanto
de todos os que sairam às ruas contra a cleptocracia.
Em
vez de se comportarem como governantes provisórios, os golpistas se
arrogaram em governantes definitivos, passando a desmontar a máquina do
estado de forma avassaladora, a pretexto de 'economizar', mas, na
verdade,…
brasil247.com|Por Brasil 24/7
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