Agnelo Queiroz aguarda o momento certo para destruir a imprensa corrupta
“Querem manchar o meu governo”
Em entrevista ao Jornal da Comunidade, o governador do Distrito Federal afirma não ter qualquer relação com as denúncias da Polícia Federal ao contraventor Carlinhos Cachoeira e que tudo não passa de intriga e distorção dos fatos.
Para Agnelo, o bicheiro usou o senador Demóstenes Torres para persegui-lo, pedindo inclusive seu impeachment, em 2011, para que ele cedesse às pressões de nomeações no GDF de pessoas ligadas à organização criminosa que atua em vários estados brasileiros
ALLINE FARIAS
amelo@jornalcoletivo.com.br
AMANDDA SOUZA
asouza@jornaldacomunidade.com.br Redação Jornal da Comunidade
Nos últimos dias, o nome do governador Agnelo Queiroz, voltou a ser foco na mídia devido a denúncias de um possível envolvimento dele com Carlos Cachoeira, suspeito de comandar um esquema de jogo ilegal em Goiás.
Para Agnelo, o pedido de impeachment feito pelo senador Demóstenes Torres, em 2011, seria uma forma de pressionar o GDF a ceder às investidas de Carlos Cachoeira, que tentou nomear pessoas ligadas ao grupo criminoso em cargos estratégicos do Buriti. “Na época eu não imaginava, mas hoje reflete a insatisfação brutal do grupo e do partido com o meu governo”, disse Agnelo.
O governador se defende das acusações: “Eu também estou fazendo minha apuração. Estamos pedindo compartilhamento das provas, e qualquer fato encontrado será punido”.
Agnelo afirma não ter qualquer relação com as denúncias da Polícia Federal a Cachoeira e que tudo não passa de intriga e distorção de fatos.
Trechos de conversas divulgadas citam nomes de membros do primeiro escalão do GDF, como o secretário de governo, Paulo Tadeu, o secretário de Saúde, Rafael Barbosa, e o assessor, Cláudio Monteiro, que pediu afastamento do cargo para se defender das acusações.
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Comunidade, porém, Agnelo Queiroz observa que em nenhum momento a Polícia Federal confirma, de fato, que ele esteja envolvido em algum esquema de corrupção junto a Carlos Cachoeira e afirma: essa onda de denúncias é uma tentativa, não se sabe de quem, de tentar atingir o PT e, particularmente, o governador do Distrito Federal.
As denúncias da operação Monte Carlo ligam o GDF ao esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira...
Essa crise é do DEM e do PSDB, e de Goiás. Por que a Polícia Federal fez uma longa apuração e todo mundo sabe o vigor dessas apurações da Polícia Federal, mas de um ano e meio grampeando esses atores, cujo objetivo era pegar uma ação ilegal do jogo, caça níquel e contravenção. E foi justamente nessa investigação que se identificou as relações desse grupo e essas relações que estão bem caracterizadas nos autos da Polícia Federal. Ressalto: o que sai na imprensa não é o que está na Polícia Federal. Infelizmente, nem toda imprensa dá notícias, especificamente a imprensa nacional. O que a polícia detectou foi a ligação desse grupo com o senador Demóstenes Torres. Trezentas ligações dele pessoais com o Carlos Cachoeira advogando e legislando pelo jogo no Congresso. Isso é fato e pegou uma série de relações de influência do grupo com o estado de Goiás, envolvimento citado pela polícia. Não estou fazendo juízo de valor, por que não tenho obrigação de fazer isso.
Mas a investigação cita políticos...
O que foi investigado pela polícia, dos nomes políticos que estão vinculados a Carlos Cachoeira, a Polícia Federal indicou, desde o senador, deputados federais, prefeitos, governadores etc. Inclusive, indicação de primeiro escalão. Isso é que está nos autos. Mas o que se vê na TV é atacar o governador do Distrito Federal e ninguém ataca o crime, o jogo. Você não vê também falar sobre as outras ligações políticas, também, com o estado de Goiás, que foi apurado e o que não está nos autos é uma tentativa desesperada, desconexa, contraditória para envolver o governador do DF e o PT.
O senhor ou o GDF tem negócios com algum dos personagens dos grampos da PF?
Não tenho nenhum negócio com o Carlinhos Cachoeira ou com o grupo dele. Eu não tenho, nem o GDF tem. Tanto é que todos os diálogos que apresentam mostram a dificuldade que este grupo tem de emplacar alguém no DF. Eles não conseguem indicar uma pessoa, não conseguem indicar um negócio. Então, não tem um único negócio aqui no DF com anuência do GDF. Essa é a maior prova. A segunda maior prova é a própria divergência desse grupo comigo, por que foi justamente o representante desse grupo, o Demóstenes Torres que pediu meu impeachment. Então, achar que um grupo que tem influência aqui, que está fazendo negócio aqui, está pedindo o meu impeachment, a avaliação do próprio Cachoeira num diálogo, que vocês podem observar em alguns jornais, ele fazendo referência de que o governo aqui não vai até o final do ano.
O senhor acha que o pedido de impeachement do Demóstenes não foi uma forma de pressionar o governo a ceder alguma indicação ou algum contrato com o grupo?
Eu penso hoje, por que na época não poderia pensar isso, que reflete a insatisfação brutal do grupo dele com o meu governo. Como eu fechei as torneiras para tudo que é tipo de negócios e isso era uma coisa sistêmica em todo governo do DF, então, tenho certeza que aqui, desse grupo, não tem absolutamente nada no governo do DF. Falo isso com, digamos, com muita segurança. Se algum agente, de qualquer que seja o escalão, por iniciativa individual tentou fazer isso, é responsabilidade individual, não vingou e será punido, por que eu também estou fazendo minha apuração. Temos a Secretaria de Transparência e comunicamos ao STF, já estamos pedindo compartilhamento das provas para receber tudo que diz respeito a qualquer pessoa do DF. Isso inclui também o governador. Se tiver qualquer coisa, haverá punição. Portanto, se alguém cometer individualmente, paga individualmente. Eu asseguro que do governo do DF não tem absolutamente nada e as transcrições que temos acesso, que tem saido na imprensa, confirmam isso, apesar de que a imprensa faz uma interpretação que tem ligação, essa é a grande contradição, uma forçação de barra para mostrar uma ligação do GDF com esse esquema.
O senhor disse que o grupo de Cachoeira não conseguiu indicar ninguém, mas chegou algum pedido de indicação até o senhor?
Não chegou, isso que é importante. E tem lógica de não ter chegado. Quando eu assumi, a empresa Delta já estava explorando lixo aqui por decisão judicial, teve uma licitação em 2007, no governo Arruda. Em dezembro de 2010, o governador Rosso cumpriu uma decisão judicial. Quando eu recebi o governo, já estava atuando e cumprindo o contrato.
E por que o diretor do SLU saiu do cargo?
Isso foi uma mudança que fiz antes desses episódios, não tem nada a ver com eles. Não houve pressão desse grupo para a indicação de João Monteiro, como vêm dizendo. Isso não é verdade. Eu escolhi o João Monteiro por que ele é um delegado da Polícia Civil, secretário de Segurança Pública e o motivo pelo qual eu o coloquei lá era justamente por que eu tinha certeza que ele não teria ligação com essa área, no geral.
Porque o senhor escolheu um delegado?
A área de lixo é sempre complicada em qualquer lugar do Brasil. Então, o que fiz? Coloquei um secretário de segurança pública. Ninguém notou um negócio desse. Ele saiu da SSP e foi para SLU. Poder imaginar que ele pudesse ser interesse de alguém não é, pelo menos, razoável. Tem um depoimento que saiu na Folha de S. Paulo, um diálogo desses, do Dadá com o Marcello, onde ele diz “os caras nomearam só inimigos da Delta. O que esses caras me ajudaram até hoje. Ninguém fez p...nenhuma”. Essa é a opinião do cara, representante do Cachoeira, junto à Delta. Não querem saber disso, infelizmente, a campanha que tentaram me envolver. Falo campanha por que não tem denunciante, não tem um partido, um político, estou sendo atacado pela imprensa, com frases desse tipo, para provar uma vinculação. Mas só que, ao apresentar frases, ela nega a acusação. Como pode dizer que esse cara teve influência na indicação se o que está dito é absolutamente o contrário.
O João Monteiro chegou a relatar alguma pressão da Delta ou de alguém ligado ao Cachoeira?
Falam que teve uma reunião entre eu, o João e o Rafael. Um desses diálogos, com bravata, para mostrar influência. Só que eu nunca fiz, nem com Rafael e nem com o próprio João Monteiro, que nunca me relatou nenhum grau de dificuldade e nunca tratei com ele sobre a Delta, nunca despachei com ele. Para mim, era uma área que não tinha problema e eu confiava nele. O que percebo no diálogo de hoje, o cara falando com o cara da Delta, o Dadá, reclamando do Cláudio Abreu que não consegue receber nem o pagamento devido, o que mostra que esse grupo não tinha facilidade aqui. Não teve um aditivo, não teve uma ação que pudesse melhorar as condições, que poderia em condições normais. As evidências e os diálogos não provam uma relação com o GDF.
A que o senhor atribui essa onda de denuncismo?
Tentam sujar o PT. Essa crise é do DEM e do PSDB. Estamos perto das eleições municipais no Brasil e aí a tentativa desesperada de embaralhar o jogo, tentar dificultar, achar que isso facilita não sair a CPI. Acho que uma nítida campanha para envolvimento do meu nome. Há coisas espaças, não há nenhuma conversa minha com uma pessoa dessa. Não há conversas do Cláudio Monteiro com alguém. São sempre terceiros. Meu nome aparece somente uma vez, num diálogo que fala que solicitei uma reunião. Nunca aconteceu reunião, nem com o João Monteiro, sobre a Delta. Ele saiu antes desses episódios, foi por um ajuste que estou fazendo no governo. Tentam dizer que eu pedi uma audiência. Isso é forçação de barra e dar interpretação de algo que não está escrito. Nem mesmo a investigação da Polícia Federal, que faz a investigação afirma, de fato, que estou envolvido. Eles dizem que parece se referir a mim. O que tentam passar para a sociedade é que a PF diz que o cara sou eu, mas a polícia não diz que sou eu. Para tentarem reforçar, dar conotação de veracidade, por exemplo, dizem: “o Marcello, assessor do Agnelo”. Como assessor do Agnelo? Ele estava no governo este ano, na Casa Militar, eu não o conheço. Ele nem estava no ano passado. Nunca estive com ele.
Algum desses personagens citados têm alguma relação mais próxima com o senhor?
O Zunga eu conheço, que é do esporte há muito tempo em Brasília. O Marcello, que é o que está nesse diálogo, não é meu assessor, estão tentando induzir que esse cara tem proximidade, quando na verdade sequer eu o conheço pessoalmente. E ele só entrou no governo porque o Cláudio Monteiro indicou este ano. Esses diálogos são do ano passado.
O senhor encontrou com Cachoeira em Anápolis. O que vocês conversaram?
Eu era diretor da Anvisa e visitei algumas indústrias farmacêuticas por lá e foi uma coisa geral. Tinham várias pessoas lá e as indústrias têm muitos interesses, legítimos. Eu fiz dezenas de reuniões como essa, com todo o setor farmacêutico em Goiás, fiz reunião em São Paulo. Então, não tem nada que não seja legítimo. Estava falando com um empresário do ramo farmacêutico, na área que eu estava atuando. Querem fazer uma vinculação dessa com uma coisa criminosa, eu não era governador e nem candidato. Não estava num exercício de um mandato eletivo. Encontro e vou encontrar com dezenas e centenas de empresários desse país e qualquer político vai encontrar e isso não tem demérito.
O senhor já perdeu o seu chefe de gabinete, Cláudio Monteiro, por ser citado em gravações da PF. Com o surgimento em outros grampos dos nomes dos secretários de Governo, Paulo Tadeu e de Saúde, Rafael Barbosa, eles poderão ser afastados para se defender?
Cláudio recebeu uma acusação de recebimento de dinheiro por influenciar uma indicação. O Cláudio sabe que essa onda é contra o meu governo. Ele foi correto em se afastar, sair do meu governo. São situações diferentes (o encontro dos secretários em um jantar em Brasília, com Cláudio Abreu). Eu confio nos meus secretários. Não podemos condenar reuniões, em que, eventualmente, algum desses interlocutores tiveram algum problema no futuro. Isso será o fim do mundo. Não podemos mais encontrar com ninguém, falar com ninguém?
Caso a CPI seja instalada, o senhor irá se explicar espontaneamente?
Tenho certeza de que a CPI é o pleito correto de voltar à investigação que a PF fez. Temos que nos basear no que foi pesquisado, investigado. Ninguém vai poder inventar nada. Quem me acusa? Qual partido? Não temos respostas. Só a imprensa está me acusando. O que depender para esclarecer da minha parte, irei colaborar. Sou o maior interessado. Tenho convicção de que não tem ação do jogo forte aqui no DF. Essa crise não é de Brasília.
Quando terá fim a greve dos professores? A categoria terá aumento salarial?
Não terá aumento de jeito nenhum. Intensificamos bastante o contato com eles e tenho diversos secretários envolvidos. Queremos acabar com a greve e os números são transparentes. Não há como conceder aumento agora. Eles tiveram 14% de aumento no ano passado. Reajustei o tíquete de refeição, equiparando-o com o do governo federal. Aumentei período extraescolar, para prepararem as aulas e receberem por isso. O piso deles é três vezes maior que o piso do professor nacional.
Quando ficará pronto o plano de carreira da categoria?
Espero resolver isso até o fim do ano. Queremos fazer um esforço para que compreendam isso. Espero sinalizar uma incorporação em 2013, mas agora não posso fazer nada que não poderemos cumprir, por isso, a proposta apresentada não será alterada. A população precisa ver que somos coesos com o que falamos. Cortamos despesas, reduzimos salários de secretários, não estamos contratando concursados. Peço um gesto de confiança, para voltarem a trabalhar e garanto que vamos continuar negociando. Não importa se a greve já durou 30 dias e vai durar mais ou menos. Não terá aumento, portanto, quanto mais cedo conversarmos, melhor. A área da educação foi que a mais recebeu investimentos no meu governo.
Qual o maior desafio na educação?
Melhorar a qualidade do ensino, número de creches, escolas técnicas, implantação de ensino integral, pois é uma área essencial e importante para a vida do povo no DF.
Extraído do blog Aposentado Invocado
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