por Mino Carta.
Converso com Lula há mais de 33 anos, quando Lula era apenas apelido. Todas as qualidades dele saíram de São Bernardo e o Brasil aprendeu a conhecê-las e a admirá-las. E o mundo, até. Hoje ele gosta de falar de sua sucessora, de evocar o passado e de expor os sentimentos de quem tem de “desencarnar”. O verbo recorre em sua boca porque o esforço para adaptar-se à nova vida causa alguma ventania entre o fígado e a alma.
A respeito de Dilma, ele é o primeiro a reconhecer o quanto ela foi indispensável ao êxito do seu governo e a revelar ter visto nela a sua candidata ainda no final do primeiro mandato. O que, confesso, muito me agrada: foi quando me atirei a apostar nesta escolha e a escrever a respeito. A partir, para ser exato, do momento em que ela substituiu José Dirceu na Casa Civil. Ali, Dilma mostrou por completo a que viera.
Lula conta deste período episódios muito indicativos da personalidade da sucessora. Cabia a ela organizar as reuniões do ministério, pronta a interrompê-las ao meio da fala de um ministro, para dizer, em tom peremptório, embora pacato: “Presidente, não é nada disso, o senhor ministro está dourando a pílula, de verdade a situação é outra”. E desfiava então os fatos na sequência exata e fornecia a interpretação correta.
Tratou-se claramente de uma parceria afinadíssima, que de alguma forma se mantém, garantida, em primeiro lugar, pela continuidade. Hoje Lula se ri de quem imaginou seu retorno em 2014: ele não tem dúvidas sobre o excelente desempenho de Dilma, pelo qual ela se habilitará com todos os méritos à reeleição. A continuidade é certa, mas as situações mudam naturalmente, de sorte a justificar adaptações, retoques, acertos, esperados de um governo efetivamente novo e em harmonia com a personalidade de Dilma.
A presidenta exibe amiúde características que não se encaixam no estereótipo brasileiro, digamos assim. Senso de responsabilidade profundo, discrição extrema, entronização de uma pontualidade insólita nas nossas latitudes. Há jornalistas dispostos a prever mudanças na política externa em relação àquela de Lula. Apressam-se, creio eu. Aposto, isto sim, em definições mais nítidas na política dos Direitos Humanos, o que já permitiu a Dilma condenar ao mesmo tempo transgressões cometidas em Cuba e nos EUA.
(...)
Converso com Lula há mais de 33 anos, quando Lula era apenas apelido. Todas as qualidades dele saíram de São Bernardo e o Brasil aprendeu a conhecê-las e a admirá-las. E o mundo, até. Hoje ele gosta de falar de sua sucessora, de evocar o passado e de expor os sentimentos de quem tem de “desencarnar”. O verbo recorre em sua boca porque o esforço para adaptar-se à nova vida causa alguma ventania entre o fígado e a alma.
A respeito de Dilma, ele é o primeiro a reconhecer o quanto ela foi indispensável ao êxito do seu governo e a revelar ter visto nela a sua candidata ainda no final do primeiro mandato. O que, confesso, muito me agrada: foi quando me atirei a apostar nesta escolha e a escrever a respeito. A partir, para ser exato, do momento em que ela substituiu José Dirceu na Casa Civil. Ali, Dilma mostrou por completo a que viera.
Lula conta deste período episódios muito indicativos da personalidade da sucessora. Cabia a ela organizar as reuniões do ministério, pronta a interrompê-las ao meio da fala de um ministro, para dizer, em tom peremptório, embora pacato: “Presidente, não é nada disso, o senhor ministro está dourando a pílula, de verdade a situação é outra”. E desfiava então os fatos na sequência exata e fornecia a interpretação correta.
Tratou-se claramente de uma parceria afinadíssima, que de alguma forma se mantém, garantida, em primeiro lugar, pela continuidade. Hoje Lula se ri de quem imaginou seu retorno em 2014: ele não tem dúvidas sobre o excelente desempenho de Dilma, pelo qual ela se habilitará com todos os méritos à reeleição. A continuidade é certa, mas as situações mudam naturalmente, de sorte a justificar adaptações, retoques, acertos, esperados de um governo efetivamente novo e em harmonia com a personalidade de Dilma.
A presidenta exibe amiúde características que não se encaixam no estereótipo brasileiro, digamos assim. Senso de responsabilidade profundo, discrição extrema, entronização de uma pontualidade insólita nas nossas latitudes. Há jornalistas dispostos a prever mudanças na política externa em relação àquela de Lula. Apressam-se, creio eu. Aposto, isto sim, em definições mais nítidas na política dos Direitos Humanos, o que já permitiu a Dilma condenar ao mesmo tempo transgressões cometidas em Cuba e nos EUA.
(...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário