Fomos retratados como um povo de vagabundos, incompetentes,
imprestáveis, corruptos, incapazes de organizar um evento deste porte.
O maior legado da Copa é a força do povo
por Ricardo Kotscho, no seu Balaio
Faz duas semanas, deixei um país em guerra, afundado nas mais
apocalípticas previsões, e desembarquei agora noutro, na volta,
bem diferente, sem ter saído do Brasil. Durante meses, fomos submetidos a
um massacre midiático sem precedentes, anunciando o caos na Copa do Fim
do Mundo.
Fomos retratados como um povo de vagabundos, incompetentes,
imprestáveis, corruptos, incapazes de organizar um evento deste porte.
Sim, eu sei, não devemos confundir governo com Nação. Eles também sabem,
mas, no afã de desgastar o governo da presidente Dilma Rousseff,
acabaram esculhambando a nossa imagem no mundo todo, confundindo Jesus
com Genésio, jogando sempre no popular quanto pior, melhor.
Estádios e aeroportos não ficariam prontos ou desabariam, o acesso
aos jogos seria inviável, ninguém se sentiria seguro nas cidades-sede
ocupadas por vândalos e marginais. Apenas três dias após o início da
Copa, o New York Times, aquele jornalão americano que
não pode ser chamado de petista chapa-branca, tirou um sarro da nossa
mídia ao reproduzir as previsões negativas que ela fazia nas manchetes
até a véspera. Certamente, muitos torcedores-turistas que para cá viriam
ficaram com medo e desistiram. Quem vai pagar por este prejuízo
provocado pelo terrorismo midiático?
Agora, que tudo é festa, e o mundo celebra a mais bela Copa do Mundo
das últimas décadas, com tudo funcionando e nenhuma desgraça até o
momento em que escrevo, só querem faturar com o sucesso alheio e nos
ameaçam com o tal do “legado”. Depois de jogar contra o tempo todo,
querem dizer que, após a última partida, nada restará de bom para os
brasileiros aproveitarem o investimento feito. Como assim? Vai ser tudo
implodido?
A canalhice não tem limites, como se fossemos todos idiotas sem
memória e já tenhamos esquecido tudo o que eles falaram e escreveram
desde que o Brasil foi escolhido, em 2007, para sediar o Mundial da
Fifa. Pois aconteceu tudo ao contrário do que previam e ninguém veio a
público até agora para pedir desculpas.
Como vivem em outro mundo, distantes da vida real do dia a dia do
brasileiro, jornalistas donos da verdade e do saber não contaram com a
incrível capacidade deste povo de superar dificuldades, dar a volta por
cima, na raça e no improviso, para cumprir a palavra empenhada.
Para alcançar seus mal disfarçados objetivos políticos e eleitorais,
após três derrotas seguidas, os antigos “formadores de opinião”
abrigados no Instituto Millenium resolveram partir para o vale tudo, e
quebraram a cara.
Qualquer que seja o resultado final dentro do campo, esta gente
sombria e triste já perdeu, e a força do povo brasileiro ganhou mais uma
vez. Este é maior legado da Copa, a grande confraternização mundial que
tomou conta das ruas, resgatando a nossa autoestima, a alegria e a
cordialidade, em lugar das “manifestações pacíficas” esperadas pelos
black blocs da mídia para alimentar o baixo astral e melar a festa. Pois
tem muito gringo por aí que já não quer mais nem voltar para seu país.
Poderiam trocar com os nativos que não gostam daqui.
Que tal?
Em tempo: a 18 dias do início da Copa, escrevi um texto de ficção para a revista Brasileiros
que está nas bancas, com o título “Deu zebra: ganhamos e o Brasil fez
bonito”. Repito: trata-se de um exercício de ficção sobre um possível
epílogo do Mundial.
Para acessar: htpp://www.revistabrasileiros.com.br/?p=95905
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