Rombo deixado pela corrupção no governo de SP pode chegar a R$ 232 milhões
Com o dinheiro seria possível construir cerca de 480 UBSs ou 200 creches no Estado de SP
Denúncias vieram à tona na gestão Alckmin
Robson Fernandjes/29.11.2012/Estadão Conteúdo
Desde o início da atual gestão do governo tucano no Estado de São
Paulo, pelo menos R$ 232 milhões podem ter ido parar nos bolsos de
empresários e políticos em negócios suspeitos e sob investigação.
Com a verba seria possível construir cerca de 480 UBSs (Unidades
Básicas de Saúde). O dinheiro também seria suficiente para erguer 200
creches (cada uma com capacidade para atender 100 crianças) ou construir
40 escolas (para 700 alunos cada).
O suposto cartel do Metrô e da CPTM, por exemplo, pode ter repassado R$ 197 milhões em propina aos envolvidos, segundo inquérito da PF (Polícia Federal).
O caso veio à tona em maio de 2013, após a empresa alemã Siemens fez
uma denúncia ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o
órgão antitruste do governo federal, sobre a formação de um cartel entre
multinacionais para superfaturar obras e serviços de trens e do Metrô
O pagamento de propinas a autoridades estaduais e diretores de empresas públicas também está sendo investigado.
Entre os políticos que são alvos da investigação estão importantes
secretários de governo do Estado de São Paulo, como Edson Aparecido
(chefe da Casa Civil), José Aníbal (Energia), Jurandir Fernandes
(Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento
Econômico). Todos negam as acusações.
Mas esse é apenas o mais recente escândalo do governo estadual. Em
2011, no início da gestão, o governador Geraldo Alckmin se deparou com
um suposto desvio de mais de R$ 30 milhões dos cofres do Detran-SP.
A da Corregedoria da Polícia Civil suspeitou de um contrato para
prestação de serviços, firmado entre 2000 e 2007. Segundo as
investigações, os salários dos empregados da empresa terceirizada eram,
no papel, muito superior ao real. A suspeita era que a diferença ia para
o bolso de delegados.
Médicos
Meses depois, surgiu a história de médicos que recebiam dinheiro público, mas não iam trabalhar. O caso pode ter gerado um ônus de R$ 5 milhões ao cofres do governo.
A investigação da polícia e do Ministério Público indicou que os
médicos recebiam salários de R$ 15 mil por mês sem trabalhar. O
escândalo motivou a demissão do então secretário estadual de Esporte,
Lazer e Juventude, o neurocirurgião Jorge Roberto Pagura.
Diante da crise, o governador Geraldo Alckmin determinou a realização
de auditorias em todos os hospitais do Estado de São Paulo.
Emendas
Ainda em 2011, um integrante da base aliada do governo Alckmin, o
deputado estadual Roque Barbiere (PTB) denuncia a existência de um
esquema de venda de emendas parlamentares.
Segundo a denúncia, os deputados tinham uma cota de R$ 2 milhões para
emendas ao Orçamento, lei que determina as despesas e receitas do
governo do Estado.
Com essa carta na manga, os deputados negociavam com empreiteiras e
prefeituras a execução de obras e, em troca, cobravam propina, segundo
Barbieri.
A denúncia respingou no secretário estadual de Meio Ambiente do governo
de São Paulo, Bruno Covas. O político negou envolvimento. O Conselho de
Ética da Assembleia investigou o caso, mas não produziu relatórios.
A última investigação em curso contra a atuação do governo estadual
recai sobre os pedágios. Há uma semana, a oposição ao governo atual na
Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) conseguiu aprovar a
instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para
investigar as política de preços praticados nos pedágios do Estado.
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