Por Rafael Tomyama*
Boa parte do “fenômeno” do ascenso do candidato Elmano 13 do PT em Fortaleza tem a ver, mais uma vez, com Luizianne
No primeiro semestre de 2012 a prefeita Luizianne Lins entrou pessoalmente na campanha de conscientização para prevenir uma epidemia de dengueem Fortaleza. Alémdas ações efetivas casa por casa, a prefeitura organizou eventos nas regionais para chamar a atenção do povo, com a presença da própria prefeita. Em bairros como João XXIII e Messejana, por exemplo, milhares de pessoas se juntaram para assisti-la discursar. Ela repetia uma espécie de mantra: “desejo que o próximo prefeito possa dar continuidade a tudo que temos feito”. Do meio do público hipnotizado não se ouvia uma única vaia, só aplausos cada vez mais efusivos a cada obra mencionada: Vila do Mar, os CUCAs, Hospital da Mulher, etc.
Sob o comando de Luizianne iniciou-se um novo ciclo político no Ceará. Caíram derrotadas as pretensões fisiológicas dos coronéis empresariais, que sempre usaram a política em benefício de seus negócios particulares e de sua trupe.
Ao mesmo tempo, ela generosamente ajudou a projetar outras lideranças políticas. Nem todas lhe reconheceram com gratidão e lealdade. Estas seguem sendo derrotadas: na política e nas urnas.
Fenômeno
Luizianne é simplesmente a “lôra”. Assim é conhecida desde quando foi presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Ceará, nos anos 1990, em plena intervenção do governo Collor na instituição. Passou da condição de líder estudantil à vereadora e à deputada estadual, nos anos seguintes.
Em 2004, na contramão da “política de resultados” da Direção Nacional do PT, de Zé Dirceu e companhia, tornou-se candidata do Partido e derrotou todas as demais forças locais – da direitona truculenta ao elitismo patricinha – para se tornar prefeita da atual quarta maior capital do país.
Na época, Fortaleza estava com o caixa quebrado, com fornecedores à porta cobrando dívidas da ordem de R$ 250 milhões. A gestão do então prefeito Juraci Magalhães freqüentava o noticiário nacional por casos de corrupção que envolviam até desvios nos recursos das merendas servidas às crianças nas escolas municipais.
Depois da reeleição, no primeiro turno, em 2008, Luizianne é a prefeita da cidade com mais de 2,5 milhões de habitantes e orçamento anual da ordem de R$ 3 bilhões, e fecha o balanço com indicadores positivos em todas as áreas: educação, saúde, transporte, habitação, saneamento, turismo, entre outras. Fortaleza, por exemplo, lidera o crescimento de empregos formais no Nordeste.
Certamente tais conquistas estão no contexto do crescimento nacional, a partir da era Lula e da recusa ao receituário neoliberal, mas seria absurdo negar os méritos da gestão petista local. Apesar de todos os perceptíveis avanços, evidentemente, não houve como ser superado o conjunto de problemas globais decorrentes de um modelo de expansão econômica, historicamente concentrador e excludente.
Resposta
Luizianne tornou-se alvo de críticas e baixarias que tentam ridicularizar sua condição de mulher e sua reputação pessoal. Mais do que a tacanhez de uma cultura abertamente machista, o que a direita retrógrada e a versão local da imprensa golpista não podem perdoar é que a gestão Luizianne tenha governado com amplitude na democracia participativa, com distribuição de renda e inversão de prioridades para atender ao povo mais carente e com políticas afirmativas na assistência social, nos direitos humanos e ambientais.
Após queimarem a imagem da prefeita dia e noite, a direita-direita e a direita-travestida-de-esquerda, como se o desgaste fosse algo das circunstâncias e não uma manobra orquestrada, chegaram a tentar incidir sobre o disputa interna do PT, para evitar que o Partido tivesse candidato ou que fosse um fantoche de seus interesses de domínio oligárquico.
Pois eis a resposta que o PT e o povo de Fortaleza estão lhes dando nas ruas. Diziam que o Hospital da Mulher não passava de uma maquete eletrônica e que não seria concluído. Está em pleno funcionamento. Diziam que o PT não teria chances reais de vitória eleitoral. O candidato do PT já está empatado em segundo nas pesquisas. Agora estão mudos.
Aos poucos, o povo vai compreendendo e identificando o candidato que representa o legado de Luizianne e de Lula e optando pela continuidade do projeto das mudanças radicais em Fortaleza.
O sonho de Luizianne é o desejo de cada um e de cada uma que sonha acordado e acordada na ponta da periferia do mundo.
*Rafael Tomyama é militante do PT em Fortaleza.
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