Amigos(as), vamos conhecer o período anterior ao governo petista?
Vamos conhecer a história de como o banqueiro Daniel Dantas foi preso e libertado acusando seus acusadores?
Vamos aos fatos para refrescar as cabeças doentes e esquizofrênicas dos coxinhas e que de repente descobriram que no Brasil existe corrupção.
Vamos lá: um acontecimento inusitado assombrou o Brasil em 2008: o poderoso e enigmático banqueiro Daniel Dantas foi preso pelo delegado federal Protógenes Queiroz, por ordem do juiz Fausto De Sanctis, e conduzido algemado para uma cela comum, acusado de vários crimes.
Mas logo depois foi libertado, por ordem do então presidente do Supremo Tribunal Federal – STF, Gilmar Mendes. As provas da investigação foram anuladas. O delegado foi afastado de seu trabalho e elegeu -se deputado. O juiz foi transferido para uma vara qualquer, sem brilho e poder. O que teria acontecido?
Neste livro, que se lê como um thriller policial, o repórter investigativo Rubens Valente, da Folha de S. Paulo, desvenda toda a história, com a revelação de aspectos inéditos, documentos e segredos.
Descrição do produto e ficha técnica Coleção: História Agora – Vol.10 Título: Operação Banqueiro Subtítulo: Uma trama brasileira sobre poder, chantagem, crime e corrupção. A incrível história de como o banqueiro Daniel Dantas escapou da prisão com apoio do Supremo Tribunal Federal e virou o jogo, passando de acusado a acusador.
Autor: Rubens Valente Editora: Geração Editorial Edição: 1 Ano: 2014 Idioma: Português Especificações: Brochura | 464 páginas ISBN: 978-85-8130-208-9 Peso: 670g Dimensões: 230mm x 160mm
FONTE - http://lelivros.club/book/download-operacao-banqueiro-rubens-valente-em-epub-mobi-e-pdf/
Importa ler ipsis literes a resenha que o brilhante jornalista Mário Magalhães faz dessa obra
Se fosse um livro ficcional, ‘Operação Banqueiro’ teria mais chances
de oferecer um final menos deprimente. Reportagem lastreada em fatos,
portanto peça jornalística, da família editorial da não ficção, a obra
do jornalista Rubens Valente apresenta um roteiro tão miserável quanto
banal no Brasil: escrutina pecados, falcatruas e crimes pelos quais no
fim ninguém paga.
Mas não é qualquer roteiro o do livro
recém-lançado pela Geração Editorial. O premiado repórter da “Folha de
S. Paulo” produziu uma das mais assombrosas radiografias do amálgama
entre interesses privados e públicos na história republicana, ou pouco
republicana, do país.
Sem eufemismos: exumou passagens
horripilantes sobre como o capital se apropriou de patrimônio dos
cidadãos, sobretudo nas grandes privatizações de companhias estatais, na
derradeira década do século XX. Foram os negócios que o jornalista Elio
Gaspari batizou como “privataria”.
“Operação Banqueiro” se
debruça sobre a Operação Satiagraha, que em 2008 levou à prisão, por
algumas horas, controladores e executivos do grupo financeiro
Opportunity. Entre eles, o banqueiro Daniel Dantas, protagonista do
livro. Coadjuvantes de luxo com estatura de co-protagonistas, o delegado
Protógenes Queiroz conduziu a investigação policial, e o ministro
Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, mandou soltar o empresário.
Eletrizante
como a narrativa da captura dos próceres do Opportunity é a
reconstituição da rumorosa privatização do setor de telecomunicações, na
qual o banco abocanhou um naco, e da gestação tormentosa da Satiagraha
na Polícia Federal.
Mais contundentes ainda são as mensagens
eletrônicas, boa parte inédita, trocadas no segundo governo Fernando
Henrique Cardoso entre o lobista Roberto Amaral, o então presidente da
República e seu candidato à sucessão, José Serra. O lobista tratava FHC
por você e, em tom assemelhado ao de chefe para subordinado, enumerava
sugestões caras ao Opportunity. Para o ex-ministro da Saúde, digitava
palavrões e o desafiava: “Você precisa de mim, e eu não preciso de
você”. E se referia a Daniel Dantas como “credor, grande credor”. Alguns
missivistas empregavam nomes de guerra nos e-mails, mas deixaram
rastros que os identificaram.
De todos os personagens, nenhum se
credencia com tanto fascínio para estrelar uma biografia jornalística,
ou filme de Francis Ford Coppola, como Roberto Amaral, cujas ações e
estilo haviam merecido atenção de “Notícias do Planalto”, livro de Mário
Sérgio Conti. Nos tempos de Collor presidente, PC Farias e Orestes
Quércia, Amaral perfilava entre os mandachuvas da empreiteira Andrade
Gutierrez.
Jornalismo e clareza
Há terrenos
em que os jornalistas brasileiros só costumam trafegar munidos de
coragem: apuração em campo, expondo-se a retaliação física, sobre
quadrilhas do narcotráfico; cobertura independente sobre o Judiciário e
magistrados; Daniel Dantas e o seu Opportunity.
A leitura do
livro-reportagem de Rubens Valente esclarece o terceiro temor: as
intimidações são virulentas, tentando muitas vezes, mais do que
contestar informações, desqualificar o informante. Mesmo que o alvo não
sejam jornalistas, mas, por exemplo, juízes de direito. Numa mensagem,
uma antiga executiva do Opportunity chancela a proposta de
_literalmente_ “assassinato de reputação” de certa pessoa.
Mas
coragem não basta. Uma das regras aprendidas na primeira infância do
repórter ensina ser melhor mostrar sua ignorância ao entrevistado do que
ao editor. Mais apropriado seria, nessa lição elementar, mudar “editor”
para “internauta – leitor – espectador – ouvinte”, o cidadão e
consumidor a quem a informação se destina.
Trocando em miúdos,
quem não compreende o assunto fracassa ao tentar explicá-lo. Dominar o
objeto do interesse jornalístico é imprescindível. Ocorre que também não
é suficiente. Nem todos os que entendem de privatizações, Opportunity e
Daniel Dantas, quando dispostos a contar o que sabem, logram ser
claros.
Este é outro imenso mérito de “Operação Banqueiro”: a
clareza para autopsiar esquemas bilionários e promíscuos entre Estado,
empresas privadas e governantes que servem mais a elas do que à
cidadania. Para quem se habituou a penar para decifrar reportagens e
análises ilegíveis como hieroglifos, o novo livro é redentor.
O
autor contornou três armadilhas: ignorou a controvérsia ideológica sobre
privatizações, evitando que o relato substantivo sobre negociatas
viesse a ser contaminado por adjetivos oriundos de idiossincrasias
políticas; aferrou-se à sobriedade, elegendo fatos, e não a opinião,
como matéria-prima essencial; e driblou fuxicos e fontes não nomeadas
_no fundamental, exumou os processos judiciais e inquéritos policiais,
no Brasil e no exterior, relativos a Daniel Dantas, seus aliados e
oponentes.
Rubens Valente colecionou 62 mil arquivos digitais, sem
permitir que a apuração monumental, de mais de quatro anos, resultasse
em maçaroca enfadonha para o leitor. Pelo contrário, em muitas
sequências a narrativa é típica de thriller literário, à espera de ser
adaptado às telas de cinema e televisão.
Outra virtude é a síntese
apurada, que ecoa um mestre nessa técnica, o historiador Jacob
Gorender. De tão criterioso, o repórter reiteradamente corrige,
favorecendo ou não Daniel Dantas, transcrições de grampos feitas pelas
autoridades. Cético e perfeccionista, não se fia no que os policiais
escrevem: ouve e transcreve por conta própria.
Lições e impressões
Ao
contrário do que é comum considerar, os conflitos de Daniel Dantas com
sócios (italianos, norte-americanos e brasileiros, os fundos de pensão)
não principiaram no governo Lula, em 2003, mas vieram de antes, como
recapitula “Operação Banqueiro”.
A queda do delegado Paulo
Lacerda, detestado pelo Opportunity, do comando da Agência Brasileira de
Inteligência, decorreu da denúncia de que Gilmar Mendes teria sido
grampeado ilegalmente. Todas as provas até hoje colhidas, inclusive por
inimigos viscerais de Lacerda e Protógenes Queiroz, derrubam a suspeita
de espionagem alardeada com histeria pelos meios de comunicação.
O
jornalismo tem sido instrumentalizado nas coberturas sobre o
Opportunity, especialmente a favor, como ilustra o obsceno episódio da
demissão de Paulo Lacerda. Sem o concurso da imprensa, possivelmente o
bem-sucedido golpe contra o diretor da Abin não teria vingado.
O
livro não afirma, mas permite supor que, se prosperasse a suspeita, que
se mostraria infundada, de que o presidente Lula mantinha uma conta
bancária clandestina em paraíso fiscal, poderia ter avançado um
movimento para afastá-lo da Presidência, por impeachment. Rubens Valente
esmiúça os vínculos do Opportunity com a plantação contra Lula.
Gordos
negócios de Daniel Dantas tiveram a bênção ou o patrocínio de Fernando
Henrique Cardoso, seus corifeus da equipe econômica e cabeças do PSDB.
Mas figuras de vulto do PT, quando no governo, pelejaram estoicamente
para socorrer o banqueiro acuado, evidenciam interceptações de
comunicação autorizadas pela Justiça. Talvez seja esse o motivo do
silêncio ensurdecedor sobre o novo livro, seja nas brigadas tucanas,
seja nas petistas.
O juiz Fausto De Sanctis passou de julgador a
acusado por ter decidido pela segunda prisão de Daniel Dantas, depois da
ordem para libertá-lo emitida por Gilmar Mendes. Muito li na imprensa
que não teria havido “fato novo”, condição legal para encarcerar
novamente o beneficiário de habeas corpus do Supremo. Aprendi que houve
não um, mas três: o depoimento de uma testemunha-chave, a apreensão de
documento bombástico na residência do banqueiro e, principalmente,
noutro apartamento, de uma dinheirama que se destinava, de acordo com
conversas gravadas, a corromper delegados da Satiagraha.
O pedido
de prisão da repórter Andréa Michael, então na “Folha de S. Paulo”,
assinado por Protógenes Queiroz às vésperas das prisões na Satiagraha,
já soava abusivo e delirante anos atrás. De Sanctis não o acolheu,
rejeitando a suspeita de que ela conspirasse em prol do Opportunity. O
livro comprova, com gravações eloquentes, que a jornalista trabalhava em
reportagem (sobre a operação em curso) que contrariava Daniel Dantas _e
também a PF. Profissional digna e competente, Michael não atuou a favor
de interesse x ou y, mas do jornalismo. Rubens Valente lhe faz justiça,
com informações, e não pitacos, assim como aponta com nome, sobrenome e
fatos alguns jornalistas camaradas do banqueiro.
O messianismo e a
egotrip marcantes em Protógenes Queiroz foram decisivos para que eu
jamais simpatizasse com ele. Pior, rebaixa-o sua constrangedora
bajulação de cartolas da estirpe de João Havelange e Ricardo Teixeira.
No balanço sincero da história, contudo, o que define o hoje deputado
federal é o espírito público de líder da Operação Satiagraha e a
decência de recusar o dinheiro da corrupção e batalhar pela prisão de
corruptores. O livro assinala erros e tropeços de Protógenes, numerosos.
Porém, no capítulo histórico da Satiagraha, concluo, ele não equivale
ao vilão demonizado pelo noticiário. O Brasil não perdeu por ter tido um
delegado como Protógenes Queiroz; perde por não existirem mais
Protógenes e outros policiais como ele.
Não é novidade, mas o
livro enfatiza, com um sem-número de fatos comprováveis, que a disputa
privada pelo domínio do Estado não se restringe ao Executivo, mas atinge
o conjunto dos poderes. São assustadoras as manifestações _grampeadas
na forma da lei_ de advogados especulando e se jactando sobre influência
e possibilidades de sucesso no Judiciário. “Operação Banqueiro” expõe
relações e conexões inacessíveis à esmagadora maioria dos brasileiros.
A
equilibrada reportagem de Rubens Valente fornece pistas de que Daniel
Dantas tem razão quando se queixa de ser um Judas no qual alguns
críticos depositam responsabilidades quase exclusivas por certos males. O
jogo do capitalismo não é para amadores. O Opportunity _ou executivos
associados ao grupo_ contratou a agência internacional de espionagem
Kroll para xeretar vidas alheias. Mas sua concorrente Telecom Italia
contra-atacou na mesma moeda, embarcando agentes privados estrangeiros
para bisbilhotar ilegalmente no Brasil. Um dos momentos mais curiosos do
livro conta como hackers italianos invadiram o sistema eletrônico de um
hotel em Copacabana, o Sofitel, no qual se hospedaram, com o exitoso
propósito de vigiar um chefão da Kroll londrina, aqui a serviço da
Brasil Telecom, então controlada por Daniel Dantas. Vale ou não um
filme?
Daniel Dantas pode não ser ou não ter sido o “dono do
Brasil”, como o tratou em conversa com outrem seu parceiro Naji Nahas,
famigerado “investidor”. Mas é notável que, depois de toda a brigalhada
com sócios e governo, tenha saído do setor das teles, passando adiante a
Brasil Telecom, em pleno governo dos seus ditos inimigos petistas, com
uma bolada, talvez bilionária. No final, ou ao menos por enquanto, o
banqueiro triunfou.
Anatomia do poder
O
magnífico livro de Rubens Valente é econômico sobre a vida do
superempresário longe dos negócios e da política. Valem por pilhas de
volumes sobre (i)mobilidade social as informações sobre a família do
banqueiro baiano, descendente do Barão de Jeremoabo, célebre senhor de
engenho que nutria ódio por Antônio Conselheiro, o guia de Canudos. O
Dantas do século XIX virou personagem de Vargas Llosa em “A Guerra do
Fim do Mundo”. O Dantas do século XXI é protagonista de “Operação
Banqueiro”.
Mas o autor é reticente sobre o cotidiano particular
de Daniel Dantas. Aborda assuntos sobre os quais não restam dúvidas _e
não restam, mesmo_ de que configuram tema de relevância pública, o que
legitima sua publicação, nos moldes tradicionalmente adotados por
veículos jornalísticos nas nações democráticas. Todas as informações do
livro guardam interesse público, pois têm consequências para a vida dos
cidadãos.
Mesmo assim, “Operação Banqueiro” afetou minha percepção
sobre seu personagem principal. Antes, eu imaginava que o economista
Daniel Dantas não aproveitasse a vida _nem em restaurantes costuma ser
visto aqui no Rio. Agora, os sinais indicam que, para ele, a vida é
quase somente acumular dinheiro, acordar todas as manhãs à procura de
novos conflitos, para de noite descansar à espera de mais um dia de
contendas. O prazer estaria no ringue, e não no que os sucessos sobre o
ringue proporcionam. Ou seja, Dantas aproveita, sim, a vida,
considerando o que a vida lhe parece significar.
Embora Daniel
Dantas seja um protagonista hipnotizante, o livro vai muito além da sua
figura. Consagra-se como um fabuloso painel sobre a anatomia do poder,
escancarando como o Estado, em vez de servir à coletividade, privilegia
poucos. Uma aula de história do Brasil. Na minha modesta biblioteca,
fará companhia a “Os Donos do Poder”, obra imortal do jurista Raymundo
Faoro publicada no século XX. “Operação Banqueiro”, trabalho brilhante e
hercúleo, já nasce como livro clássico. Clássico e, pena, deprimente.
Transparência:
tive a honra de trabalhar por muitos anos com Rubens Valente na “Folha
de S. Paulo”. Considero-o um amigo e ficarei feliz se o sentimento for
recíproco. Outros amigos já publicaram livros, sobre os quais não
escrevi uma sílaba. Isto é, o teor deste post se deve aos méritos do
trabalho, e não à amizade com o autor. Não li sequer uma palavra antes
do lançamento. Tive acesso a “Operação Banqueiro” na sexta-feira,
comprando um exemplar na livraria do terminal 2 do Galeão
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