Ricardo Stuckert/Instituto Lula |
"Quando assumi a Presidência, tinha consciência de que o Brasil precisava conversar com quem tinha maior compromisso histórico ou proximidade com a gente. Isso era essencial para nosso crescimento, para nossa expansão. Acabou o tempo em que a gente fica na expectativa do que os americanos iriam gostar. Acabou o tempo em que a Europa ditava as regras. O Brasil está aprendendo o seu tamanho, a sua importância, a sua capacidade de fazer as coisas", afirmou Lula ontem (22), durante o seminário "As relações do Brasil com a África - A nova fronteira do desenvolvimento global", organizado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e pelo jornal Valor Econômico.
A declaração do ex-presidente deve irritar ainda mais os barões da mídia colonizada, que padecem do velho complexo de vira-lata e que sempre pregaram o servilismo diante das potências capitalistas. Ela expressa bem a nova orientação dada à política externa no governo Lula e que segue em andamento, embora de forma mais tímida, na gestão de Dilma Rousseff. Ao romper com a subserviência diante dos EUA e Europa - o chamado "alinhamento automático" imposto pelo tucano FHC - e ao priorizar as relações com os países da América Latina e do sul do planeta, o Brasil se projetou no cenário mundial e tornou-se menos vulnerável à violenta crise que atingiu a economia capitalista.
Como afirmou Lula no evento, o país hoje é mais respeitado no mundo. Isto é o que garantiu a eleição do brasileiro Roberto Azevedo como diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) - o primeiro latino-americano a ocupar o posto - e também a escolha de José Graziano da Silva, em 2011, como diretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). "Quem diria que o Brasil teria a diretoria da OMC e da FAO? Em 2016, seremos a quinta economia do mundo, mas [o crescimento econômico] precisa estar umbilicalmente ligado ao desenvolvimento social".
Para o ex-presidente, o país deve jogar um papel ainda mais ativo e altivo no cenário mundial. "Ou o Brasil vira um agente global para disputar cada milímetro de espaço no jogo comercial ou vamos ficar para trás... Hoje o mundo comercial é competitivo e ninguém vai dar colher de chá para nós”, disse. Ele também destacou a importância da integração latino-americana e insistiu na necessidade de se estreitar laços com os países africanos. "A construção de um mundo mais equilibrado passa pela África... Não queremos repetir na África os mesmos erros que ingleses e americanos cometeram no Brasil há algumas décadas. Temos que humanizar as relações sociais com os países africanos".
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