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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Não foi o bolsa família estúpido!

O poema abaixo de Patativa do Assaré Nordestinos, Sim. Nordestinados, Não! -  traduz os sentidos do povo do nordeste nestas eleições e os motivos que levaram Dilma à uma vitória retumbante aqui. 

Primeiro, é preciso desconstruir que o programa Bolsa Família não foi condição determinante para estes sentimentos, mas um conjunto de políticas públicas que melhoraram a vida do povo brasileiro nesta região, abandonada por séculos pelos governantes. 

O Estado aqui, antes, era e foi sempre caputurado por elite das mais egoístas , violentas de que tem notícia no mundo. A elite aqui dava as esmolas ao povo do que sobrava em suas mesas abastadas pelo próprio Estado brasileiro.
 
Aqui, por milhares de anos, implantou-se o paradigma do abandono e da eliminação. O Estado brasileiro não existia para milhares de sertanejos, abandonados à própria sorte a um "destino". 
 
E todas as instituições, inclusive a igreja católica, grande parte parte, era para a dominação e nordestinar os brasileiros desta parte do grande país Brasil. 
E por isso, não se pode afirmar que Bolsa Família responde totalmente aos sentimentos dos nordestinos com a vitória da Dilma, mas principalmente pelo sentimento de melhora de vida. 
 
Hoje estive visitando os mercadinhos de minha cidade, sempre lotados, com pessoas comprando de tudo. Você percebe, pessoas simples e com os carrinhos cheios . E é isso que é importante analisar, o sentimento de bem estar, o sentimento de esperança, de qualidade de vida.   

Outro dia, conversando com um português, o mesmo disse: sua cidade é rica e eu não fiquei sem entender. Que parâmetros um europeu pode afirmar que a minha cidade é rica. E ele respondeu: seja de dia, ou de noite, o povo de sua cidade não pára de consumir, é um momento muito grande do comércio da cidade e isso é impressionante para uma cidade do SERTÂO. 

Um certo dia, um comerciante disse, falando do Brasil de ontem e de hoje, com suas reflexões: está vendo este pessoal, dizendo e olhando para os seus clientes, antes eles compravam rapadura, um punhado de farinha e feijão. 

E ele se perguntava: como é que essa gente consegue sustentar a família com este pouco que levam para as suas casas. E hoje meu filho, eu digo: este pessoal faz um feira completa, leva de tudo e tem agora até transporte. E eu penso que as coisas mudaram deste lado de cá, por isso eu afirmo: se a Princesa Isabel libertou os  escravos, Lula libertou os pobres. 

Portanto, companheiros e companheiras, vamos conhecer melhor este povo e perguntar por que a maioria elegeu a Dilma, foram mais de dez milhões de votos de diferença a favor de Dilma.

Vamos entender os motivos que levam milhões de brasileiros aqui do Nordeste a querer a continuidade do governo Dilma, votando em Dilma para ser a primeira presidente do Brasil, analiasndo o poema Patativa do ASSARÉ, porque agora é mais forte ainda de que somos o povo brasileiro e não nordestinados a vida de opressão e miséria. 
 
Aqui, a despeito ainda dos graves problemas sociais, principalmente de educação, saúde e saneamento ambiental, o CÉU começou a descer para a TERRA. 
Como dizia Antonio Conselho, em suas pregações pelo SERTÃO NORDESTINO, de que era preciso trazer o CÉU para a TERRA. E é exatamente isso, que as políticas do governo Lula estão fazendo aqui no nordeste. 

E não será a indústria que está dando trabalho ao povo do nordeste, mas serviços. Por exemplo, hoje tem que marcar, ou seja, tem lista espera para se fazer uma reforma ou construção de casas porque os profissionais como pedreiro estão lotados de serviços, com diária chegando à sessenta reais. 

Só para ter uma idéia, antes uma diária de pedreio era o valor de um kg de carne que hoje vale onze reais. 

Portanto, é preciso e tecer os fios do tecido da vitória da Dilma aqui nordeste para entender os sentimentos de nosso povo. O Bolsa Família é apenas um fio deste tecido. 
 
E que o povo brasileiro, independentemente de região, acredite mais neste país, acredite que este país encontrou o seu caminho. 



Patativa do Assaré

Nunca diga nordestino 
Que Deus lhe deu um destino 
Causador do padecer 
Nunca diga que é o pecado 
Que lhe deixa fracassado 
Sem condições de viver 

Não guarde no pensamento 
Que estamos no sofrimento 
É pagando o que devemos 
A Providência Divina 
Não nos deu a triste sina 
De sofrer o que sofremos 

Deus, o Autor da Criação, 
Nos dotou com a Razão, 
Bem livres de preconceitos. 
Mas os ingratos da terra, 
Com opressão e com guerra, 
Negam os nossos direitos!

Não é Deus Quem nos castiga, 
Nem é a seca que obriga 
Sofrermos dura sentença! 
Não somos nordestinados 
Nós somos injustiçados 
Tratados com indiferença!

Sofremos, em nossa vida, 
Uma batalha renhida, 
Do irmão contra o irmão. 
Nós somos injustiçados, 
Nordestinos explorados, 
Mas nordestinados, não!

Há muita gente que chora, 
Vagando de estrada afora, 
Sem terra, sem lar, sem pão. 
Crianças esfarrapadas, 
Famintas, escaveiradas, 
Morrendo de inanição.

Sofre o neto, o filho e o pai.
Para onde o pobre vai, 
Sempre encontra o mesmo mal. 
Esta miséria campeia 
Desde a cidade à aldeia, 
Do Sertão à capital.

Aqueles pobres mendigos 
Vão à procura de abrigos, 
Cheios de necessidade. 
Nesta miséria tamanha, 
Se acabam na terra estranha, 
Sofrendo fome e saudade!

Mas não é o Pai Celeste 
Que faz sair do Nordeste 
Legiões de retirantes! 
Os grandes martírios seus 
Não é permissão de Deus: 
É culpa dos governantes! 

Já sabemos muito bem 
De onde nasce e de onde vem 
A raiz do grande mal: 
Vem da situação crítica, 
Desigualdade política 
Econômica e social 

Somente a fraternidade 
Nos traz a felicidade. 
Precisamos dar as mãos! 
Para que vaidade e orgulho 
Guerra, questão e barulho 
Dos irmãos contra os irmãos?

Jesus Cristo, o Salvador 
Pregou a paz e o amor 
Na santa doutrina sua. 
O direito do banqueiro 
É o direito do trapeiro 
Que apanha os trapos na rua!

Uma vez que o conformismo 
Faz crescer o egoísmo 
E a injustiça aumentar, 
Em favor do bem comum, 
É dever de cada um 
Pelos direitos lutar! 

Por isso vamos lutar, 
Nós vamos reivindicar 
O direito à liberdade, 
Procurando, em cada irmão, 
Justiça, paz e união, 
Amor e fraternidade!

Somente o amor é capaz 
E dentro de um país faz 
Um só povo bem unido! 
Um povo que gozará 
Porque assim já não há 
Opressor nem oprimido!

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