Dora Kramer: PSDB está ajudando Marina com o Rede
Colunista do Estadão, Dora Kramer afirma que os
tucanos têm contribuído com Marina Silva no trabalho de coletar
assinaturas para seu novo partido, o Rede Sustentabilidade; objetivo da
oposição é incentivar a candidatura da ex-ministra à presidência, para
dividir os votos de Dilma e ter mais chances de um segundo turno
247 - A oposição sabe que não está bem na foto,
diz Dora Kramer, em sua coluna do Estadão neste domingo. Segundo ela,
por esse motivo os tucanos têm ajudado a ex-ministra Marina Silva a
coletar as 500 mil assinaturas necessárias para registrar seu novo
partido, o Rede Sustentabilidade, e assim incentivá-la a se candidatar à
presidência no ano que vem. O raciocínio é de que quanto mais votos
espalhados, ou seja, menos para a presidente Dilma Rousseff, mais
chances de um segundo turno.
Leia o artigo abaixo:
Gentil patrocínio
Não é ato oficial nem explícito: informal e discretamente o PSDB está
ajudando Marina Silva a coletar assinaturas para a criação de seu novo
partido.
Migrantes do tucanato para a Rede dos sonháticos comentaram com
antigos companheiros de partido que está havendo dificuldade na coleta
dos apoios exigidos pela Justiça Eleitoral para conceder registro à
legenda que precisa estar legalizada até início de outubro.
Em vários Estados a estrutura do PSDB se movimenta para arregimentar
signatários e também para conferir as assinaturas. Em Minas Gerais, por
exemplo, há prefeitos encarregados de contribuir cada um com dois mil
nomes devidamente checados.
Solidariedade? Pragmatismo: se Marina conseguir criar a tempo a sua
Rede, muito provavelmente concorrerá à Presidência em 2014. Para a
oposição é um bom negócio, pois quanto mais numerosos forem os
concorrentes, maior a divisão de votos. Consequentemente, aumenta a
chance de haver 2º turno.
O raciocínio parte do princípio que hoje quem tem votos é a
presidente Dilma Rousseff. A oposição pode até vir a ficar bem, mas por
enquanto sabe que está mal na foto. Precisa recorrer a todos os recursos
a fim de tentar equilibrar o jogo, já que a situação tem a popularidade
da presidente, a exposição inerente ao cargo e todos os meios à
disposição.
Uma das maneiras é incentivar a concorrência que possa subtrair votos
de onde eles estão mais concentrados: no governo. Marina pode até não
repetir o desempenho de 2010, quando atraiu 20 milhões de eleitores.
Mas, se entrar na disputa, fica com parte do eleitorado de esquerda,
jovens e decepcionados com a política em geral.
Claro que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), também
entra nessa conta. Por enquanto os tucanos estão achando ótima a
movimentação dele e não o vêem como uma ameaça ao senador e provável
candidato do PSDB, Aécio Neves.
Ao contrário. Na avaliação deles Campos ajuda a difundir críticas ao
governo e a atrair eleitores no Nordeste. Aqui de novo o mesmo
raciocínio: quem tem votos da região é Dilma, não o PSDB. Portanto, ela
teria a perder.
Além da questão regional, na visão dos tucanos o governador de
Pernambuco também atrairia parcela do eleitorado governista que já
estaria cansado do PT, crítico à maneira de Dilma governar e em busca de
uma "novidade". Isso sem falar no potencial de desagregação da base
aliada ao governo que o PSDB enxerga na presença de Eduardo Campos em
cena como provável candidato.
Muito bem, vamos que saia tudo conforme o desenho desse figurino, que
haja 2° turno, que o candidato tucano passe para a etapa final. O que
garante que os outros concorrentes não ficarão neutros ou com Dilma?
Pois é, por ora só a esperança de que as premissas estejam certas e o vento sopre a favor.
Surdina. O encontro de José Serra com Eduardo Campos
na sexta-feira, 15 de março, não causou desconforto no PSDB pelo fato
de ter acontecido.
O aborrecimento foi porque Serra não avisou nem contou depois a
ninguém. Nem ao governador Geraldo Alckmin com quem esteve no dia
seguinte.
Síntese. Falando sobre o rearranjo de ministérios, o
deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) resumiu numa frase ao que ficou
reduzido o presidencialismo de coalizão, tema de tantas teses: "A
presidente não precisa do tempo do PR, mas também não quer que nosso
tempo vá para outros candidatos".
Rudimentar assim. A Presidência entrega pastas a partidos e estes em
troca oficializam coligação para aumentar o tempo no horário eleitoral e
reduzir o dos adversários.
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