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sábado, 31 de janeiro de 2009

O leitor como saco de neurônios


Escrevo para jogar conversa fora, para falar do poder ideológico que se utiliza de pedaços, recortes para formar textos “informativos e formativos”. Estamos há séculos sob a dominação ideológica que nos leva a acreditar nas verdades estabelecidas, como afirma tão bem CHIAVENATO em As Lutas do Povo Brasileiro.

O poder das palavras que, articuladas com imagens, tentam nos explicar um mundo como se outra realidade não fosse possível construir. O poder ideológico tenta desqualificar a política, ambaralhando mitos com verdades, anestesia a sociedade diante dos problemas sociais e ambientais, criando assim o paradigma da normalidade. Tudo agora é normal, até os loucos, ou os “normais” é que são os loucos? Importante, então, entender, que vivemos a inversão das coisas. Para entender o mundo, precisamos virá-lo pelo avesso.
A informação, neste sentido, é como se fosse uma cocha de retalhos, pega-se uma frase ali, uma palavra acolá, uma meia verdade abortada, fruto de ejaculação precoce e assim vão tentando formar opiniões. Os coitados ainda não aceitam a verdade crua de que estão perdendo o poder da informação para as novas mídias. Tenho a impressão que os jornalistas, não todos, mas a maioria escreve para idiotas. Idiotas somos? Eles querem criar uma realidade para colocarmos dentro, como um big brother, mas só com homens e se possível trancar e jogar a chave fora.
A mídia junta palavras ou frases juntas para formar um texto. E o contexto, como é que fica? Fazendo-se de cegos e amestrados pelos patrões, os jornalistas tiram frases de contextos para formar textos que levam os leitores, menos informados, para entendimentos diferentes, ou apenas não informar nada, como afirma o autor professor Guilherme Lacerda, professor do CEFETCE : não podemos ler em plenitude um determinado texto apenas nos apropriando de pedaços, recortes dele. Isso fatalmente poderia nos levar a interpretações errôneas e, às vezes, até opostas àquilo que o autor se propôs.

Ainda nestas linhas de reflexão, ao contrário dos objetivos da coesão textual, devemos, enquanto leitores, fugir das articulações com o autor, ou aceitá-las de forma reflexiva.

Por fim, sem entrelaçamento e do abraço significativo e fatal entre palavras, da união entre o côncavo e o convexo, o texto não cumpre a tarefa primordial de sua existência de interação com o leitor. A coesão textual é a argamassa que conecta, interliga palavras, frases formando um todo semântico e de significados para o leitor que é o texto.

No entanto, o texto jornalístico quer se apoderar do leitor e tutelar o seu pensamento, como se este fosse um saco de neurônios subservientes.

O que é política?



                                                Foto: Folha de Vilhena
Antes de responder é preciso refletir e lembrar que este questionamento é bastante polêmico porque a palavra política está impregnada de coisas negativas como corrupção, negociatas e outras que aqui não cabem falar. 


Na verdade há uma confusão enorme sobre o que é política (cuidar do bem comum) e sobre o que é politicagem (troca de favores, nepotismo, apadrinhamento, compra de votos e tudo o que é praticado nos processos eleitorais deste país). 


Como diz um ex-governador e antigo coronel da política cearense: em política vale tudo, só não vale perder e parece este ser o modus operandi de uma parte dos políticos brasileiros. E o que seria política em sua essência, partindo do meu senso comum? 

Um país mal compreendido.

História da Educação no Brasil mostra que prática educativa que durante quase sua existência o Estado Brasileiro não preocupou com a educação de seu povo. Ainda temos muitos patrícios com “fome de cabeça” e a “fome de barriga” é em parte da “fome de cabeça”. Aliás, no Brasil, a “fome de cabeça” é a maior de todas as fomes. Por quê? Porque a educação tem a possibilidade de transformar pessoas e estas transformar e instaurar novos mundos. Na verdade o poder ideológico tem objetivos de manter o povo alienado diante dos problemas sociais de suas comunidades. O nordeste, por exemplo, a miséria sempre foi mais uma questão política e sociológica do que econômica. Fizeram todo o tipo de política governamental, menos para resolver o problema do povo nordestino. Criaram até um órgão para combater as secas com se elas não fossem um fenômeno natural de nosso semi-árido. Era preciso aprender a conviver com estes fenômenos naturais e perdemos décadas de políticas ineficazes e eleitoreiras. Era preciso deixar o povo acorrentado pela miséria da fome e da sede e muitas crianças não tiveram oportunidades de existirem. Povo por estas bandas entendia política com um prato de comida ou uma lata de água e eram colocados em currais eleitorais para votar nos coronéis da região. Agora vejo que chegou o momento dos brasileiros de se unirem em um sentimento de nação. Devemos perceber que há uma transformação silenciosa neste país, que infelizmente poucos podem perceber. Temos ainda muitos problemas que a política e os políticos não têm como resolverem, mas o povo com o sentimento de pertencer e construir uma grande nação através da participação política, tem esta possibiliade.
Sinto-me mal quando vejo um brasileiro falar mal de nosso país. Na realidade muitos estão replicando a força silenciosa do poder ideológico. Conclamo que não deixem que ninguém fale mal deste país. Ele precisa de melhor compreensão sociológica e política porque herdamos as estruturas oligárquicas do império português. Por fim, temos um país mal compreendido, fruto do poder ideológico.

Outra realidade é possível.

Pedrinho Guareschi, em Sociologia Crítica faz uma bela reflexão sobre definição ideológica de realidade. (p. 120)Nós sempre formos ensinados, desde que começamos a ouvir, a ver, que realidade é o que está aí, o que nós vemos, o que nós podemos apalpar, o que existe. Nós formamos uma idéia de realidade a partir do que está presente, a partir do que existe agora. Podemos, então perguntar: Mas realidade é isso? Realidade não é também o que será? O que é possível não faz parte também da realidade? Mas o que implica aceitar como verdade e realidade o que está aí, o positivo? Em poucas palavras, isso implica em fechar o caminho à transformação, à mudança; melhor, isso significa trancar a esperança.! Quando identificamos o verdadeiro e o real com o que está aí, automaticamente somos levados a pensar e aceitar o que o que está aí é o bom, é o melhor, deve continuar, deve ser assim sempre, não é bom que mude. Nós fechamos a janela ao futuro, ao possível. Perdemos o ímpeto da criação e da renovação do mundo, da sociedade, das coisas. .Comentário meu: esta parte do texto é muito forte e está relacionado ao paradigma da complexidade e o pensamento sistêmico das coisas. Na verdade, a crise deste século é a crise de percepção. A árvore é apenas uma árvore, como o poste é um poste na rua de uma cidade e o menino de rua é apenas um menino abandonado. Na administração, por incrível que pareça as empresas entram em processo de desorganização porque os administradores não conseguem perceber outra realidade. Estamos, de certa forma, presos aos nossos valores e a esta realidade. Vejo por exemplo com a espanto a esperança de colunistas e políticos na torcida para que EUROPA, EUA e Japão possam salvar este modelo da capitalismo que parece estar exaurido, como se não existisse a possibilidade de se criar outra realidade. Creio que outra realidade possível.

A extrema-unção do mercado pelo Estado


                                                                                     Joildo Santos

É sabido que o mundo passou e passa por grandes transformações econômicas, sociais, políticas e tecnológicas.

Aliás, as novas tecnologias têm mudado as formas de vida da sociedade moderna – criou-se o termo realidade virtual – para se explicar o modo de fazer negócios, realizar comunicações e transmitir informações.

Criou-se, através das tecnologias informação – a aldeia global. A China já não fica do outro lado do mundo, mas apenas a um clique. Aliás, tudo está apenas a um clique, seja no computador, seja num celular.

Vivemos mais transformações agora do que as ocorrido durante o século XIX com a revolução industrial e toda a historia da humanidade.

Naquele período a revolução industrial criou-se o produto de massa através da aceleração da produção e consolidou o modo de produção capitalista com o trabalhador assalariado, acentuando desta forma, a divisão social do trabalho e graves problemas sociais: jornada de trabalho estafante, salários aviltantes, condições de trabalho precárias e desumanas, onde os trabalhadores eram confinados em habitações também precárias.

A exploração do trabalho de crianças e mulheres era extremamente desumana. Neste contexto nasce a sociologia, com a missão de oferecer condições aos homens para entender a sociedade em que vivem de maneira racional e questionadora. As novas formas de perceber a educação colocam o ensino crítico na direção da sociologia crítica quando diz que é preciso desenvolver uma organização didática que possibilite ao jovem (cidadão em construção) a demistificação da realidade, ou seja, conhecer a realidade para modifica-la.

Paulo Freire fala de uma educação para intervenção no mundo, significa compreender o mundo, este mundo de desiguais e de oportunidades para poucos.

Neste contexto, quando se faz uma relação entre as transformações que ocorreram no século XIX, XX e que estão ocorrendo neste momento, primeira década do século XXI, percebe-se o mesmo modelo de exploração do homem, o mesmo sistema política capitalista, mas em processo de crise e o pensamento liberal hegemônico.

Nas indústrias, na linha de montagem ainda se percebe o modelo taylorista mecanicista aprofundado Tudo é orientado para a produtividade, fazer mais com menos e o homem é apenas peça deste modelo de produção de produção e de exploração do trabalho.

Para Pedrinho Guareschi é preciso construir uma sociologia crítica, não a sociologia do “esqueçam o que eu escrevi”, uma sociologia que possa desvelar as ideologias, o entendimento deste momento que nós estamos passando, é a crise de um modelo do capital especulativo, aonde vão se gastar bilhões de dólares para se salvar bancos, mas as pessoas que estão perdendo suas casas, seus empregos estão abandonadas a própria sorte.

O mundo gira, gira, mas as garras do modelo capitalista de produção estão afiadas em cima dos pobres. Serão os pobres que deverão pagar com a quebradeira dos ricos?

Onde está, então, a sociologia?

O Estado, antes renegado pelo liberalismo econômico e defensores do estado mínimo agora é chamado para pagar a conta. É então, a sociologia somente um instrumento provocador para desvelar a realidade?

O homem, então consciente desta realidade deve se organizar e lutar contra esta situação de coisas? Se não fizer, a sociologia terá cumprido com a sua missão?

E a sociologia de FHC para que serviu? Onde está a sociologia do grande brasileiro Florestan Fernandes?

O professor ingênuo, incapaz de compreender a realidade,"inocente das questões sociais e de seu papel de intervenção na sociedade" será mais acomodado e acomodável? Somos manipuláveis por que não percebemos a realidade?

Onde está a sociologia? Para salvar o capitalismo, as idéias de Keynes, como a intervenção do Estado na economia, estão de volta.

A palavra maldita como a estatização do sistema financeiro não é pronunciada em nenhum momento nos jornais.

O mercado era o Deus que iria salvar as pessoas do Estado. Como diz o Lula, quando o Mercado tem uma diarréia o Estado é chamado para salva-lo. Onde está o mercado? Respondo: recebendo a extrema-unção do Estado.


O Deus Mercado

“Parecia que eles eram infalíveis e nós éramos incompetentes. Está provado que Deus escreve certo por linhas tortas. A crise não é nossa. É deles. A crise não nasceu por causa do socialismo bolivariano do Hugo Chavez. Não nasceu das brigas do Evo Morales. A crise nasceu porque durante os anos 80 e 90, ao estabelecerem a lógica do consenso de Washington, eles venderam a lógica de que o Estado não prestava pra nada e que o ‘deus mercado’ ia desenvolver o país e fazer justiça social. Esse ´deus mercado´ quebrou por falta de controle, por causa da especulação. (...) Espero que o FMI diga ao querido Barack Obama como tem de consertar a economia. Diga à Alemanha como tem de resolver, ao Nicolas Sarkozy, ao Sílvio Berlusconi como vão cuidar das crises que eles criaram.”


Presidente Lula no FSM.
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