Robertson: Lava Jato se tornou perseguidora e mídia é cúmplice
Advogados fizeram conferência na Suíça sobre a perseguição a Lula e apresentaram pesquisa sobre a parcialidade da Globo – comprovada cientificamente – contra o ex-presidente
16/11/2016 14h06 - atualizado em 17/11/2016 11h28
Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizeram uma conferência, nesta quarta-feira (16), ao Clube Suíço de Imprensa, em Genebra. Advogados fizeram conferência na Suíça sobre a perseguição a Lula e apresentaram pesquisa sobre a parcialidade da Globo – comprovada cientificamente – contra o ex-presidente
16/11/2016 14h06 - atualizado em 17/11/2016 11h28
Para o australiano Geoffrey Robertson, um dos maiores especialistas mundiais em Direitos Humanos e representante de Lula na Comissão de Direitos Humanos da ONU, não há qualquer evidência de que o ex-presidente tenha recebido dinheiro ou favores durante o período em que esteve na Presidência ou depois que deixou o cargo.
O advogado ainda criticou a conduta do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato. Ele afirmou que “nenhum juiz em um país civilizado se comporta como Sérgio Moro, dessa maneira persecutória”.
“A Lava Jato se tornou perseguidora com a cumplicidade da mídia”, analisou.
“É bizarro que o juiz que investiga seja o mesmo que julga. Não se pode ter juízes enviesados”
Além disso, Roberston destacou Lula nunca se negou a colaborar com a Justiça e questionou os motivos pelos quais a Justiça brasileira viola a privacidade do ex-presidente.
“Por que ele está tendo sua privacidade violada? Conseguem imaginar um juiz em Berlim fazendo isso? (…) Imaginam um juiz europeu indo ao lançamento de um livro elogioso a ele, dando autógrafos?”, perguntou o advogado.
O especialista em Direitos Humanos também colocou em dúvida a eficiência das delações premiadas como feitas pela Lava Jato. “Pessoas ficam presas até que confessem crimes. Esse tipo de prova é questionável”.
Lula participou da coletiva em transmissão direta. O ex-presidente afirmou aos jornalistas europeus que seu governo ampliou a inteligência e a autonomia da Polícia Federal. Ele criticou, também, a relação entre parte da grande imprensa brasileira e o Judiciário. “Não se pode fazer um processo em que a manchete do jornal vale mais do que a verdade”, disse.
Para ele, o Brasil sofreu um novo golpe à democracia com o impeachment contra a presidenta eleita Dilma Rousseff. “Depois de 30 anos de democracia, este país sofreu um golpe”.
Clara perseguição
Na avaliação do advogado Cristiano Zanin Martins, “há uma clara perseguição política a Lula e ao projeto que ele representa”. “O objetivo é impedir que ele possa participar, eventualmente, das eleições de 2018, mesmo sem evidências que ele tenha cometido um crime”.
De acordo com ele, a perseguição viola pactos internacionais assinados pelo Brasil. Ele lembrou que o ex-presidente teve seu telefone e o de seus advogados interceptados, e as gravações divulgadas pela imprensa.
“Lula é atacado diariamente pela imprensa com base em informações e documentos fornecidos pela Lava Jato”
“A Lava Jato acusou Lula de obstrução de justiça durante vários meses. As próprias testemunhas de acusação desmentiram”, afirmou.
Perseguição da Globo
A defesa do ex-presidente Lula entregou ao juiz Sérgio Moro um estudo científico sobre a cobertura da imprensa brasileira, que comprova tecnicamente – e com números impressionantes – o massacre midiático contra o ex-presidente.
O estudo, apresentado durante a conferência nesta quarta, foi preparado pelo cientista político, sociólogo e mestre em Filosofia João Feres Júnior, vice-diretor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ) e coordenador do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP) – que produz o Manchetômetro, indicador das tendências políticas da mídia brasileira.
Os dados referentes ao Jornal Nacional da Rede Globo mostram que, entre o final de dezembro de 2015 e agosto de 2016, foram ao ar praticamente 13 horas de notícias negativas sobre o ex-presidente, apenas 4 horas de noticiário considerado neutro e nem 1 segundo de notícias com viés positivo.
A parcialidade do JN em relação a Lula fica evidente pelo fato de que metade de suas reportagens não contemplou o contraditório do ex-presidente, de sua assessoria ou de seus advogados.
Uma parte dos dados referentes ao Jornal Nacional foi apresentada nesta quarta (16) pela advogada Valeska Zanin Martins, na entrevista em Genebra, onde a defesa de Lula denuncia os abusos cometidos contra ele no Brasil. Leia os dados completos do estudo.
Assista à entrevista em Genebra:
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