Cresci ouvindo que éramos o país do futuro. Cresci na ditadura militar que "esse é o país que vai pra frente" e "Eu te amo meu Brasil". Lembro-me que na escola depois de cantar o Hino Nacional tínhamos que cantar estas "músicas". Na minha cabeça de criança esas "músicas" eram mais importantes que o Hino Nacional pela forma insistente de ser cantado na escola, nas rádios e na televisão.
Éramos uma família que vinha de comunidade rural. Tudo era estranho na cidade, os carros, as pessoas, as ruas e na escola tínhamos que cantar estas músicas todos os dias. E fomos crescendo neste ambiente sem saber os horrorres da ditatura. No entanto, com o passar dos tempos fomos descobrindo que éramos devedores porque tínhamos uma dívida que foi aprofundada pela crise do pétroleo no início dos anos setenta.
Eu era um aluno nota dez em história na escola, mas só comecei a conhecer o meu país na faculdade, onde tive contatos com mais leituras, colegas e professores que discutiam as coisas do Brasil. Um novo mundo se abriu aos meus olhos, era o próprio Brasil que explodia em minha mente que através das leituras de sociologia, filosofia e psicologia se tornava mais real com suas potencialidaes e principalmente pelos seus problemas.
Naquele momento parecia surgir em mim o educador que sou hoje. Não pensava que poderia ser um professor e mesmo um educador. Tudo era estranho, mas ao mesmo tempo instigador, desde as primeiras aulas no estágio, desde os primeiros seminários. De certa forma, fui me constituindo um ser mais consciente de meu país, do meu povo.
Vivi de certa forma - Coração de Estudante, que poderia estar em qualquer lugar ou dentro do peito e ou bem mais perto do que as pessoas poderiam pensar ou imaginar. Não poderia acreditar que a forma como o país era administrado por ditadores poderia podar os meus pensamentos.
O milagre econômico não trouxe melhoras de vida. O bolo infelzimente estava nas mãos de poucos privilegiados, e cada vez mais o país se individava, o povo mais pobre e a comida muito administrada na mesa.
Os anos oitenta trouxeram o processo de redemocratização, vi e acompanhei as dirétas já, era um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco, mas com muito sonhos ao terminar a faculdade em um momento de grandes transformações no mundo pela queda do muro de Berlim, pela queda do império soviético. Parecia que o século XX tinha virado poeira com estes acontecimentos históricos.
Parecia a mim que tínhamos entrado em um novo tempo, mas com a eleição de Collor as esperanças viraram pó. Aquele momento foi especial porque já atuava como educador em comunidades rurais e já era filiado ao partido dos trabalhadores. Foi uma luta bonita travada com ideais, sonhos e esperança de um país melhor e para fazer brilhar a nossa estrela e uma das banderias era o fora o FMI, e uma auditoria na dívida externa.
Eu não aceitava que um país como o nosso, com o seu potencial cultural, natural, com a força de eu povo, com as suas dimensães continentais pudesse dever tanto. Eu questionava: meu Deus, como podemos dever tanto, como a incompetência dos governos passados nos legou um futuro incerto e cheio misérias. Éramos apenas o país do futuro, não tínhamos presente porque vivíamos sobre a ditadura dos organismos internacionais com governos subservientes aos interesses estrangeiros, sendo o último representante, o boca de sovaco, conhecido popularmente por Neobobo FHC.
Esse foi o governo mais entreguista da história republicana. Não entregou uma parte do território brasileiro - Base de Alcântara - aos americanos porque os militares brasileiros se rebelaram, como também a oposição brasileira. Pergunto: se o Brasil tivesse aderido a ALCA, como estaríamos nesta crise? Por favor, não pense porque estaríamos arruinado neste momento.
O certo, agora é que temos presente, ainda temos muitos problemas, mas o mais importante agora é que encontramos o caminho para resolvê-los com melhor administração, com governos comprometidos com o seu povo, com escolas e universidades com qualidade de ensino, com políticas sociais de distribuição de renda tirando uma boa parte de nosso povo da miséria e da exclusao social. Somos agora um país do presente, tenho dito. Luís Moreira.
O povo brasileiro encontrou o seu caminho, veja o que diz o post de Conversa Afiada - De país do futuro, Brasil se tornou um país do presente.