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domingo, 24 de outubro de 2010

Nordestinos, Sim. Nordestinados, Não!

O poema abaixo de Patativa do Assaré é para que você, companheiro e companheira, que mora em outra região deste país,  compreenda melhor o povo brasileiro, principalmente desta parte da região. Aqui, por milhares de anos, implantou-se o paradigma do abandono e da eliminação. O Estado brasileiro não existia para milhares de sertanejos, abandonados à própria sorte a um "destino". 

Outra dia conversando com um pequeno comerciante ele me dizia, falando do Brasil de ontem e de hoje, com suas reflexões: está vendo este pessoal, dizendo e olhando para os seus clientes. Antes eles compravam rapadura, um punhado de farinha e feijão. 

Eu me perguntava: como é que essa gente consegue sustentar a família com este pouco que levam para as suas casas. E hoje meu filho, eu digo: este pessoal faz um feira completa, leva de tudo e tem agora até transporte. E eu penso que as coisas mudaram deste lado de cá, por isso eu afirmo: se a Princesa Isabel libertou os  escravos, Lula libertou os pobres. 

Portanto, companheiros e companheiras, vamos conhecer melhor este povo e perguntar por que a maioria vota em Dilma. 

Vamos entender os motivos que levam milhões de brasileiros aqui do Nordeste a querer a continuidade do governo Dilma, votando em Dilma para ser a primeira presidente do Brasil. 


Patativa do Assaré

Nunca diga nordestino 
Que Deus lhe deu um destino 
Causador do padecer 
Nunca diga que é o pecado 
Que lhe deixa fracassado 
Sem condições de viver 

Não guarde no pensamento 
Que estamos no sofrimento 
É pagando o que devemos 
A Providência Divina 
Não nos deu a triste sina 
De sofrer o que sofremos 

Deus, o Autor da Criação, 
Nos dotou com a Razão, 
Bem livres de preconceitos. 
Mas os ingratos da terra, 
Com opressão e com guerra, 
Negam os nossos direitos!

Não é Deus Quem nos castiga, 
Nem é a seca que obriga 
Sofrermos dura sentença! 
Não somos nordestinados 
Nós somos injustiçados 
Tratados com indiferença!

Sofremos, em nossa vida, 
Uma batalha renhida, 
Do irmão contra o irmão. 
Nós somos injustiçados, 
Nordestinos explorados, 
Mas nordestinados, não!

Há muita gente que chora, 
Vagando de estrada afora, 
Sem terra, sem lar, sem pão. 
Crianças esfarrapadas, 
Famintas, escaveiradas, 
Morrendo de inanição.

Sofre o neto, o filho e o pai.
Para onde o pobre vai, 
Sempre encontra o mesmo mal. 
Esta miséria campeia 
Desde a cidade à aldeia, 
Do Sertão à capital.

Aqueles pobres mendigos 
Vão à procura de abrigos, 
Cheios de necessidade. 
Nesta miséria tamanha, 
Se acabam na terra estranha, 
Sofrendo fome e saudade!

Mas não é o Pai Celeste 
Que faz sair do Nordeste 
Legiões de retirantes! 
Os grandes martírios seus 
Não é permissão de Deus: 
É culpa dos governantes! 

Já sabemos muito bem 
De onde nasce e de onde vem 
A raiz do grande mal: 
Vem da situação crítica, 
Desigualdade política 
Econômica e social 

Somente a fraternidade 
Nos traz a felicidade. 
Precisamos dar as mãos! 
Para que vaidade e orgulho 
Guerra, questão e barulho 
Dos irmãos contra os irmãos?

Jesus Cristo, o Salvador 
Pregou a paz e o amor 
Na santa doutrina sua. 
O direito do banqueiro 
É o direito do trapeiro 
Que apanha os trapos na rua!

Uma vez que o conformismo 
Faz crescer o egoísmo 
E a injustiça aumentar, 
Em favor do bem comum, 
É dever de cada um 
Pelos direitos lutar! 

Por isso vamos lutar, 
Nós vamos reivindicar 
O direito à liberdade, 
Procurando, em cada irmão, 
Justiça, paz e união, 
Amor e fraternidade!

Somente o amor é capaz 
E dentro de um país faz 
Um só povo bem unido! 
Um povo que gozará 
Porque assim já não há 
Opressor nem oprimido!

2 comentários:

Rejane Cavalcanti disse...

Excelente meu amigo. Grande Patativa do Assaré.
Grande o povo nordestino. Eu como nordestina, mesmo sendo de classe média, sei o que é ser nordestino, como você também sabe, porque apenas os que são sabem o que é saber-se grande, mas vítima constante de preconceitos. Parabéns pelo seu blog e vamos continuar na luta por um Brasil melhor, para que o Nordeste e todo o povo que sofreu e sofre nas mãos dos que não querem ver um Brasil grande, unido e homogênio nas condições sociais do seu povo como um todo, possa reencontrar a dignidade de ver os frutos de seu trabalho reconhecidos, com educação de ualidade para os seus filhos, com comida na mesa suficiente para alimentar a sua família e com tantas outras coisas a que todos tem direito.

olhosdosertao disse...

Olá Rejane, adorei também o seu comentário. Penso que temos muito o que aprender de Brasil, este país de uma grande diversidade cultural. Abraços.
Luis Moreira