Translate / Tradutor

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

MARIA DA CONCEIÇÃO TAVARES:Estamos destruindo as últimas forças motrizes do crescimento econômico e de intervenção inclusiva e igualitária no social

A infelicidade do Brasil é ter uma elite com pensamento atrasado, escravocrata e colonizada. PSDB, Globo, Judiciário, Forças Armadas são apenas instrumentos dessa elite bastarda e lesa-pátria que nega e entrega de mão beijada as estratégias de desenvolvimento e soberania do Brasil. 
Sinto que os brasileiros patriotas só tem um caminho: destruir através de pauladas esse sistema perverso e escravocrata. E guilhotinar toda a burgueisia e seus serviçais. 


Maria da Conceição Tavares
Vivemos sob a penumbra da mais grave crise da história do Brasil, uma crise econômica, social e política.
Enfrentamos um cenário que vai além da democracia interrompida.
A meu ver, trata-se de uma democracia subtraída pela simbiose de interesses de uma classe política degradada e de uma elite egocêntrica, sem qualquer compromisso com um projeto de reconstrução nacional – o que, inclusive, praticamente aniquila qualquer possibilidade de pactação.
Hoje, citar um político de envergadura com notória capacidade de pensar o país é um exercício exaustivo. 
 
O Congresso é tenebroso.
A maioria está lá sabe-se bem com que fins.
O elenco de governadores é igualmente terrível.
Não há um que se sobressaia.
E não vou nem citar o caso do Rio porque aí é covardia.
O “novo” na política, ou o que tem a petulância de se apresentar como tal, é João Doria, na verdade um representante da velha extrema direita.
A ditadura, a qual devemos repudiar, não era tão ordinária nesse sentido.
Não sofríamos com essa escassez de quadros que vemos hoje.
O mesmo se aplica a nossos dirigentes empresariais, terra da qual não se vê brotar uma liderança.
A velha burguesia nacional foi aniquilada.
Eu nunca vi uma elite tão ruim quanto esta aqui.
E no meio dessa barafunda ainda temos a Lava Jato, uma operação que começou com os melhores propósitos e se tornou uma ação autoritária, arbitrária, que atenta contra as justiças democráticas, para não citar o rastro de desemprego que deixou em importantes setores da economia.
É de infernizar a paciência que a Lava Jato tenha se tornado símbolo da moralização. Mas por quê?
Porque nada está funcionando. Ela é uma resposta à inação política.
Conseguiram transformar a democracia em uma esbórnia, em que ninguém é responsável por nada.
Não há lei ou preceitos do estado de direito que estejam salvaguardados.
O futuro foi criminalizado.
O resto do mundo não está nenhuma maravilha, a começar pelos Estados Unidos.
Convenhamos, não é qualquer país que é capaz de produzir um Trump. Eles capricharam.
Na Europa como um todo, a situação também é desoladora.
E a China, bem a China é sempre uma incógnita.
Mas, voltando ao nosso quintal, o centro medíocre se ampliou de uma maneira bárbara no Brasil.
Não há produção de pensamento contra a mediocridade, de lado algum, nem da direita, nem da esquerda.
Faltam causas, bandeiras, propósitos, falta até mesmo um slogan que cole a sociedade.
O mais impressionante é que não estamos falando de um processo longo, de uma ou duas décadas, mas, sim, de um quadro de rápida deterioração em um espaço razoavelmente curto de tempo.
Estou no Brasil desde 1954 e jamais vi tamanho estado de letargia.
Na ditadura, havia protesto. Hoje, mal se ouve um sussurro.
Por outro lado, também não se acham soluções pela economia, notadamente o setor produtivo.
A indústria brasileira “africanizou”, como há muito já previra o saudoso Arthur Candal.
Rendemo-nos à financeirização, sem qualquer resistência.
A ideia do Estado indutor do desenvolvimento foi finalmente ferida de morte pela religião de que o Estado mínimo nos levará a um estado de graça da economia.
Puro dogma.
Estamos destruindo as últimas forças motrizes do crescimento econômico e de intervenção inclusiva e igualitária no social.
MARIA DA CONCEIÇÃO TAVARES

Nenhum comentário: