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segunda-feira, 17 de abril de 2017

Entenda como Odebrecht ajudou Serra a enviar R$ 7.000.000,00 ao exterior.


Como a Odebrecht ajudou Serra a enviar misteriosos R$ 7 milhões ao exterior -  Luis Nassif
seg, 17/04/2017 - 11:30
Atualizado em 17/04/2017 - 11:39
Empresa recolheu o dinheiro em espécie com Paulo Preto e usou conta no exterior indicada por dono da Brasif, um amigo de Serra



Jornal GGN - A delação de Benedicto Junior, que tinha acesso ao chamado departamento de propinas da Odebrecht, revelou mais detalhes sobre como pessoas próximas a José Serra pediram ajuda ao grupo, então controlado por Marcelo Odebrecht, para remeter misteriosos 7 milhões de reais ao exterior.

BJ contou à Lava Jato que, em 2011, foi procurado por Paulo Preto, já ex-diretor da Dersa (ele foi exonerado quando José Serra deixou o governo paulista para disputar o Palácio do Planalto), que queria ajuda para remeter ao exterior os R$ 7 milhões.

Paulo Preto informou que a Odebrecht seria procurada por Jonas Barcellos, dono do grupo Brasif (o mesmo que ajudou FHC a custear a permanência de Mirian Dutra no exterior, disse a jornalista). O empresário, "dono de free shops em aeroportos, indicaria uma conta" à Odebrecht, para onde o dinheiro deveria ser enviado.

A amizade entre Serra e Barcellos foi objeto de nota assinada pelo jornalista Lu Lacerda em 2012, que reportou uma visita do tucano à loja de calcinhas da mulher de Barcellos.

Em 2016, o GGN também lembrou que "todas as lojas da Brasif [em aeroportos] eram concessões obtidas nos anos anteriores na Infraero - foram concessões públicas entregues de graça à empresa. E concessões únicas junto à Secretaria da Receita federal." Praticamente, não houve concorrência à Brasif, que lucrava vendendo produtos importados sem impostos e na locação de espaços para lojas, também em áreas isentas de tributação.

Segundo BJ, a Odebrecht não sabe da origem dos R$ 7 milhões que estavam em posse de Paulo Preto. O ex-diretor da Dersa havia dito ao delator que mantinha o montante em casa, "em espécie". BJ disse que achava que era verba "ilícita".

O delator ainda afirmou que o setor de Operações Estruturadas da Odebrecht cuidou do assunto. Ou seja, pegou os R$ 7 milhões de Paulo Preto e o devolveu em pagamento no exterior. Porém, ele não pôde dar garantia de que o dinheiro foi enviado para fora. Presume que sim, porque nem Paulo Preto nem Barcellos voltaram a procurá-lo.

BJ ainda disse que era importante manter contato com Barcellos porque a Odebrecht estava interessada na privatização de aeroportos.

AS PROPINAS DO GOVERNO SERRA

Além disso, revelou que enquanto Serra era governador de São Paulo, a Odebrecht recebeu pedidos de pagamento de propina pelas obras do Rodoanel e de caixa 2 para a campanha de Gilberto Kassab ao Paço paulistano, em 2008.

Nos anos de 2006 e 2007, houve pagamentos de propina em função das obras da linha 2 do Metrô e de projetos da Dersa.

Outro delator, Luiz Eduardo da Rocha Soares, disse à Lava Jato que em 2011 foi procurado por um "operador do PSDB" (o lobista José Amaro Pinto Ramos) para ajudar a justificar ao Ministério Público da Suíça os pagamentos feitos pela empreiteira à empresa do operador, a Circle Technical Company Inc, em Los Angeles.

O delator disse que Serra foi o "beneficiário final" de 753 mil euros da Odebrecht em 2006, pelas obras do Metrô. Em 2007, houve pagamento de mais 853 milhões de euros pelas obras do Rodoanel à mesma empresa nos EUA. O delator não informou se Serra também era o destinatário final desses recursos.

Na planilha da Odebrecht, Serra era o "vizinho", por morar perto do ex-presidente do grupo, Pedro Novis.

O "Vizinho" também teria recebido, em 2009, mais R$ 6,2 milhões da Odebrecht, pagos através da Offshore HTW Energy, por obras da Dersa na rodovia Governador Carvalho Pinto.

O delator ainda corroborou as informações de BJ sobre o pedido de Paulo Preto para remeter dinheiro ao exterior. Mas ao invés de R$ 7 milhões, segundo a delação de BJ, Luiz Eduardo da Rocha Soares fala em R$ 4 milhões.

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