Michel Temer fracassou na estreia, diz Le Monde
Michel Temer, em Brasília, no dia da posse do governo interino.
REUTERS/Paulo Whitaker
A edição matinal do Le Monde,
publicada no site do jornal, faz um balanço nesta segunda-feira (16) dos
primeiros passos do presidente interino Michel Temer. O respeitado
jornal francês considera que o novo governo não seduziu os brasileiros.
"Temer fracassou na estreia", escreve a correspondente em São Paulo,
Claire Gatinois.
Le Monde começa o texto
pela primeira nota oficial do novo ministro das Relações Exteriores,
José Serra, com um safanão nos governos de esquerda da América Latina
que denunciaram um susposto mal funcionamento das instituições
democráticas no Brasil.
A nota diplomática teve tom "firme e decidido", diz o Monde, mas na realidade o afastamento da presidente Dilma e o processo de impeachment no Senado suscitam preocupação
na região, destaca a jornalista. O presidente argentino, Mauricio
Macri, de centro-direita, também está com receio da instabilidade
política no Brasil, acrescenta. Macri foi o primeiro líder sul-americano
a reconhecer a legitimidade do governo interino.
"Nomeações deixam qualquer um perplexo"
As primeiras medidas anunciadas por Temer deixam qualquer um perplexo,
observa a jornalista: um ministério sem mulheres; a extinção da pasta
da Cultura, reduzida a uma secretaria de Estado; e sete ministros
citados em inquéritos judiciais, "sem dúvida o mais preocupante" .
"Antes de tomar posse, Temer tentou oferecer o posto de ministro da
Ciência a um criacionista", diz o texto, em referência ao presidente
nacional do PRB, o bispo licenciado da Igreja Universal Marcos Pereira,
depois substituído por Gilberto Kassab (PSD).
A historiadora Armelle Enders, recentemente entrevistada pela RFI, autora do livro "Nova História do Brasil", afirma ao Le Monde que,
se cada país decidisse afastar do poder nas democracias modernas
dirigentes incompetentes ou impopulares, sobrariam poucos políticos no
poder. Sobre a nova equipe, ela opina que o governo Temer carrega a
marca da continuidade e do conservadorismo. "Os ministros são raposas
velhas que participaram de todos os governos recentes, de Fernando
Henrique Cardoso a Dilma Rousseff, passando por Lula", resume Armelle
Enders.
Le Monde cita ainda a análise feita pelo New York Times, que julgou que o afastamento de Dilma foi ruim para o Brasil.
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