O surto dos jornalistas da Globo com o editorial do New York Times a favor de Dilma.
Um
editorial do New York Times desta sexta feira 13 de maio defende a
realização de novas eleições aqui e dá uma traulitada, mais uma de uma
boa série, no golpe.
O título, em tradução livre, é “Tornando pior a crise política no Brasil”.
Dilma está pagando um preço “desproporcionalmente alto” por má
conduta administrativa. Muitos de “seus mais ardentes detratores são
acusados de crimes mais graves” e políticos “que orquestram sua
deposição foram associados a um grande esquema de propina e outros
escândalos”.
A liderança dela é considerada “péssima” e “abaixo do esperado”. Mas
as pedaladas fiscais, usadas como base da acusação, foram “uma tática
que outros líderes brasileiros utilizaram no passado sem sofrer grande
escrutínio”.
A saída “é provável, já que 55 dos 81 senadores brasileiros votaram a
favor de seu afastamento”. Com isso, ficará mais fácil retomar a
política usual do pagamento de propinas.
Embora Dilma e seu partido tenham “se afundado nos últimos meses”, o
PT ainda conta com “um apoio considerável, particularmente entre os
milhões de brasileiros que saíram da pobreza nas últimas duas décadas”.
“Os senadores que saboreiam a saída de Dilma devem lembrar que a presidente foi eleita nas urnas duas vezes”, diz o texto.
É uma análise correta, sóbria e criteriosa do que é, ainda, o melhor
jornal do mundo. Mas que despertou a ira de jornalistas da Globo e do
Estadão. São os pitbulls da versão pseudo legalista, latindo a cada vez
que a história que tentam emplacar é desmoralizada na Europa e nos EUA.
Golpistas não gostam de ser chamados de golpistas. Canalhas não
gostam de ser chamados de canalhas. A falta de decoro e de noção desse
pessoal chegou a um ponto em que resolveram dar aulas de jornalismo ao
Times.
Jorge Pontual, correspondente da GloboNews que vem dando vexame há
semanas (o último foi numa comparação muito doida de Dilma com Hitler
que ele tentou, sem sucesso, corrigir), escreveu no Twitter que “New
York Times defende Dilma em editorial”.
A colega Lúcia Guimarães foi para cima numa espécie de surto psicótico.
“É de enfurecer a repetição descerebrada de que a fraude fiscal
equivale ao que FHC e Lula fizeram”, replicou. A ex-colega de Saia Justa
Monica Waldvogel pontuou que “a conclusão é doidona” (?!?).
A certa altura, Lúcia resolveu iluminar o pessoal do NYT questionando
em inglês o artigo. Se deu ao trabalho de colar um gráfico da Folha de
S.Paulo. Obviamente, foi ignorada.
Lúcia vive em Nova York. É uma ex-produtora do Manhattan Connection
que, após a morte de Paulo Francis, por uns tempos deu pitacos no fim do
programa. Escreve uma coluna que ninguém lê numa publicação cada vez
menos lida, o Estadão.
Mora no Twitter, onde é como um pato velho se sacudindo no meio de um
lago: só barulho. É fanática, autoritária e lelé a ponto de traduzir o
discurso de posse de Michel Temer.
Mais do que isso, é um símbolo do partidarismo escrachado da mídia
brasileira, que conta com gente como ela para tentar dar um verniz
institucional e democrático a um governo vagabundo e sem voto.
A narrativa do golpe está consolidada. Se você não é cínico,
estúpido, maluco ou de má fé, não consegue achar normal um sujeito como
Cunha presidindo um processo de impedimento e um Michel Temer no poder.
Tentar vender outro peixe malcheiroso tem gerado esses momentos de
pagação de mico.
Agora, é o tal negócio. O pessoal deve olhar para o João Roberto
Marinho respondendo matéria do Guardian na caixa de comentários e
pensar: bom, já que o patrão faz essa zona e mente aí numa boa, por que
não eu, é ou não é?
Por Kiko Nogueira
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