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domingo, 10 de agosto de 2014

A mediação pedagógica no processo de alfabetização.



A mediação pedagógica em Emília Ferreiro, Vygotsk, Freinet, Paulo Freire, Gardner no processo de alfabetização.
Fui coordenador de creches e no curso de pedagogia aprofundei estudos sobre psicologia da aprendizagem e na especialização aprofundei estudos, principalmente sobre Vygotsky, Freinet, Paulo Freire, Emília Ferreiro e as inteligências múltiplas de Gardner.
 
Entendo que o processo de alfabetização precisa ter uma linha de alfabetização libertadora, construindo o ser crítico, participante, consciente politicamente, formando o aluno leitor de mundo. Que o aluno tenha gosto pela leitura e escrita, contribuindo para o sucesso de todas as crianças, num processo de crescente desenvolvimento.
Nesse sentido, é preciso ter claro uma proposta pedagógica, referenciada aos autores citados acima, que atividades desafiadoras e contextualizadas, provocando mudanças significativas na educação, onde os alunos se sintam engajados em uma atividade prazerosa, significativa.
Logo é preciso desenvolver um ambiente de aprendizagem que estimule a interação entre criança-criança, a discussão, o trabalho em equipe para trocarem descobertas e experiências (Vygotsky).
Nessa caminhada, as contribuições de Piaget, Freinet, Vygotsky e Ferreiro são fundamentais para que professores caminhem juntos com suas crianças nas descobertas com a leitura e escrita. Para isso é fundamental que os professores, segundo Ferreiro, trabalhem com textos, antes mesmos da competência alfabética das crianças. O paradigma tradicional da soletração, letra, sílaba, palavra, texto, não é mais aconselhado pela sua contradição, pois para Ferreiro não existe letra sem texto e nem contexto para a criança. de leituras, produção de textos orais, estudo, pesquisa ou outras atividades.
Sintetizando, o que foi exposto acima, Ferreiro e sua colega de pesquisas, Ana Teberosky, consideram que as crianças constróem seus próprios conhecimentos no processo da leitura e escrita vivendo e passando por conflitos cognitivos continuamente elaborando e reelaborando, até chegar ao sistema alfabético. Enfatizam ainda, que as crianças aprendem ler e escrever porque trabalham cognitivamente com o que o meio lhes oferece.
Nessa visão construtivista, o aluno (criança) que escreve BETA e ler BOR – BO – LE – TA está dentro de uma lógica de formulação de hipóteses do nível silábico. Portanto é fundamental aos professores terem esses conhecimentos científicos, terem noções do construtivismo e de como atuar nas hipóteses das crianças.
Nesse sentido, uma atividade prática vivenciada por mim foi o trabalho com fichas de leituras na perspectiva de Zona de Desenvolvimento Proximal
As crianças foram divididas por sexo, formando o grupo das meninas e dos meninos, para que ele trabalhasse palavras relacionadas ao tema - tema: alimentos.
Apresentando as fichas para os meninos, pedimos para que eles lessem e assim procedíamos para as meninas e a cada resposta certa pedia palmas para eles.
Quando as crianças não conseguiam ler a ficha contendo a palavra, apresentávamos outra contendo além da palavra uma figura correspondente.Por exemplo: a palavra era beterraba, se a criança não conseguisse ler, apresentávamos outra ficha contendo a figura da beterraba. Esse recurso nos reportou a Vygotsky em sua teoria da ZDP, quando ele diz que o professor através de sua mediação pode soltar algumas pistas para que a criança chegue à resposta. Esta atividade, por meio de competição entre meninas e meninos para ver quem acertava mais, obteve uma boa participação e, no final com muita habilidade, cuidamos para que o placar de acertos fosse igual entre ambos os grupos para que todos saíssem vitoriosos, pois a finalidade principal era que todos conseguissem ler as palavras.
Em outra atividade, usando a figura do Zé Gotinha, fizemos vários questionamentos sobre a importância da vacina (as crianças falavam sobre suas experiências e construções sobre “vacina”.
Depois apresentamos um cartaz contendo uma figura de um médico vacinando crianças, o qual foi explorado, onde as crianças iam formando várias palavras relacionadas ao desenho que foram: vacina, doente, menino, menina, médico, amigo, ajudando, feliz. A partir daí com as crianças sentadas ao chão, elas formaram uma pequena estorinha e depois criaram o tema que foi o seguinte:  menina foi ao médico tomar vacina para não ficar doente. Ela levou o irmão. Os dois ficaram felizes e tiveram boa saúde.
Nessa atividade, observamos a boa participação das crianças, cada uma querendo colocar suas ideias na estorinha.
Em seguida, fizemos a exploração do dicionário, contendo em cada página as letras do alfabeto e um desenho correspondendo a letra. A letra a ser trabalhada naquele dia foi a letra g.
Para isso, perguntamos para aàs crianças quais as palavras que começavam com a letra g. Imediatamente elas começaram a dizer muitas palavras do seu contexto sócio-cultural que conheciam.
A partir daí, elas começaram a escrever as palavras no dicionário que iam formando como forma de melhorar a escrita e o próprio aumento dos vocabulários. No pequeno dicionário, por exemplo, correspondendo a letra G, havia um desenho de um gato, A partir deste desenho, as crianças criaram outras palavras começadas com a letra G.
Nessa atividade, podemos ver que a maior parte das palavras que elas estavam tentando escrever são conhecidas e significativas como: < font  Observamos que todas as crianças utilizavam letras de formas para escrever e que muitas estavam em níveis diferentes: umas no pré-silábico; outras, no silábico alfabeto e sabíamos, portanto, como atuar na ZDP para que as crianças avançassem na resolução dos problemas propostos.
Observações reflexivas destas atividades:
Observamos, ainda, que o processo da leitura e escrita é adquirido por um processo de auto-construção, no confronto e na interação da criança com seu meio. Isso nos remete e já foi citado em outros capítulos que cada criança tem sua história individual, um processo pessoal de auto-construção que altera, a cada momento, o caminho a ser trilhado.
Nesse linha de pensamento, procuramos atuar como mediando na ZDP entre a aprendizagem e os alunos, sobretudo concentrando nossa atenção sobre os que tinham maiores dificuldades de aprendizagem, fato que consideramos relevante, já que é necessário auxiliar o processo de construção da aprendizagem dos alunos. Isso nos reporta como se dá a aprendizagem que é o resultado de uma interação, onde estão implícitos elementos fundamentais, que são a construção dos significados pelas crianças, e a atuação do professor como mediador entre o conteúdo a aprender e o aluno.
Os conteúdos da alfabetização devem partir da realidade da criança, incorporando o saber que ela traz ao ingressar na escola, incluindo a família e a própria comunidade
Nesse aspecto, as atividades propostas de leitura e escrita devem estar articuladas com a realidade dos alunos, na medida em que as atividades desenvolvidas estavam no contexto das crianças como por exemplo o tema que foi trabalhado Saúde e Alimentação, sempre voltado para a realidade da criança, diferenciando os alimentos bons dos ruins e, no final, pedindo para que as crianças ensinassem para seus pais quais os alimentos que fazem bem a saúde.

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