Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), 04/12/2013 - Sr.
Presidente Inocêncio Oliveira, Sras. e Srs. Deputados, hoje à tarde, por
um período de praticamente 3 horas, este plenário recebeu uma Comissão
Geral para debater a questão da violência contra as mulheres. A
violência acontece fundamentalmente, como se diz na camiseta que várias
mulheres e alguns homens usam no nosso plenário, pelo machismo.
O machismo é construído culturalmente. É uma cultura que se instala no nosso País e em outros tantos a partir de diversas atitudes cotidianas que nós identificamos.
O machismo é construído culturalmente. É uma cultura que se instala no nosso País e em outros tantos a partir de diversas atitudes cotidianas que nós identificamos.
Hoje eu estava debatendo, como Líder que sou do meu partido, diga-se
de passagem, a única Líder mulher da Câmara dos Deputados, uma Câmara
com diversos partidos organizados e com baixíssima representação
feminina, Líder de um partido que será presidido por uma mulher, o único
partido que será presidido por uma mulher… Cito esses fatos não para
nos autoproclamar, mas para identificarmos a cultura machista que
persiste na política do nosso País, para que possamos ver como o fato
que irei relatar não é um fato isolado, mas um fato que perpassa por
toda a cultura do Congresso Nacional, para que a gente não valorize o
fato isolado que vivi, mas identifique os fatos cotidianos da cultura
política machista do nosso País.
Veja bem, Deputado Inocêncio Oliveira, estava na condição de Líder do
meu partido debatendo o noticiário brasileiro, aquilo que sai em todos
os jornais do nosso País há pelo menos 20 ou 30 dias, a corrupção e o
cartel no Estado de São Paulo, aquilo a que todos os brasileiros têm
assistido no Jornal Nacional, nos jornais de grande circulação. Há
formação de cartel? A empresa Siemens, da Suíça, todos estão conspirando
contra o PSDB ou há de fato corrupção, e corrupção pesada, no Estado de
São Paulo? Questionava eu os Parlamentares tucanos na Comissão de
Constituição e Justiça e de Cidadania, numa audiência com a presença do
Ministro da Justiça, quando sou surpreendida, após 15 anos de militância
e 10 anos de mandato parlamentar, por uma atitude extremamente machista
do Presidente do PSDB de São Paulo, que, insinuando coisas que não são
notícias requentadas ou não públicas da minha vida privada, diz que o
coração tem razões que a própria razão desconhece, ou seja, tentando
desqualificar acusações graves e políticas que fiz na condição de Líder
de um partido político com a minha vida privada, atitude machista e
leviana que não condiz com aqueles que tentam mudar a vida política e a
cultura machista deste País.
Presidente Inocêncio, eu não falo aqui porque me sinto ofendida,
aliás, me sinto ofendida como milhares de mulheres brasileiras que são
ofendidas cotidianamente por essa cultura machista, falo porque não
podemos tolerar mais que a Câmara dos Deputados, que o Congresso
Nacional conviva com essa cultura de quem não sabe debater política, de
quem não tem respostas para dar ao povo sobre o verdadeiro esquema de
corrupção, porque o Estado de São Paulo tem que responder ao povo, e,
por não ter respostas, vai pelo caminho fácil da violência do machismo
contra as mulheres, da violência subjetiva, das falas entre linhas.
Ora, como eu disse na Comissão de Constituição e Justiça, a minha
vida privada, embora não seja assunto público, não é promíscua como são
promíscuas as relações que estão sendo investigadas no Estado de São
Paulo.
A minha vida privada, como a minha vida pública, é honrada. Quem tem
explicações para dar sobre a vida pública são os governantes do Estado
de São Paulo. É disso que, como Líder do meu partido, cobro explicações,
sim, de quem preside o partido tucano, o Deputado Duarte Nogueira, que,
por não ter respostas para dar, vejam só, parte para a baixaria,
baixaria com a minha vida privada, porque não sabe o que dizer sobre a
situação do seu partido no Estado de São Paulo.
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