Pela primeira vez, Lula admite ser candidato
Sem mencionar denúncias de Marcos Valério sobre
seu envolvimento no mensalão, ex-presidente disse em Paris que espera
contar com o voto daqueles que um dia tiveram medo dele, mas que nunca
ganharam tanto dinheiro como em seu governo; a interlocutores, Lula tem
dito que 'não vai permitir que o STF escreva o último capítulo de sua
biografia'
247 - Em Paris, ex-presidente Lula admitiu, pela
primeira vez, ser candidato à Presidência da República. "Espero que, se
um dia eu voltar a ser candidato, eu tenha o voto deles que não tive
nas outras eleições. Todos tinham medo de mim.
Aqui tem empresários que
certamente não votaram em mim por medo. Hoje, olho com orgulho, porque
eles nunca ganharam tanto dinheiro, cresceram tanto e geraram tantos
empregos como no meu governo", disse o ex-presidente durante palestra no
fórum que eu instituto co-organizou, nesta quarta-feira. Declaração foi
feita um dia após vir à tona depoimento em que o empresário Marcos
Valério o acusa de envolvimento direto no mensalão.
Sem mencionar as denúncias feitas pelo empresário, Lula também fez
uma crítica à imprensa nesta quarta-feira. "Quando político é
denunciado, a cara dele sai noite e dia nos jornais. Vocês já viram
banqueiro nos jornais? São eles que pagam as publicidades da mídia",
disse o ex-presidente.
A interlocutores, ex-presidente tem dito a seguinte frase: "não vou
permitir que o STF escreva o último capítulo da minha biografia".
Leia reportagem do Instituto Lula sobre a palestra:
Instituto Lula
- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira
(12) em Paris que a crise internacional abre uma oportunidade para que
os governantes assumam responsabilidades e tomem decisões que há tempos
deveriam ser tomadas. "Essa crise está nos chamando para as grandes
decisões políticas que desaprendemos a tomar depois de um longo tempo de
bem-estar social", disse Lula. O ex-presidente destacou que a nova
geografia política do mundo deve ser respeitada e refletida nos
organismos multinacionais e questionou até mesmo a aceitação do dólar
como moeda padrão internacional. "É preciso dar mais representatividade e
democratizar mais a ONU para que possamos efetivamente nos valer dela".
O ex-presidente Lula e o ex-primeiro ministro francês Lionel Jospin
fizeram as falas de encerramento do “Fórum pelo progresso social. O
crescimento como saída para a crise”, organizado pelo Instituto Lula e
pela Fundação Jean-Jaurès, em Paris.
Em um discurso de improviso e bem-humorado, Lula levantou risos da
plateia em vários momentos e foi aplaudido dez vezes durante sua fala,
de cerca de uma hora e vinte minutos. Lula lembrou que no Brasil durante
muito tempo foi aceita a ideia de que era preciso primeiro deixar o
bolo crescer para depois dividi-lo. "Só que, no meu país, o bolo cresceu
várias vezes, algumas pessoas comeram, e outras continaram com fome.
Nós provamos que dividir o bolo era fazê-lo crescer. Era preciso
distribuir para crescer". O ex-presidente se disse orgulhoso por ver que
seu governo conseguiu provar que era possível aumentar salários e
recuperar a renda sem aumentar a inflação. "Não quero dar palpite para a
França ou para a Europa, quero mostrar o que fiz no Brasil".
O discurso do ex-presidente vai ao encontro dos debates abertos pelo
presidente francês François Hollande e pela presidenta Dilma Rousseff e
que envolveram intelectuais e políticos de diversos países. Durante as
mesas de debate, o tema da necessidade de uma nova governança
internacional, que dê espaço para os países em desenvolvimento e para
mais atores internacionais foi uma constante, assim como a chamada para a
defesa do emprego e o estímulo ao crescimento como medidas de superação
da crise internacional.
Lula lembrou, por exemplo, que saiu muito otimista da reunião do G20
em Londres, em 2010. "Foi a melhor reunião que o G20 já tinha feito".
Lula leu várias das decisões daquele encontro, que definiam exatamente a
necessidade de preservação do emprego e do crescimento como armas de
combate e crise e ainda previam a necessidade de regulamentação do
sistema financeiro e de reestruturação dos organismos decisórios
internacionais. "O problema do G20 não é falta de decisão. Mas, quando
os presidentes voltaram a seus países, nada foi feito", lamentou,
lembrando que as eleições nacionais e locais acabaram engessando muitos
governantes. "A única coisa que não está globalizada é a política que
continua subordinada às decisões eleitorais de cada país", completou.
Ao final de sua fala, Lula voltou a dizer que esta não é uma crise
causada pelos trabalhadores e que é injusto que eles paguem, com
desemprego e recessão, por ela. E elogiou Dilma e Hollande porque, no
lugar de escolher um encontro entre presidentes, aceitaram ampliar o
debate, nesta conferência organizada pelo Instituto Lula e pela Fundação
Jean-Jaurès. "Vamos ouvir todo mundo, não tem problema que tenha gente
mais radical, menos radical. Sabe por quê? Porque essa crise não é minha
nem sua, é da responsabilidade de gente que a gente nem conhece",
lembrando que nunca viu cara de banqueiro no jornal "porque são eles [os
banqueiros] que pagam as propagandas que saem lá"
Nenhum comentário:
Postar um comentário