Do Balaio do Kotscho
Em texto publicado aqui mesmo no Balaio no último dia 2 de novembro, eu já previa: "O alvo agora é Lula na guerra sem fim".
Não bastava condenar os dirigentes do PT acusados no processo do
mensalão. O objetivo maior era demolir a imagem do principal líder do
partido que completa dez anos no governo central agora em janeiro.
Os antigos donos do poder simplesmente não se conformam de ter perdido o controle do país depois de 500 anos de dominío.
Como não conseguiram recuperá-lo em sucessivas eleições, buscam agora
outros meios para impedir a reeleição da presidente Dilma Rousseff,
atingindo o seu principal eleitor, o ex-presidente Lula.
Para atingir este objetivo, tentam desde o início do governo Dilma
jogar um contra o outro, buscando desqualificar o PT e as forças sociais
que o levaram à vitória em 2002.
Até hoje não funcionou. Ainda ontem, durante visita oficial à França,
a presidente Dilma foi a primeira autoridade brasileira a sair em
defesa de Lula:
"É sabida a minha admiração, meu respeito e a minha amizade pelo
presidente Lula. Portanto, eu repudio todas as tentativas - e esta não
será a primeira vez - de tentar destituí-lo da imensa carga de respeito
que o povo brasileiro lhe tem".
A iniciativa do debate político no país para a discussão dos grandes
temas nacionais deixou de ser do Executivo e do Legislativo e hoje é
determinado por uma ação coordenada entre a mídia e as instituições
jurídico-policiais, que estabelecem a pauta do noticiário.
Na mesma terça-feira em que uma reportagem do "Estadão" vazou as
declarações feitas por Marcos Valério em depoimento à Procuradoria-Geral
da República, em setembro, envolvendo Lula no mensalão, o presidente do
Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ao ser indagado sobre a
necessidade da abertura de novas investigações, não pensou duas vezes:
"Creio que sim".
Foi o que bastou para que a concorrente "Folha" saísse com a manchete
garrafal: "Presidente do Supremo quer Lula investigado no mensalão".
Faltando ainda dois anos para as eleições presidenciais de 2014, só
posso atribuir esta ofensiva contra Lula agora ao desespero de setores
alijados do poder pelo PT que não conseguem encontrar um candidato
viável e confiável. Na falta de um candidato, procuram destruir o outro
lado.
Cada vez que sai uma nova pesquisa de opinião mostrando a força de
Dilma e Lula no eleitorado e a fragilidade dos candidatos da oposição,
parece aumentar o furor dos que não se conformam com as conquistas
sociais e econômicas dos últimos anos que garantem a alta popularidade
dos líderes petistas, apesar do bombardeio sofrido nos últimos meses.
Desta forma, antes mesmo do julgamento do mensalão terminar, vai
começar tudo de novo, quem sabe esticando o caso até as próximas
eleições presidenciais, enquanto repousam no Supremo Tribunal Federal
toneladas de processos antigos envolvendo outros políticos de outros
partidos.
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