Por Francisco A. de Sousa
Este texto me deu um arrepio pela constatação que a verdade molda um ser humano que consegue captura-la.
Internacional Gianni CartaGianni Carta12.12.2012 20:14‘A crise pode fazer aparecer algo de novo’, diz Lula25
Por Gianni Carta, de Paris
Luiz
Inácio Lula da Silva fez um de seus mais primorosos discursos hoje à
noite, quarta-feira 12, na Fundação Jean-Jaurès, em Paris, onde, em
parceria com o Instituto Lula, foi organizado o “Fórum pelo Progresso
Social: o Crescimento como Saída da Crise”.
O
presidente francês François Hollande e a presidenta Dilma Rousseff,
esta em sua primeira visita de Estado à França, abriram o fórum, mas foi
Lula quem fez o último discurso.
Humor não escasseou na fala do ex-presidente.
“É
a primeira vez que pessoas secundárias fazem o discurso final”, disse
Lula referindo-se ao discurso a anteceder o seu do ex-premier socialista
Lionel Jospin.
“Isso, na França, é muito ruim, porque somos pessoas sem mandato.”
A
plateia visivelmente apreciou o discurso sério de um exímio orador que
soube mesclar sua própria experiência com a crise econômica global.
Leia mais:
“Lula é o farol do movimento sindical e da política mundial”
Dilma e Hollande: Sintonia ma non troppo
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“Não
estou acostumado a ter medo. Durante toda minha vida vivi em crise. Sou
de um terra que se até 5 anos e idade você não morreu de fome é um
milagre”, disse Lula.
Os
risos começaram com as primeiras palavras do ex-presidente. “Não falo
francês, inglês e nem português”, explicou. Disse, então, que falaria
devagar para que as tradutoras entendessem o que ele diria.
Lula
caçoou, ainda, de sua falta de opção na vida. Um jornalista, por
exemplo, pode escolher sua profissão. Um metalúrgico não escolhe nada:
ele vira metalúrgico para sobreviver.
No
entanto, ao longo de mais de uma hora de discurso, ficou claro que o
metalúrgico pode ser muito mais sábio do que jornalistas não somente na
oratória, mas também na maneira de tratar seus colegas.
Em
2002, quando subia o Palácio do Planalto, após ser eleito no primeiro
mandato, Lula era criticado pelos “sociólogos” (especialmente por um
específico), e pelos “economistas”. “Eles sabem tudo”, disse Lula, não
sem sua costumeira ironia. Todos, na sua galgada ao Palácio do Planalto,
puxavam sua manga. “Não vai”, diziam.
“Eles
me diziam que o Brasil estava quebrado”, contou Lula para o deleite da
plateia parisiense. “Mas eu queria fazer algo de diferente. A primeira
coisa era que nos respeitássemos. Não somos uma republiqueta.”
Naquela
época, conta o ex-presidente, os líderes latino-americanos ficavam
presos em seus grotescos paradigmas. Quem, por exemplo, era o melhor
amigo de Bill Cintion?
Segundo
Lula, o Brasil dava as costas para a América Latina, e, de forma
ignorante, para a África, por acreditar que o Oceano Atlântico é uma
fronteira.
Em um momento, para efusão da plateia, Lula declarou: “É muito fácil cuidar dos pobres, e muito mais difícil cuidar dos ricos”.
Antes,
disse Lula: “O Brasil era um país capitalista sem capital”. O Bolsa
Família, está claro, foi um programa para fazer ingressar milhões de
brasileiros na classe média.
Lula
fez mais: investigou por que o pobre não tinha acesso ao crédito.
“Porque o pobre não oferecia garantias”, diz. Mas o ex-presidente acabou
por acertar que o crédito do trabalhador é seu salário. E, assim, 40
bilhões de dólares foram colocados nas mãos dos pobres, disse Lula.
Por
essa e outras, muitos empresários não votaram em Lula, nos seus dois
mandatos, diz o próprio. “Eles tem medo de mim.” E emenda: “Mas hoje
sabem que nunca ganharam tanto dinheiro – e nunca empregaram tanta
gente”.
O
ex-presidente disse que a crise pode abrir uma oportunidade para os
governantes assumirem responsabilidades e tomarem decisões importantes.
“Essa crise está nos chamando para as grandes decisões políticas que
desaprendemos a tomar depois de um longo tempo de bem-estar social”,
afirmou Lula.
Lula
chegou mesmo a questionar o dólar como moeda padrão internacional em
Paris. Ele indagou, por exemplo, por que um brasileiro tem de comprar um
colar boliviano em dólares.
O
ex-presidente arrancou aplausos quando disse que se a ONU pôde criar
Israel em 1948, por que não faz o mesmo para um verdadeiro Estado da
Palestina.
Por fim, ele criticou os banqueiros. “Vocês já viram banqueiros presos? Não?”
É simples: eles financiam a mídia.
Extraído do blog do Nassif
Extraído do blog do Nassif
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