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sábado, 24 de novembro de 2012

Liberdade de Imprensa não pode ser usada para práticas de crimes contra o Brasil e seu povo.

247 - Mais uma prova de corporativismo nos meios de comunicação. Em sua edição deste sábado, a Folha de S. Paulo revela que a Polícia Federal decidiu indiciar Andressa Mendonça, mulher de Carlos Cachoeira, por corrupção ativa. Ela teria tentado coagir o juiz Alderico Rocha dos Santos, ameaçando publicar um dossiê contra ele na revista Veja, pelas mãos de Policarpo Júnior que, segundo Andressa, seria "empregado" do seu marido.
Mais uma evidência, portanto, para que o diretor de Veja em Brasília seja indiciado por formação de quadrilha, como defende o relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG). 
Ao noticiar o caso, no entanto, a Folha omite que a coação tentada por Andressa só era possível porque ela contava com a possibilidade de divulgar seu dossiê na revista Veja. 
Leia aqui texto em que Andressa classifica Policarpo como "empregado" do seu marido e, abaixo, a reportagem da Folha, onde Veja não é citada:
24/11/2012 - 05h10
PF indicia mulher de Cachoeira sob acusação de chantagear juiz
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FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A GOIÂNIA
A Polícia Federal indiciou Andressa Mendonça, mulher de Carlinhos Cachoeira, sob acusação de corrupção ativa. É o primeiro envolvimento formal direto dela com o esquema Cachoeira.
A Folha teve acesso ao relatório do inquérito que investigou Andressa e ao despacho de indiciamento, que ocorreu em setembro.
De acordo com o documento, "o ato criminoso tinha como objetivo favorecer Carlos Augusto de Almeida Ramos mediante a sua soltura".
Trata-se do caso de suposta chantagem feita por Andressa sobre o juiz Alderico Rocha dos Santos, o responsável pela ação penal decorrente da Operação Monte Carlo, que prendeu Cachoeira em 29 de fevereiro.
Em 26 de julho, Andressa esteve no gabinete do juiz em Goiânia. Segundo o magistrado relatou à PF e ao Ministério Público Federal, a mulher de Cachoeira tentou constrangê-lo, na tentativa de conseguir a revogação da prisão preventiva do marido.
Segundo o relatório, Andressa anotou em um pedaço de papel o nome de pessoas que estariam com um suposto dossiê montado por Cachoeira com informações contra o juiz. O documento só não seria divulgado caso o magistrado determinasse a libertação do empresário.
TESTEMUNHA
Além de Alderico Santos, a PF ouviu uma funcionária da Justiça que presenciou o início da conversa entre os dois. A PF fez um exame da letra no papel entregue ao juiz e concluiu que não havia "sinais indicativos de que tais manuscritos questionados tenham sido produzidos por outro punho que não o de Andressa Alves Mendonça".
A PF diz que Andressa teve acesso a informações sobre o juiz Alderico que não estavam disponíveis em fontes de consulta aberta.
Para a polícia, "resta claro" que alguém repassou as informações a ela. Andressa visitou Cachoeira no presídio da Papuda, em Brasília, na véspera da audiência com o magistrado.
O Ministério Público solicitou à PF busca e apreensão na casa de Andressa, o que ocorreu em 30 de julho.
Foram apreendidos papéis e computadores. A polícia também obteve as imagens das câmeras de segurança de Andressa entrando no gabinete de Alderico.
O relatório e o despacho de indiciamento da PF foram enviados ao Ministério Público Federal, que poderá denunciar Andressa à Justiça.
Isso ainda não ocorreu, pois a Promotoria aguarda o fim das perícias feitas pela PF no computador dela.
Os peritos vasculham documentos que podem ter sido deletados com palavras chaves como dossiê.
ACUSAÇÃO
Segundo o relatório da PF, "no contexto das provas produzidas, os indícios apontam para uma conclusão segura e correta da veracidade dos fatos tais quais narrados pelo juiz federal Alderico Rocha dos Santos".
Andressa foi indiciada por corrupção ativa. Mesmo não tendo oferecido dinheiro ao juiz, a PF considerou que a "vantagem indevida" estava caracterizada pela proposta de não divulgar o suposto dossiê em troca da liberdade de Cachoeira.
"A vantagem não econômica pode surtir mais efeito às pretensões do responsável pela conduta do que se tivesse algum conteúdo patrimonial", diz o relatório policial.
OUTRO LADO
O advogado de Andressa, Ney Moura, diz que o indiciamento "é fruto de mera perseguição" contra sua cliente.
Segundo o advogado, se tivesse ocorrido algum crime, o juiz teria prendido Andressa em flagrante, o que não ocorreu.
"O próprio juiz Alderico, no ofício que mandou ao Ministério Público Federal, remetido à PF, e que deu causa ao indiciamento, informa que Andressa teria, tão somente, tentado constrangê-lo sem conseguir, porque as suas palavras não tinham idoneidade para intimidá-lo", disse o advogado. "Tanto que ele não se sentiu intimidado. Tanto isso é verdade que ele, juiz experimentado e experiente, renomado professor de Direito, não a prendeu em flagrante delito."
Para o advogado, o indiciamento foi feito para "criar mais um factóide", visando prejudicar Andressa.
O advogado disse que, "se agir com isenção, com seriedade, com atenção ao que relatado no ofício do juiz Alderico, e com respeito ao Código Penal, o Ministério Público deve pedir o arquivamento do inquérito".
Abaixo, reportagem do 247 sobre o vínculo entre Policarpo e Cachoeira:
Andressa: Policarpo é "empregado” de Cachoeira
Afirmação foi feita pela mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira ao juiz federal Alderico Rocha Santos; se deu durante tentativa de chantagem sobre ele, para que tirasse o marido da penitenciária da Papuda; Santos registrou ameaça à Justiça Federal, em julho, como mostra documento obtido com exclusividade por 247
247 – É muito mais surpreendente, perigosa e antiética a relação que une o contraventor Carlinhos Cachoeira e o jornalista Policarpo Júnior, editor-chefe e diretor da sucursal de Brasília da revista Veja, a julgar pela ameaça feita pela mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, ao juiz federal Alderico Rocha Santos.
Documento obtido com exclusividade por 247 contém o ofício à Justiça Federal de Goiás, datado de 26 de julho, assinado pelo juiz Rocha Santos, no qual ele relata como foi e quais foram os termos da ameaça recebida de Andressa. A iniciativa é tratada como "tentativa de intimidação". Ele lembrou, oficialmente, que só recebeu Andressa em seu gabinete, na 5ª Vara Federal, em Goiânia, após muita insitência da parte dela.
Com receio do que poderia ser a conversa, Rocha Santos pediu a presença, durante a audiência, da funcionária Kleine. "Após meia hora em que a referida senhora inistia para que este juiz revogasse a prisão preventiva do seu marido Carlos Augusto de Almeida Ramos, a mesma começou a fazer gestos para que fosse retirada do recindo da referida servidora".
Em sua narrativa à Justiça, Rocha Santos afirma que perguntou a Andressa porque ela queria ficar a sós com ele, obtendo como resposta, após nova insistência, que teria assuntos íntimos a relatar, concernentes às visitas feitas a Cachoeira, por ela, na penitenciária da Papuda. Neste momento, o juiz aceitou pedir a Kleine para sair.
"Ato incontinenti à saída da servidora, a sra. Andressa falou que seu marido Carlos Augusto tem como empregado o jornalista Policarpo Jr., vinculado à revista Veja, e que este teria montado um dossiê contra a minha pessoa".
A importância do depoimento oficial obtido com exclusividade por 247 é fácil de perceber. Nunca antes alguém tão próximo a Cachoeira, como é o caso de sua  mulher Andressa, havia usado a expressão "empregado" para definir o padrão de relação entre eles. Após essa definição, Andressa disse que Policarpo tinha pronto um dossiê capaz de, no mínimo, constranger o juiz Rocha Santos, a partir de denúncias contra amigos dele. O magistrado respondeu que nada temia, e não iria conceder, em razão da pressão, a liberdade solicitada a Cachoeira. O caso rendeu a prisão de Andressa, que precisou pagar R$ 100 mil de fiança para não enfrentar a cadeia por longo tempo. A fiança foi paga em dinheiro. O juiz, ao denunciar a "tentativa de constrangimento", fez a sua parte. Cachoeira continua atrás das grades, na Papuda. Policarpo Jr. permanece com a sua reputação em jogo. Um dos grampos da Polícia Federal revelou que ele pediu a Cachoeira para realizar um grampo ilegal sobre o deputado federal Jovair Arantes – e conseguiu o que queria.
Confira documento na íntegra:

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