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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Globo será punida por crime eleitoral?

 
Por Altamiro Borges

O Movimento dos Sem Mídia (MSM), liderado pelo blogueiro Eduardo Guimarães, ingressou hoje à tarde com uma representação na Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) contra a TV Globo. O motivo da ação foi a descarada edição do Jornal Nacional de quarta-feira (24), que usou longos 18 minutos para fazer escarcéu com o julgamento do chamado “mensalão do PT”. O MSM argumenta que a emissora cometeu “crime eleitoral” visando interferir nos resultados do pleito de domingo próximo.

Outra representação também poderia ser protocolada pelo combativo Eduardo Guimarães contra a mesma TV Globo por ela omitir os resultados das últimas pesquisas sobre as eleições para a prefeitura paulistana. O Jornal Nacional simplesmente não divulgou as duas mais recentes sondagens do Ibope, contratadas pela própria emissora, que apontam folgada vantagem de Fernando Haddad – 49% das intenções de voto contra 36% do tucano José Serra. A escancarada omissão caracterizaria outro “crime eleitoral”.

Kamel e João Roberto Marinho

Segundo o sítio Brasil 247, a decisão de esconder os resultados das pesquisas partiu diretamente de Ali Kamel, diretor da Central Globo de Jornalismo, e de João Roberto Marinho, um dos três filhos do falecido chefão do império midiático. “Na quarta-feira, 24, ao saber que pesquisa encomendada pela própria Rede Globo ao Ibope havia apontado larga dianteira de Fernando Haddad sobre José Serra, Kamel correu para a sala de João Roberto Marinho e, ainda mais rápido, ordenou que nenhum dos telejornais da casa noticiaria o fato. Os números, afinal, estavam em desacordo com os interesses do patrão".

As duas manobras grosseiras da poderosa emissora – realce para o julgamento do “mensalão petista” e omissão dos resultados das pesquisas eleitorais - deveriam servir de alerta para o governo federal. Até hoje a presidenta Dilma Rousseff vacila em apresentar para debate na sociedade uma proposta de novo marco regulatório para a comunicação. As emissoras de rádio e tevê exploram concessões publicas e, na maioria dos países do planeta, elas são reguladas por leis para evitar deformações. No Brasil, elas fazem o que querem!

"Masoquismo midiático" do governo 

A representação do MSM questiona a própria outorga da TV Globo. Nada mais justo. Afinal, ela teria cometido mais um dos tantos crimes que já patrocinou em sua longa história golpista – contra Leonel Brizola, contra a campanha das Diretas-Já, contra o ex-presidente Lula, contra os movimentos sociais e contra tudo o que há de progressista no país. Mas, apesar de representar um risco para a democracia, o governo não toma qualquer atitude. Pelo contrário, Dilma continua alimentando cobras!

Como afirma o deputado petista Fernando Ferro, o governo padece de uma espécie de “masoquismo midiático”. Ele apanha e continua bancando milhões de reais em publicidade oficial. “Dos R$ 161 milhões repassados às emissoras de rádios, TV, jornais, revistas e sites, desde o início do governo Dilma, R$ 50 milhões foram destinados apenas para a TV Globo, quase um terço de toda a verba publicitária – ao todo,  o Sistema Globo de Comunicações recebeu R$ 55 milhões”. E ele conclui de forma corajosa:

“Em outros termos, pagamos uma mídia para nos atacar, nos destruir e se organizar em quadrilhas, como no caso da dobradinha Veja/Cachoeira. Isto não é justo. Não é correto. Precisamos rever a distribuição de verbas publicitárias, que hoje se constituem num verdadeiro acinte à democracia. Não se trata apenas de regular os meios de comunicação, devemos promover uma justa redistribuição das verbas publicitárias... Ou tomamos gosto por rituais de sadomasoquismo midiático ou praticamos a gentileza dos submissos”

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